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Relativizar, uma forma sutil de escamotear

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Quando qualificam alguém como radical, provavelmente estejam querendo taxá-lo de extremista, conceito que, a rigor, não seria no todo equivocado.

O verbete radical, quando se trata de parte integrante geradora de palavras, não tem o mesmo significado da botânica, quando define a função da raiz do vegetal.  Tomemos como exemplo a palavra pedra, que tem como radical pedr e que pode gerar as desinências ou afixos: pedreiro, pedregulho, pedrada, pedraria, etc.

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Em se tratando de filosofia ou de política, ser radical não tem nada de extremismo e significa apenas descer às raízes para obter elementos que nos permita analisar as causas. É aprofundar para investigar e consequentemente esclarecer, portanto nada tem de depreciativo como muitos  querem fazer crer. Muito pelo contrário, é um elogio!

Talvez por isso as pessoas que relativizam os fatos, ou o fazem por interesse e  conveniência própria, ou talvez para escamotear a verdade, atendendo a interesses de outrem. Daí advém a prática corrente de desclassificar as ações inovadoras, ações consideradas ousadas, taxando-as com adjetivos pejorativos.

A medicina homeopática é um bom paradigma da prática  do radicalismo do qual falamos,  ela de  forma semelhante, tem um procedimento investigativo parecido e embora não despreze os efeitos das diversas patologias, prudentemente opta em  ir às raízes dos males, para descobrir as suas  causas e tentar afastá-las.

Tudo muito lógico, já que há sintomas que se manifestam através de dores de cabeça ou febre, que de fato funcionam como  aviso de que algum órgão não anda funcionando bem no harmonioso edifício do corpo humano. Entendem que o analgésico deve sim ser ministrado, porém como um atenuante da dor, carecendo de  uma investigação criteriosa que  deve ser feita, com o intuito de  descobrir a causa da febre  ou da cefaleia, ao invés de insistir no uso frequente de analgésicos.

O imediatismo nessas horas sempre nos move em direção ao analgésico e nos condiciona a mantê-los próximos, até como uma garantia psicológica.

Já tivemos uma professora na escola  de engenharia, a inesquecível Poli, que era dependente de barbitúricos, um fármaco que inibe a parte sensorial do sistema nervoso central, provocando a sensação de alivio às dores. Outro exemplo ilustrativo são os fusíveis que protegem as instalações elétricas, os quais são sacrificados para proteger as instalações como um todo sempre que ocorrer uma sobrecarga. Os fusíveis, com o seu sacrifício, apenas sinalizam e  a simples substituição dos mesmos,  seria no mínimo temerária. Toda essa preliminar  a rigor nos serviu de metáfora, de introito, para subsidiar o nosso raciocínio e nos capacitar à análise de dois fatos corriqueiros do cotidiano, fruto da nossa observação e correlaciona-los com o nosso raciocínio.

A macroeconomia é sempre operada em observância aos ditames da classe dominante, o que é manejado   à sorrelfa, de forma sutil para não chamar a atenção. Essa é uma tarefa confiada à imprensa oficial, que integra o poder ideológico da superestrutura do estado burguês. São na sua grande maioria, propriedade das empresas de comunicações ligadas a grupos econômicos influentes e estão concentradas em mãos de 26 grupos empresariais controladores dos 50 veículos de comunicação de maior audiência do Brasil.

Os gigantes da comunicação imitam os  planetas de  luz própria e atuam em grosso, polarizando satélites de menor coturno, representados pelas  afiliadas regionais, além de um batalhão de milícias digitais que difundem  ideias alienantes, propagadas no seio da arraia miúda.

É bom que fique bem claro que a nossa critica não é dirigida aos jornalistas profissionais, por entendermos  as suas necessidades de sobrevivência, embora saiba que em meio a eles existem os acumpliciados com o establishment sim, mas existem também jornalistas sérios, éticos e honrados que não compactuam com esse modus operandis.Escolhemos como exemplo dois temas  recorrentes, sendo o primeiro deles a questão dos sucessivos aumentos de combustíveis, principalmente os combustíveis automotivos e o gás de cozinha, os quais já foram aumentados 7 (sete) vezes no decorrer do  ano em curso.

Se fizermos uma média entre os 5 primeiros meses do ano de 2021, chegaremos a 1,4 aumento de preço  ao mês, ou melhor,  um aumento de preços a cada 22 dias.  Pelo andar da carruagem, essa tendência aponta para aproximadamente 17 aumentos de preços no decorrer dos 12 meses de 2021. Enquanto isso o trabalhador terá  apenas 1 reajuste no salário durante todo ano, isso se tiver.

Sobre essa e outras questões referentes ao tema, já tratamos nesse sitio em artigos anteriores cuja leitura recomendamos. Foram  publicados em:

23/12/2019- Gasolina; 30/12/2020- O Preço dos Combustíveis; 01/03/2021-A Angustia Econômica do Momento.

Não cultivamos o hábito de ver televisão e quando o fazemos raramente, é para ver os noticiosos. Durante o café da manhã com a família, vi por ocasião do último aumento, a  divulgação de mais um reajuste de combustíveis, o sétimo do ano, principalmente dos combustíveis automotivos e do gás de cozinha, objeto  de uma reportagem adredemente preparada, tendo como propósito  sugerir aos usuários e a população em geral, uma estratégia que consiga “driblar o aumento e sair ganhando” o que cá pra nós é um engodo irônico.

Aliás, nesse aspecto os meios de comunicação têm como o grande aliado os PROCONs estaduais e municipais sempre prontos a se pronunciarem nessas ocasiões, o que  fazem em sintonia com a reportagem, sem um contraponto economicamente fundamentado, o que pode sugerir uma certa concordância, coisa que talvez nem os seus funcionários percebam.

Aliás, sobre o papel dos PROCONs, escrevemos um artigo em 14/03/2020 de título, A Guerra dos Combustíveis onde descrevemos esse cenário recorrente a cada aumento, cuja leitura recomendamos.

Combustíveis e Derivados

 

Quando o aumento ocorre, o que quase semanalmente acontece, a imprensa oficial entra em cena “para noticiar” de forma branda de modo a  acomodar o fato sem questionar  por nenhuma hipótese a sua causa.

É uma dor de cabeça com sequelas econômicas e sociais, que precisa de um analgésico forte  para inibir a sensibilidade e não incomodar o paciente. É aí  entra em cena, mais uma vez, o velho receituário ilusório, seguido da cantilena:

Reajuste dos Combustíveis

 

“O aumento vai causar prejuízo aos taxistas e motoristas de aplicativo, mas o PROCON que fez uma pesquisa ampla, vai divulgar a lista dos postos com os melhores preços” e completa:  “aí cabe o papel do consumidor, lembrando que é preciso pesquisar, pois a diferença pode ser compensadora. Isso alivia quem depende do combustível para exercer o seu oficio,” propiciando o efeito anestésico  que transfere a dor de cabeça para 22 dias depois, “voltando  a paz  a reinar no seio de Abraão.”

Perceberam? As questões de fundo não são abordadas e nem um deles  relembra que O Brasil é autossuficiente em petróleo; esquecem que  as refinarias da Petrobras foram criminosamente desativadas e estão sendo vendidas; esquecem que as  plataformas de prospecção estão sendo vendidas; escondem  que os navios petroleiros estão sendo vendidos; esquecem  da entrega de campos de extração de petróleo já descobertos às multinacionais; escondem a venda de óleo bruto a 30 dólares o barril,  para ser refinado lá fora e depois comprado pelo Brasil a 80 dólares. Nada disso é dito, sequer comentado. A causa real é propositadamente escamoteada através do engodo e do proselitismo da imprensa oficial.

Outro tema que é recorrente é a inflação que resiste até às altas taxas de juros justificadas pelo velho e surrado bordão dos economistas ortodoxos e orgânicos ao establishment: “é necessário para conter o consumo!”  esse é um escandaloso paradoxo. Porque?

Ora, os números do IBGE revelam um desemprego em torno de 14%; um subemprego na casa dos 30% e uma economia informal próxima de 42%; antes mesmo da adição das parcelas que totalizam 86%, cabe a pergunta: esse contingente laboral quase todo abaixo da linha da pobreza, pode ser considerado consumidor?  afora a ração de sobrevivência que não pode ser colocada na conta do consumo, esse extrato social poderia ser considerado consumidor de bens duráveis como eles querem nos fazer crer?   é óbvio que não!

Como é que  uma taxa de juros de 3% ao mês, aliada a um cambio onde o dólar vale R$ 5,33  irá conter consumo, se 86% da população trabalhadora não têm renda suficiente nem para sobreviver, como irá consumir?

É aqui que mais uma vez surge o poder anestésico da imprensa oficial para fazer uso de um dos princípios de Joseph Goebbels, o mentor da máquina de propaganda nazista que transformou Hitler em mito, e que  dizia assim: “uma mentira repetida 100 vezes vira verdade”. Isso faz com que a “lenda fique maior do que o fato” e seja publicada e efetivada como verdade ao invés do fato.

Carne Bovina equiparada ao Dólar

A mesma imprensa oficial informa  que o consumo interno de carne bovina teve uma queda histórica de 45% em um ano, o que fez com que o povão se refugiasse na carne de frango e porco.  Enquanto isso  são resolvidos “pelos bombeiros” mais um princípio de incêndio nas relações internacionais, causado por Bolsonaro, que insiste em desafiar a China, o nosso maior importador de carne suína e  o maior parceiro comercial do país. Menos altivo tem o Japão, maior importador de carne frango produzido no Brasil, fortemente pressionado pelos grupos ambientais.

Afinal qual é o discurso da midia? “ande, pesquise, não compre no primeiro vendedor!” ou por outra: “se o alimento está caro, substitua por outro que esteja mais em conta!”

Novamente entram em cena o analgésico, de fato um  placebo e um silêncio deliberadamente propositado vai esvaziando o impacto.

 Para eles é conveniente escamotear que o criador de boi, vivendo um cenário com o dólar a R$5,30, não tem motivação para vender para o mercado interno e se volta  para o mercado externo com transações em dólar. Omitem por conveniência que a macro política do governo federal, que deve controlar o câmbio e defender a moeda, é a grande causa desse cataclismo econômico que foi antecedente  à pandemia  e  apenas um agravante.

Concluímos reafirmando com convicção  que, relativizar é sim, uma forma de escamotear!

Consulta:

https://g1.globo.com/economia

https://noticias.ibge.gov.br

Fotografias:

Fusíveis | Produtos de Baixa Tensão | Siemens Siemens Brasil

homeopatia – PC (nucleopiratininga.org.br)

https://www.bing.cohttps

www.cnnbrasil.com.br/m/images

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3 COMENTÁRIOS

  1. Que a prece do poeta seja ouvida, pois diante de tanta desonestidade, tanta falcatrua e enganação o queo pobre que não sabe pra onde está sendo levado pode fazer? Os politicos que deviam está do seu lado
    estão correndo atrás de quem der mais pra se venderem. É a imprensa que podia conscientizar mas se deixa corromper. "É muito caroço embaixo desse angú"
    Bate um desânimo…

  2. Assuntos muito bem expostos, e, portanto, radicais, pois vão até às RAÍZES dos problemas, esclarecendo a real situação das nossas mazelas, onde mentira, enganação e hipocrisia são a tônica dessa famigerada e cruel classe dominante.

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