Resumo semanal- 14 a 19 de setembro 2020

 Por João Vicente Machado.

A semana que está findando, trouxe uma profusão de notícias que variou de incêndios no Pantanal às convenções partidárias, passando pela nomeação definitiva do general Pazuello, mais um militar no governo Bolsonaro, que trata saúde como caso de polícia. 

  • DESCONTINUIDADE

Com a efetivação de um ministro que curtiu uma interinidade de aproximadamente três meses, período de intensificação da pandemia do covid19, entra em cena  3° Ministro da Saúde do atual governo  em menos de dois anos, mais exatamente vinte e um  meses. Isso significa um aborto  a cada sete meses de governo e se  fossem feitos de barro não daria tempo nem de enxugar.

A descontinuidade no serviço público é perniciosa e não permite a implementação de políticas públicas efetivas, eficientes e eficazes em termos de saúde pública e é  por essas e outras que os números da pandemia continuam em ascensão e sem indicativos de queda. Até o dia de ontem, já eram contabilizadas 135.031 mortes.

Esperamos que O Terceiro Homem seja mesmo o tal, como nos ensina Arlindo Marques Jr e Roberto Roberti na voz do jovem cantor da época Nelson Gonçalves.(ouça aqui).https://youtu.be/BdS5Q5GJGAE

  •    IMPUNIDADE OFICIAL

Na quinta feira, 17/09/2020, ainda na ressaca das convenções que ocorreram na véspera, nos chega a noticia  de que o Ministro Marco Aurélio Mello suspendeu o inquérito “que apura a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, até que o plenário do STF decida sobre o depoimento  pessoal do Presidente”

    O presidente recebeu intimação para ser ouvido pessoalmente na próxima semana, tendo ele entrado com um recurso para depor por escrito, recurso que será apreciado pelo plenário da corte.

Ainda dizem que todos são iguais perante a lei, mas esquecem de dizer que uns são mais iguais do que outros. Lula que o diga!

  •  RENDA BRASIL

Após decretar a morte da Bolsa Família por senilidade e anunciar o nascimento do bastardo Renda Brasil, o presidente dá um ré pra trás e anuncia que “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes”, ou na “pátria amada Brasil” como queiram.

  Havia uma polêmica com a equipe econômica “que chegou a “estudar o congelamento de benefícios, como aposentadorias e pensões” para fazer caixa e destinar ao financiamento do programa em tela”.

   Congelar o pagamento, de pelo menos  uma parte do que é reservado à banca internacional, pelo   pagamento de juros nem pensar! Isso seria um sacrilégio neoliberal que Paulo Guedes, o presidente de fato, jamais aceitaria.

  • BRASIL EM CHAMAS

   O  flagelo ambiental do governo Bolsonaro tem assombrado o mundo e, por mais que neguem,  é uma realidade diária nos diversos biomas: na floresta amazônica, no serrado, na caatinga e na mata atlântica.

  Desde que assumiu, Bolsonaro fez questão de rasgar todos os tratados internacionais e as normas nacionais que regem o meio ambiente e reabriu um processo, em que era incurso  ainda como deputado quando  cometeu uma transgressão ambiental na baia de Angra, onde  pescava  sem autorização, em área de proteção ambiental, ocasião em que  foi   naturalmente multado como transgressor.

     Entendeu a ação do fiscal como “desacato à autoridade,” guardou a mágoa no fundo da alma, planejando a vingança que veio quando ele assumiu a presidência, sob forma de demissão do inditoso servidor, que nada mais fez  do que cumprir sua obrigação funcional. 

   Nesses últimos dias irromperam incêndios no Pantanal, na Chapada dos Veadeiros em Goiás, no Parque das Emas, no mesmo estado, na Chapada dos Guimarães no Mato Grosso, na Floresta Amazônica, na Mata Atlântica, enfim em todo Brasil, com fortes indícios de incêndios criminosos provocados.

     O dano é de 2,3 milhões de hectares entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, dez vezes o tamanho das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas, números que segundo o INPE é 29% maior do as queimadas do mesmo período do ano passado.

      

            Queimados no Brasil


  O resumo da semana nem sempre nos traz fatos agradáveis. Todavia malgrado os atropelos cotidianos, é preciso reservar tempo para reflexão.
    Os ensinamentos que nos impõe  a luta de classe, exige de nós uma permanente reflexão, notadamente quando temos de decidir o nosso futuro e o futuro das próximas gerações, em cada eleição.

    Vinicius de Moraes, o poetinha, é  autor de um poema muito longo para caber nesse artigo. Contudo, pinçamos um trecho do seu poema “O Operário em Construção”, encimado por um trecho do evangelho de Lucas Cap IV.vs. 5-8, em que ele ensina a importância  do operário, do trabalhador, do explorado.
    “E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. IV, vs. 5-8.”

            E foi assim que o operário 

Do edifício em construção 

Que sempre dizia sim 

Começou a dizer não. 

E aprendeu a notar coisas 

A que não dava atenção: 


Notou que sua marmita 

Era o prato do patrão 

Que sua cerveja preta 

Era o uísque do patrão 

Que seu macacão de zuarte 

Era o terno do patrão 

Que o casebre onde morava 

Era a mansão do patrão 

Que seus dois pés andarilhos 

Eram as rodas do patrão 

Que a dureza do seu dia 

Era a noite do patrão 

Que sua imensa fadiga 

Era amiga do patrão. 


E o operário disse: Não! 

E o operário fez-se forte 

Na sua resolução.

 

   

Referências: g1.globo.com;

Fotografias:Oobservatorio3.org.br;

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