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Já raiou a liberdade do Nordeste do Brasil

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O Sudeste sempre ocupou os melhores lugares na História Oficial do Brasil, mas, a maioria dos feitos aconteceu no Nordeste. Vamos começar pelo “descobrimento,” quando Cabral chegou, aportou em Cabrália no Sul da Bahia. Em 1536, Duarte Coelho se estabeleceu com seus colonos na Ilha de Itamaracá em Pernambuco; e em 1551, os Garcia d’Ávila teve seu papel de  desbravadores do Sertão nordestino, sendo a Casa da Torre pioneira na pecuária da região e na colonização do Sul do Ceará, Pernambuco e Paraíba. A Colonização do Brasil teve origem no Nordeste. A Região liderou 34 Lutas e Revoluções no Brasil entre a Colônia (1500/1815) e o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815/1822).

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Durante a Colônia, as lutas e revoltas foram na sua maioria de Índios contra os portugueses que tentavam escravizar a população indígena, além de invadirem e tomarem suas terras; as outras foram de cunho separatista. Como: A Revolta dos Alfaiates em 1798, na Bahia e a Conspiração dos Suassunas em 1801, em Pernambuco. 

Em 1817 a população pernambucana estava descontente e cansada de pagar os altos salários, as festas e os banquetes da Corte Portuguesa instalada no Rio de Janeiro, faltando dinheiro para as despesas da Capitania de Pernambuco; influenciados pelas ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas, em 23 de março de 1817, eclodiu a Revolução Pernambucana ou a Revolução dos Padres. Ficou assim conhecida pela participação do clero que foi fundamental na articulação do movimento e culminou com o rompimento lusitano. A Revolução ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo de tomada do poder. O movimento foi reprimido e os revolucionários ficaram apenas três meses no poder, mesmo assim, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano tão sonhado por Dom João VI. Mostrando a Coroa que seus súditos não eram tão submissos a vontade do Rei. 

Ainda com resquícios das ideias libertários de 1817 e vendo as más intenções e pressões de Portugal em relação à antiga Colônia, as principais Províncias brasileiras que já sonhavam com a liberdade começaram a se manifestar a favor da Independência do Brasil. Somente Piauí e Maranhão não aderiram a Causa do Brasil, pela importância da região para a manutenção do Império Colonial português na América, pelas relações comerciais e geográficas fez oposição à independência, preferindo continuar colônia portuguesa.

Os primeiros dias de 1822 foram de muitos conflitos em todo o Brasil. No dia 09, Dom Pedro não cedendo à pressão portuguesa decidiu ficar no Brasil dando o primeiro passo para a sua Independência.  No dia 16 de fevereiro de 1822, orientado por José Bonifácio, Dom Pedro assina um decreto convocando as Províncias para a formação de um Conselho de Procuradores Gerais das Províncias. Eram atribuídos ao conselho, orientar o Príncipe Regente para examinar os grandes projetos de reforma na administração, propor medidas e planos, advogar cada um pelo bem-estar de sua respectiva província. 

Em maio do mesmo ano, o Senado da Câmara do Rio de Janeiro pressiona o Príncipe Regente a convocar uma Assembleia Geral das Províncias do Brasil, representadas por um número competente de deputados, que não poderão ser menos de cem. Sem hesitar Dom Pedro convoca através de um decreto de 1 de junho para os procuradores a se reunirem com o objetivo de realizar as Eleições de Paróquias para elegerem deputados para Primeira Constituinte Brasileira. 

No dia 3 de junho outro decreto foi assinado com uma medida de constitucionalização do Brasil. Nele era convocado uma Assembleia Geral Constituinte e Legislativa que seria composta de deputados das províncias brasileiras.  O decreto foi acompanhado de instruções a serem posteriormente expedidas.   

Devido a distância, a falta de estradas e de comunicação entre a Corte e as Províncias as notícias só chegavam dois meses depois do ocorrido.  O Decreto de 03 de junho chegou a Câmara do Crato, onde funcionava a Comarca no dia 27 de agosto de 1822, causando grande discórdia entre os portugueses e os brasileiros que tinham assentos na Câmara e os que ocupavam cargo de confiança do Príncipe Regente.  O conflito tomou grandes proporções e de mudança de estratégia no que dizia respeito às eleições para escolher os deputados para representarem a Província no Rio de Janeiro. Mesmo com todas as desavenças foram cumpridas todas as exigências do Decreto. E as eleições realizadas.

Pelo Ceará foram eleitos 6 deputados, 5 eleitos pela paraíba, 9 deputados por Pernambuco, 5 deputados por Alagoas, 11 pela Bahia. O critério da eleição foi regido pelas instruções que acompanhou o decreto de 03 junho de 1822.  A Assembleia Constituinte reuniu 84 deputados de 14 províncias. Os deputados faziam parte da elite política, intelectuais, magistrados, clero, fazendeiros, senhores de engenho, militares, professores e altos funcionários públicos. As províncias que fizeram oposição a Causa do Brasil não se fizeram representar. Foram elas: Pará, Maranhão, Piauí e Cisplatina (hoje Uruguai). 

Com o Grito da Independência em 7 de setembro de 1822, o processo de independência do Brasil não se encerrou neste dia. Ao contrário do que se pensa a Independência do Brasil não foi nada pacífica. O Grito do Ipiranga foi apenas um ato simbólico e a tela com a imagem da Independência foi uma encomenda do monarca Dom Pedro II para eternizar e celebrar os feitos da monarquia brasileira. O marketing do Império.  Segundo o historiador Laurentino Gomes: Dom Pedro I montava um animal de carga, talvez uma mula, estava vestido como um tropeiro e não com uniforme militar, sua guarda era formada por cavaleiros, fazendeiros e pessoas comuns das cidades do Vale do Paraíba. Aquela guarda fardada e imponente que aparece na tela ainda não existia.

Na verdade, a consolidação da Independência do Brasil no Ceará, Piauí e maranhão foi decidida na Batalha do Jenipapo, um dos confrontos mais sangrentos na Guerra da Independência do Brasil que consistiu na luta entre piauienses, maranhenses e cearenses contra as tropas do Major Fidié, comandante das tropas portuguesas, encarregadas de manter o norte da ex-colônia fiel à Coroa Portuguesa. A luta foi desigual, porque os brasileiros não possuíam armamentos de guerra tiveram que usar instrumentos simples, perderam muitos homens e não venceram a batalha, mas, conseguiram com que a tropa desviasse seu destino e consolidou o território nacional. A retirada das Tropas de Fidié do Piauí se deu graças às táticas de guerrilha dos sertanejos que logo depois da batalha invadiram o acampamento se apoderaram dos armamentos e da munição, de dinheiro e bagagem do Major Fidié, e cercaram o caminho para Oeiras, então capital do Piauí. 

Ao compor o Hino da Independência, Dom Pedro, seu autor, talvez não tenha tido a sensibilidade de ver que a liberdade despontou no seio de uma brava gente cansada de ser explorada e acorrentada, e que os grilhões que impediam nossa liberdade eram as falanges desleais, perversas e ameaçadoras que dominavam o Brasil. Foi com muito sangue, muita luta e muita garra desse povo varonil que resplandeceu a nova aurora do Brasil. 

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6 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns Cristina pela excelete aula de heroismo de fatos da nossa Historia. Pois não é que vem os dar um alento e uma vontade de lutar nestes dias de desalento e descalabro dos nossos sonhos sob o desgoverno que está nos vitimando?

  2. Relato de rara beleza, com datas e fatos marcantes da independencia, e que poucos teem de fato conhecimento.
    CRISTINA COUTO, tem conhecimento profundo e pesquisadora incansavel.

    PARABÉNS

  3. Ao passar o olho em um texto como esse, se observa o quanto os livros didáticos, ou os autores dos livros didáticos são deficitários. Vivemos a mercer da nossa história. É lamentável!

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