Por: João Vicente Machado
No próximo dia 25 de janeiro de 2021, completarão dois anos do rompimento da Barragem de Brumadinho e a não ser a família das vitimas e os defensores da sustentabilidade, pouquíssimas pessoas se lembram, ou se incomodam com aquele desastre ambiental, de impactos seculares sobre os atingidos, sobre o bioma ribeirinho do Rio Paraopebas e sobre toda bacia do Rio das Velhas e do próprio Rio São Francisco, o chamado Rio da Integração Nacional.
Uma das causas do nosso subdesenvolvimento, da nossa exploração, do nosso atraso e da dominação a que estamos submetidos há séculos, é a nossa falta de memória, a nossa indiferença e a letargia, que a classe dominante conhece muito bem e conhecendo a nossa permissividade, sabe tirar partido da nossa fragilidade para manter e aprofundar o processo de dominação.
Li numa publicação denominada Portal das Missões, uma matéria que não posso assegurar como verdadeira, por tratar-se segundo eles, da autoria de um autor desconhecido. Todavia a história é válida e em se tratando dos Hitler’s e Mussolini’s redivivos, não há porque duvidar. Vejamos o texto:
[ Em uma de suas reuniões, Hitler pediu que lhe trouxessem uma galinha.
Agarrou-a forte com uma das mãos enquanto a depenava com a outra.
A galinha desesperada pela dor quis fugir, mas não pôde. Assim Hitler tirou todas as suas penas, dizendo aos seus colaboradores:
“Agora observem o que vai acontecer!”
Hitler soltou a galinha no chão e afastou-se um pouco dela. Pegou um punhado de grãos de trigo, começou a caminhar pela sala enquanto atirava os grãos de trigo no chão. Enquanto isso, seus colaboradores viam assombrados, como a galinha assustada, dolorida e sangrando, corria atrás de Hitler e tentava agarrar algumas migalhas, dando voltas pela sala.
A galinha o seguia fielmente por todos os lados. Então Hitler olhou para os seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos e lhes disse:
“Assim, facilmente se governa os estúpidos. Viram como a galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei? Tirei-lhe tudo…,as penas e a dignidade, mas, ainda assim ela me segue em busca dos farelos.”“Assim é a maioria das pessoas! seguem seus governantes e políticos, apesar da dor que lhes causam e, mesmo lhes tirando a saúde, a educação e a dignidade, pelo simples gesto de receber um beneficio barato ou algo para se alimentar por um ou dois dias, o povo segue aquele que lhe dá as migalhas do dia”Autor desconhecido.]
Talvez, prevalecendo-se dessa passividade e subserviência, é que a multinacional Vale, que já foi a estatal Cia, Vale do Rio Doce, teve contra si uma ação na justiça, por iniciativa do Governo de Minas, da Defensoria Pública e do Ministério Público, onde lhe é cobrada uma indenização de R$ 54 bilhões como reparo pelo gravíssimo impacto ambiental, penalizando tanto o meio ambiente, quanto a população ribeirinha.
A multinacional contestou a ação, propondo um pagamento de apenas R$ 21 bilhões, ou seja, 38,88% do valor reclamado.
O aguerrido Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) têm confrontado o comportamento do governo de Minas Gerais, Romeu Zema, protestando pela falta de comunicação com as famílias atingidas, alegando que as negociações vêm sendo feitas entre a Vale e o Governo do Estado, sem a participação da população diretamente atingida.
Nesse caso, ao que parece, a galinha da história de Hitler, é uma galinha oficial, subserviente e indiferente ao clamor público nacional e internacional. Com certeza considera absurdo o pedido de indenização, estimulada pelo fato de ter adquirido o controle acionário da ex estatal, uma empresa economicamente viável, que tinha um valor estimado entre ativos e reservas minerais, de mais de R$ 400 bilhões e que foi vendida no governo Fernando Henrique Cardoso por uma ninharia e, assim mesmo, com financiamento contratado junto ao BNDES que é dinheiro público, ou seja, do povo, nosso dinheiro.
A operação é insólita e mais parece o Brasil pagando à iniciativa privada para assumir seus ativos, ou seja, é um crime de lesa pátria que foi praticado contra a Vale do Rio Doce, Usiminas, CSN, Telebrás, Petrobrás, a Industria Naval e prossegue com o Saneamento Básico, a Eletrobrás, os Correios e a anunciada privatização de todo complexo dos dois eixos do Projeto de Integração do São Francisco PISF, construído com dinheiro público para redimir o Nordeste Setentrional dos efeitos das Secas.
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Integração do São Francisco-PISF |
“Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Mutatis mutandis”, até quando Bolsonaro/Paulo Guedes, abusarás da nossa paciência?
Fotografias:portaldasmissoes.com.br;
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ministériodaintegraçãonacional.