De valor apenas relativo, todos têm seu jeito de ler os acontecimentos. São muitos os fatores que determinam as escolhas do que contar a propósito dos gestos e das atividades humanas. Nisso, compete aos indivíduos escolher a prioridade do que pretendem contar. O que leva a esses entendimentos fica por conta dos afetos de seus dedicados autores. Há sempre um modo próprio de puxar a si o que melhor lhe interessa. Desde sempre vem sendo tal e qual. Quem conta um conto aumenta um ponto, eis o que bem avisa o linguajar do povo. Todos nós, sem exceção, apresentam só retratos de uma realidade própria, até eliminar quaisquer alternativas de trazer de volta o que, na verdade, acontecera, por ainda absoluta limitação.
A fidelidade, pois, deixa de ser passível nas narrativas históricas. Ninguém que seja sustenta a noção definitiva daquilo que testemunha, porquanto a subjetividade reescreve à sua maneira o que quer que aborde, deixando de lado a objetividade, isto involuntariamente. Inclusive não sem nenhuma intenção clara, consciente.
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Entre ser assim e o nada ser, a magna História vira mera ficção nos laboratórios das visões pessoais. Bom, que seja então literatura, vá lá. Porém longe por demais de uma versão real e consistente, conquanto a cada um conforme a sua forma de notar as decorrências deste Chão. São verdades parciais à busca da Verdade plena.
Vem sendo destarte há quanto, desde aquele primeiro instante quando a imaginação resolveu descrever o que a mente assistia dentro das restrições da matéria.
Em resumo, a ciência da História é uma ciência experimental por mais do empenho dos muitos que a executam no transcorrer das gerações; uma história parcial do desejo de lá um dia chegar à realização, outra vez, da forma original. Passeios sucessivos a descrevem no tablado das ações e dos credos pessoais, e narram histórias cenográficas aos séculos que as escorrem na crosta do Infinito.