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Até onde a crise pode nos levar?

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Fernando Pessoa resumiu uma coletânea de textos em um livro, que certamente muito diz da alma humana e das questões místicas que nos são transcendentais. Cunhou uma frase para dar título ao livro que se espalhou, embalada tanto no prestigio do autor como na profundidade do conteúdo, tornando-se mundialmente conhecida.

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O Dr Ulysses Guimarães fazia uso constante  dessa frase famosa, que acabou se tornando um dos bordões da campanha histórica que levou o Brasil às ruas em defesa das eleições diretas, onde a palavra de ordem era Diretas Já! uma cruzada cívica que mobilizou a nação em defesa do processo de redemocratização, que poria  fim a ditadura militar, no ano de 1985.

O movimento sensibilizou a nação, espalhando-se igualmente a um rastilho de pólvora, culminando com a instalação da assembleia nacional constituinte, que tinha por  missão delegada pelo povo,  elaborar uma nova carta constitucional que  foi promulgada em 1988.

Sempre que premido pelas dificuldades inerentes ao fim de uma ditadura de 20 anos e quando acossado nos momentos difíceis, o Dr. Ulysses repetia com ênfase essa frase de muito efeito  e de profundo significado, que acabou se tornando um mantra para nortear as nossas idiossincrasias.

Um simples olhar mais atento sobre a gestão da economia brasileira nos dias atuais, permite perceber claramente que a partir do golpe parlamentar de 2016 ela vem em declínio permanente. A causa maior desse debacle é a aplicação de uma política macro econômica fora de moda, que privilegia os grupos econômicos e compromete a geração de emprego e renda, que vai nos fazendo perder competitividade no mercado externo e paralelamente matando o mercado interno.

Sabemos muito bem que esse processo ganhou celeridade  a partir de 2016 e o golpe mortal foi desferido pelo atual governo de Jair Bolsonaro e pelo que dizem  sob inspiração vinda de fora do país. O golpe parlamentar teve orientação externa e como operador, pasmem, o Juiz Federal Sergio Moro, numa articulação de sintonia fina com o Promotor Federal Deltan Dallagnol, sob o olhar complacente dos outros dois poderes da república: o Legislativo e o Judiciário.
O golpe parlamentar que já vinha sendo arquitetado desde abril de 2013 terminou acontecendo com um duplo objetivo.

Primeiro promoveram  a derrubada de uma Presidenta legitimamente eleita, sem nenhuma prova documental grave, a não ser as inocentes pedaladas fiscais que eram simples adiantamento compensáveis e, diante de que vem fazendo Jair Bolsonaro é uma brincadeira infantil, frente às   motoquiatas fiscais que ele tem feito uso.
Na ânsia de fazer o serviço completo, lançaram uma série de acusações sobre vários integrantes do governo, que foram exaustivamente  repercutidas pela imprensa venal e as milícias digitais. O que eles  pretendiam de fato era alcançar o pré candidato oposicionista que exibia uma  grande aceitação popular que o credenciava a  vencer com ampla vantagem  as eleições presidenciais  de 2018.

Como forma de conseguir apoio da opinião pública, conseguiram prender e tornar inelegível o presidente Lula afastando-o do pleito. A farsa montada, sem nenhuma prova documental favoreceu sobremaneira a eleição para à presidência da república, de um político desconhecido, inexpressivo e sub-medíocre.

Como prêmio pessoal o autor da farsa, juiz Sergio Moro, negociou previamente com o então candidato Bolsonaro, a sua futura indicação para o Ministério da Justiça, que seria usada  como trampolim para uma nomeação futura  como ministro do Supremo Tribunal Federal-STF, na primeira vacância que houvesse  após a posse.

Fechado o acordo, foi montado todo aparato institucional de suporte às ações do novo governo,  ou seja, do governo que acabara de ser eleito através  dessa  sórdida  manobra.

Uma vez empossado era hora de entrar na raia,  o cortejo de operadores do novo figurino econômico, concebido nos corredores da CIA e do Banco Mundial, tendo um banqueiro como representante com poderes suficientes  para pavimentar a pista dupla em que iriam trafegar os grupos econômicos e financeiros em direção  aos ativos nacionais.

Paulo Guedes seria o estafeta desses grupos e o responsável  direto pelo desmonte da economia interna do país. Afastaria através do congresso, todos os empecilhos legais para assegurar garantias jurídicas para o livre transito do grande capital internacional em detrimento da classe trabalhadora. Vejam no vídeo abaixo o “amor” dele pelo trabalhador brasileiro!


De todos os tumultos provocados na economia, o mais impactante deles é, sem sombra de dúvidas o cataclismo  provocado no mundo do trabalho, para consolidar o plano maquiavélico de dominação da nossa soberania.

Desregulamentações da legislação, reforma da estrutura do estado, privatizações, esvaziamento da Petrobrás, desindustrialização etc, foram e ainda são uma tônica nesse governo.

São ações de lesa pátria que não poupam sequer a água nossa de cada dia, um recurso natural insubstituível, transformada em mercadoria pela Lei 14026/2020. Uma mercadoria à qual somente poderá ter acesso  quem tem dinheiro, da mesma forma como vem ocorrendo com a gasolina ou o gás de cozinha.

Estamos diante de uma situação desafiadora que nos faz perceber  que  somente  as vítimas desse modelo que são os trabalhadores e, o que temos  fazer é lutar com as armas que nos são possíveis, para fazer a recuperação de todo esse prejuízo. isso somente  será possível com o nosso engajamento e  a nossa participação decisiva  nas eleições desse ano de 2022 que acontecerão em  outubro próximo.

Portanto mais do que nunca, navegar é preciso! pois pelo julgamento dos agentes da exploração viver não é preciso!   apreciemos os fatos:

O Boletim de Conjuntura n° 32, uma publicação do Dieese,  abarca uma amostragem feita no período de fevereiro a março de 2022  exibindo  uma manchete nada animadora, onde está escrito:

“TENSAO GEOPOLITICA GLOBAL PESA SOBRE A JÁ DIFÍCIL CONJUNTURA BRASILEIRA”

Há um trecho do Boletim, publicado com a credibilidade inquestionável do DIEESE junto à opinião pública, onde são relacionadas algumas iniciativas lesivas do atual governo brasileiro.
Dá para perceber a magnitude do esforço que o novo governo eleito em outubro próximo terá de  fazer para promover a retomada do desenvolvimento, com o olhar voltado para os interesses da nação e não para o benefício incondicional dos grupos econômicos e financeiros.

“A venda de estatais a preços irrisórios, a desnacionalização da economia, a destruição do mercado consumidor interno com o aumento do desemprego e da miséria, (grifo nosso), a erosão dos direitos trabalhistas, ou seja, essa política neoliberal fora de moda do governo Bolsonaro e de seu ministro Paulo Guedes, está levando o país a um verdadeiro “beco sem saída”.

Enquanto isso torna intocáveis os privilégios ao grande capital. Segundo estudo realizado pela Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal no Brasil), divulgado no inicio do ano passado, a estimativa é que o governo federal tenha concedido R$ 456,6 bilhões em benefícios tributários às grandes empresas, em 2021.
Essa cifra estratosférica exclui a isenção da taxação de lucros (R$ 58,9 bilhões), a não implantação do imposto sobre grandes fortunas (R$ 58 bilhões) e a renúncia fiscal através do Refis (R$ 22 bilhões).

Paralelamente o governo vem insistindo na modificação gradual das relações de trabalho, subtraindo direitos e cortando salários e empregos dos servidores públicos.”
A venda das estatais; a alegada necessidade de diminuição do tamanho do estado; a desindustrialização gradual e crescente, como ocorreu com o processo de liquidação da indústria naval e da construção civil, essa última embutida na farsa da Lava Jato, uma ação orquestrada por Sérgio Moro e voltada diretamente para a Petrobras, que implicou inclusive no desmantelamento total da  maior empresa brasileira.. Era tudo quanto queria o imperialismo, atendendo ao sonho acalentado desde a época do governo nacionalista do presidente Getúlio Vargas.

O governo do  “o paladino da justiça,’  Jair Bolsonaro, aplicou o raciocínio contido na frase muitas vezes repetida pelo jornalista Joelmir Betting, (in memoriam) para cumprir de forma apressada  a missão para a qual foi eleito:

“Atacar a inflação a golpe de recessão é como matar a vaca para acabar com o carrapato.”
Esses são  os ingredientes maiores da crise que vivemos e neles reside a causa maior da nossa desindustrialização e do desemprego que não para de crescer, gerando a fome e a miséria que se abate sobre o nosso povo.

O Brasil tem atualmente 14,5% da sua força de trabalho, desempregada, tem 21% no subemprego ou melhor, em trabalhos incertos, o chamado bico ou biscate, além de 41% na economia informal.

A política econômica do atual governo, vem agradando aos grupos econômicos e financeiros, os quais têm trânsito livre no congresso onde conseguem aprovação quase unanime dos seus projetos.

Enquanto que para o projeto da classe dominante a política de governo é conveniente e muito generosa, acontece exatamente o contrário quanto aos interesses da classe trabalhadora, para os quais tem sido um verdadeiro desastre.

No cenário atual não temos nenhuma perspectiva de retomada de crescimento da nossa economia à vista, que nos permita a geração de emprego e renda, sobretudo com uma nova taxa de juros anunciada de 11,75%, totalmente impeditiva do acesso creditício.

O governo tem se limitado a vender ativos para pagar despesas correntes, como aquele cidadão que se endivida e a solução equivocada e mais fácil que encontra é a venda dos ativos da sua casa: a sala, o liquidificador, a batedeira, o forno micro-ondas, a geladeira, mesas e cadeiras e até a cama. O último ativo a ser vendido será a própria casa para morar debaixo da ponte.

Esperar que o capital privado faça investimento em infraestrutura com retorno de longo prazo é acreditar em fadas e duendes, pois isso nunca aconteceu em nenhum lugar do mundo.

John Maynard Keynes que era um economista liberal ortodoxo, recomendou como única saída para a grave crise do capitalismo em 1929, um pesado investimento por parte do estado, para tirar a economia do buraco em que se encontrava e recuperar, como de fato aconteceu, a economia dos Estados Unidos que naquele ano viveu a maior crise da sua história.

Há até a história de que ele houvera recebido uma queixa de um dos gestores do estado, reclamando do excesso de pessoas  contratadas pelo  o programa que ele propusera ao governo dos USA,  ao que ele teria respondido: “mande-os escavar um buraco pela manha e enterra-lo à tarde.”

A Decisão Política e Econômica em 1929

Ainda há algumas pessoas que ao ouvir falar em Keynes, torce o rosto e o trata como comunista. Isso para nós não é mais loucura e sim diarreia mental.

Ora, a atitude heterodoxa de Keynes que teve como único propósito salvar o capitalismo  não era voltada para a  classe trabalhadora, que  seria indiretamente aliviada, é verdade, porém  continuaria a ser explorada para transformar os Estados Unidos na maior potência mundial em que se transformou depois da II guerra mundial. O establishment perdeu alguns anéis, mas ficou com a posse de todos os dedos da mão.

Os índices atuais  de desemprego, mais o subemprego, mais o trabalho informal juntos, representa um total 76,0% da população brasileira. Desse contingente, 40,0% está abaixo da linha da pobreza e 21,0% está na miséria absoluta, ou seja, passando fome.

Esses números são coerentes com a radiografia mostrada na pirâmide social a seguir, e confirmam o paradoxo de  ser o Brasil um país rico com uma população pobre e miserável.

“Quem tiver olhos para ver” como refere o texto bíblico, basta olhar a correria dos que trabalham por aplicativos diversos, um trabalho desumano em que arriscam a própria vida para ganhar o equivalente ao salário mínimo.

Não têm nenhuma proteção social e se por infortúnio se acidentarem, não terão como se tratar ou alimentar a si e à própria família.

Temos observado um grande estímulo oficial à montagem do próprio negócio  para aqueles que compõem a parte superior média da pirâmide, entre 40% e 76% da população e pertencem à classe média baixa.

É verdade que existem  algumas experiências que deram certo por motivos diversos e que

até transformaram  o felizardo num novo rico. Outras experiências mais modestas podem até permitir  uma certa melhoria de vida. Todavia não pode nem deve ser usadas como uma política pública, haja vista a grande maioria ter fracassado na tentativa e isso se deve também a fatores subjetivos diversos. Basta olhar a mortalidade infantil das empresas instaladas nos centros comerciais, onde muitas morrem no primeiro ano de vida.
Preferimos nos ater aos preceitos da economia para lembrar a todos que com uma taxa de juros de 11,75%, uma das maiores praticadas no mundo, é desestimulante à classe média alta e inacessível ao restante.

A pergunta que não quer calar é se essa situação ainda é reversível, ao que  nós afirmamos peremptoriamente que sim. Basta olhar para a figura abaixo  que representa o orçamento da união  executado em 2021, ou melhor, aquilo que foi gasto durante todo ano passado. Iremos constatar  os valores absurdos que foram pagos somente de juros do serviço da nossa dívida, alcançaram o índice de 53% do nosso orçamento.  Na mesma figura veremos com  tristeza que o investimento  em educação foi de 2,69% e em saúde de 2,85%, isso  para não falar em todo restante, inclusive ciência e tecnologia. É o Brasil exportando capital, tal qual um leucêmico doando sangue.

A pirâmide da execução orçamentária de 2022 somente será mostrada no início do próximo ano e esperamos que já  com o  outro governo as informações voltem a fluir com mais transparência do que agora, em que temos tido dificuldade de coletar dados mais atualizados.
Mesmo assim será possível mostrar os números do orçamento aprovado para 2022, o que faremos na figura seguinte, onde o percentual referente ao serviço da dívida  estará aumentado. É um crescimento anual que se transformou numa bola de neve!
Para ativar a economia e faze-la crescer, a solução é muito simples. Primeiro parar com a velha e esfarrapada desculpa  de que falta  recursos para tudo porque  é uma afirmação falaciosa.  Basta reduzir o pagamento do serviço da divida a nível de  30%  e seguir o receituário de John Maynard Keynes, trazendo   de volta o estado para a economia. Mas  essa será uma tarefa para o próximo presidente. Alea Jacta Est! (a sorte está lançada) e só depende de nós, povo.

 

 

Consulta:https://www.bing.com/search?q=Agencia+senado&qs;John Maynard Keynes.www.suno.com.br/artigos/teoria-geral-emprego-juro-moeda;
https://www.redebrasilatual.com.br/politica;

Fotografias: Juros: Brasil foi o país que mais elevou a taxa em 2021 | Reconhttps:/sta Aí (recontaai.com.br);
https://www.bing.com/search?q=Agencia+senado&qs;
https://www.bing.com/images/search?q=+graficos+dxecuçao orçamentaria de2021;
https://www.bing.com/images/search;
https://www.imaginie.com.br/temas/tema-de-redacao-enem-pobreza-em-evidencia-no-brasil;
https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/01/comicio-da-se-em-1984-deu-a-largada-para-a-campanha-das-diretas-que-nao-viriam
A terceira fase do golpe de 2016 – Rede Brasil Atual;
Casos de Privatização no Brasil | Economia – Cultura Mix

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