fbpx
30.1 C
João Pessoa
InícioJoão Vicente MachadoRecessão mais inflação tem nome: ESTAGFLAÇÃO

Recessão mais inflação tem nome: ESTAGFLAÇÃO

- PUBLICIDADE -

É muito comum surgirem nessa época do ano os prognósticos para o ano que se aproxima, feitos sempre por duas vertentes de pensamentos.

- Publicidade -

A primeira vertente faz prognósticos abstratos, com base nas chamadas ciências ocultas, que têm um viés de paranormalidade. Congrega um batalhão de videntes, cartomantes, quiromantes, pais de santo, profetas entre outros, os quais fazem prognósticos que por vezes acontecem e por outras não.

A segunda vertente é a vertente cientifica que baseia seus prognósticos nos ensinamentos das ciências econômicas, geralmente obedecendo ao pensamento de duas escolas econômicas distintas: o liberalismo econômico de Adam Smith e o materialismo dialético de Karl Max. Como na primeira vertente, o resultado também poderá acontecer ou não.

A primeira escola da vertente cientifica é composta por representantes e defensores da economia ortodoxa. Essa escola professa uma ideologia conservadora, inspirada na teoria econômica liberal de Adam Smith e David Ricardo, os chamados economistas clássicos, que para eles, a produção é ditada pela “mão invisível” do mercado. Como intelectuais orgânicos do establishment, além de oferecerem o suporte teórico eles são fervorosos defensores da tese conservadora, funcionando também como seus avalistas e arautos.

Os economistas heterodoxos pertencem à segunda escola e a ideologia do grupo tem amparo na teoria econômica proposta por Karl Marx e Friedrich Engels, com base no materialismo dialético.

Os heterodoxos, cujo exemplo brasileiro mais evidente é Celso Furtado, defendem o modelo de economia planificada onde a produção é ditada pela necessidade e não pelo mercado.
Embora não sendo todos eles Marxistas convictos, fazem as suas análises críticas a partir de um outro ponto de vista, contrário à anarquia da produção da visão capitalista, onde a “mão invisível do mercado” é quem harmoniza a economia.

Ambos os modelos têm tido uma alternância periódica de poder, dependendo da aragem política do momento, onde pontificam raras exceções mais longevas como é o caso das políticas econômicas da China e de Cuba. Lá a economia é planificada e o estado existe pela nação e para a nação.

Ninguém, em sã consciência, pode ignorar ou negar, que o cenário atual da nossa economia, tem se mostrado muito sombrio e desesperançoso, apontando para um novo ano de muitas dificuldades. O alvo preferido do establishment é e sempre foi, a classe trabalhadora, bode expiatório da política ultraneoliberal em prática em qualquer governo, inclusive o do Brasil.

Os números apurados pelo IBGE e relativos ao segundo semestre de 2021 revelam um cenário nada animador. Vejamos:

14,4 milhões de desempregados
5,6 milhões de desalentados;(nomenclatura suave que arranjaram para desempregados)
28,6% de sub empregados;

Se considerarmos que desalentados são aqueles que não mais procuram emprego, por não encontrarem postos de trabalho disponíveis, eles são a rigor, desempregados. Se adicionarmos os 5,6 milhões de “desalentados” aos 14,4 milhões de desempregados teremos 20 milhões de desempregados.

Segundo o monitor da OIT, o brasil tem uma taxa de informalidade de 46%.
Então 28,6% de desempregados mais os subempregados, adicionados a 46% de informais, totalizará um contingente de 74,6%.
Desse universo 41% estão abaixo do nível da pobreza e dos quais 21% estão na miséria absoluta.

Se ainda paira alguma dúvida sobre esses números oficiais, para dirimi – la, basta conferir nos sinais de trânsito, nas portas dos supermercados, nas portas dos restaurantes, nas portas das lanchonetes, na porta das padarias, nas portas das igrejas etc, para ver de perto a face da miséria.

O contingente de trabalhadores que vive na informalidade é aquele que não tem a proteção da seguridade social e, se por acaso for acometido de alguma doença ou sofrer algum acidente, irá passar por privações materiais inclusive alimentar.

Enfim 74,6% da massa laboral nunca poderá ser contabilizada como mercado pois não dispõe de poupança para consumo, nem tampouco pode acumular nada além da ração de sobrevivência.

Desemprego, subemprego e economia informal são sinônimos de falta de renda, que tem como consequência direta a fome e a miséria.

Os reflexos desse quadro desolador nas contas de um governo com um orçamento a cumprir, obriga a equipe econômica a encontrar uma forma de fazer caixa para parte das despesas de custeio e para a totalidade do “sagrado dinheirinho” da banca internacional.

Se a opção for o mercado externo, teremos dificuldades de comercialização para a nossa pauta de produtos exportáveis, haja vista a morte lenta e gradual da nossa indústria de transformação.

Resta como penúltima alternativa a hipótese de exportar comodities, além da venda de ativos para pagar despesas correntes.

Nesse passo, sem capacidade de inserção no mercado externo para competir com produtos e bens duráveis, estamos em marcha batida para o estágio regressivo das chamadas repúblicas de bananas. É para esse cadafalso que Bolsonaro et caterva está nos arrastando e ainda há muita gente que não está percebendo o perigo.

Embora sejamos o 3° maior produtor e o 2° maior exportador de alimentos do mundo, iremos encontrar dificuldades na exportação de alimentos, exclusivamente por culpa do governo federal. Os países compradores são muito exigentes em relação as questões sanitárias e além disso por serem signatários dos tratados internacionais de sustentabilidade, levam as questões ambientais e sanitárias muito a sério. Por isso começaram a rejeitar as únicas coisas que ainda podemos exportar que são as nossas commodities.

Em 22 de março de 2021 foi publicada uma carta aberta ao presidente da república, assinada por mais de 200 economistas, banqueiros, empresários e ex autoridades do setor público, com duras críticas a ação do governo de Jair Bolsonaro durante a pandemia. Diz um trecho da carta:
“Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive.”

Essa não é uma opinião nossa e sim um discreto desabafo de um contingente da classe dominante que votou e apoiou a eleição do atual presidente da república.

O documento público foi assinado por expoentes e artífices da economia neoliberal como os banqueiros Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles (Itaú), os ex-ministros Pedro Malan e Rubens Ricupero e conceituados economistas ortodoxos como Laura Carvalho, Elena Landau e Affonso Celso Pastore, este ex-presidente do Banco Central. Imaginar algum deles como comunista não pode ser considerada apenas insanidade mental e sim uma grave diarreia mental!

O presidente da república no seu estilo histriônico, resolveu atropelar todas as normas ambientais e fechar os olhos para a devastação dos nossos biomas, com ênfase para ao bioma da Amazônia. O propósito inicialmente disfarçado e agora explicito, é de satisfazer o apetite dos mineradores e dos pecuaristas. Para tanto ele tem transgredido normas ambientais de tratados internacionais de preservação e conservação ambiental subscritos pelo Brasil e cometido pecados capitais na diplomacia, com agressões verbais gratuitas, atingindo gratuitamente até o nosso maior parceiro comercial que é a China.

Se é verdade que o agronegócio, por um lado se beneficia com a desvalorização do real, exportando a preços mais elevados, é também verdade que os capitães do agronegócio, em virtude da continua desvalorização da nossa moeda, perdem muito com a importação de: sementes, fertilizantes, biocidas, maquinas e equipamentos, sendo obrigados a importar com pagamento em dólar, já que a nossa indústria de base não mais produz para suprir sequer as necessidades internas. Chegamos ao ponto de importar luvas e mascaras no auge da pandemia!

 Todos os membros do governo estão carecas de saber das exigências do mercado externo com relação ao cumprimento, tanto de normas ambientais como de exigências sanitárias.
Nesse particular as nossas commodities têm sido penalizadas pelos rigores dos parceiros comerciais, notadamente quando há reincidências de doenças diversas.

Por exemplo, a vaca louca afeta as exportações de carne bovina, a peste suína ataca os porcos, a gripe do frango ataca as aves, esse tripé que é o mais robusto é o que sofre maiores restrições principalmente por parte dos chineses, que são os maiores importadores das nossas commodities e por isso mantêm os seus holofotes permanentemente acesos.
Afora o segmento da carne e embutidos, há ainda os ataques às commodities de origem vegetal como: a vassoura de bruxa no cacau, a ferrugem no café, a cercosporiose na soja, a fusariose do abacaxi, o greening ou doença do ramo amarelo na laranja, o bicudo no algodão e por aí vai.

O produtor rural além de lutar para controlar tudo isso, ainda tem que se defender da omissão e das tropelias do presidente Jair Bolsonaro e dos órgãos ambientais federais omissos, em relação ao processo de destruição dos nossos biomas.

Paralelamente a tudo isso e por causa de tudo isso, estamos assistindo o crescimento da espiral inflacionaria que acaba de atingir dois dígitos no mês de setembro de 2021, com a taxa Selic registrando 10,21%, fato que não ocorria desde 1994.

Como os ortodoxos sempre atacam a inflação a golpes de recessão, a taxa de juros atingiu 6,25% no mês de setembro, segundo eles para conter o consumo. Aí cabe a pergunta que não quer calar: qual seria o consumo do qual falam? consumo de carne? consumo de combustível? consumo de gás de cozinha?

Estamos vivendo de fato uma grande recessão que tem retirado as pessoas do consumo, não por falta de vontade, mas por falta de dinheiro.

O pobre não está comendo filé, não por ter ódio ao filé e sim porque não tem dinheiro para comprar filé. As comunidades não estão mais cozinhando com gás butano, não porque prefiram o carvão e a lenha, mas porque não têm dinheiro para comprar o gás. O motorista de aplicativo está abandonando o trabalho não porque seja preguiçoso, mas porque não tem dinheiro para abastecer o veículo. A classe média deixou de viajar, não porque tenha se tornado eremita, mas porque não tem dinheiro para comprar passagens aéreas e dólares.

Então tenham a coragem de dizer ao povo que esse baião de dois que combina recessão com inflação atende pelo nome feio de estagflação.

 

 

Consulta:https://www.ibge.gov.br;https://bbc.com/portuguese/brasil;

Fotografias:https://br.pinterest.com;https://inscricaoucb.catolica.edu.br/blog/ciencias-economica;https://www.youtube.com;https://www.bosch.com.br;

Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ajude o site João Vicente Machado

spot_img

Últimas

Telas: será mesmo um vilão?

Uma dádiva chamada vida

Os melhores professores

Mais Lidas

Contemplação

Uma dádiva chamada vida

Mãe, quem és tu?

Timbu, um amigo dos seres humanos

error: Conteúdo Protegido!