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Reminiscência Eleitorais

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Por: João Vicente Machado

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O período eleitoral que se aproxima,  nos traz à mente reminiscências inapagáveis. São fatos pitorescos e até tragicômicos, ainda acesos na nossa memória, muito deles vividos por nós em Lavras da Mangabeira, ou como proclama o jargão da economia, trazidos a valor presente, através da prodigiosa memória dos irmãos Machado. 

Nessa e em outras ocasiões, eles sempre me socorrem com informações inéditas, juntamente com a amiga, conterrânea e colaboradora Cristina Couto, pesquisadora do cotidiano, historiadora e guardiã da cultura e da história do Centro Sul do Ceará e do Oeste da Paraíba.

O processo de redemocratização que se estabeleceu com o fim do estado novo, culminou com a fundação de três agremiações partidárias: UDN, PSD e PTB, as quais deram as cartas do jogo político brasileiro, a partir de abril/julho de 1945 até a extinção dos partidos políticos promovida pelo golpe militar de 1964. 

Esse ato cedeu espaço a um bipartidarismo insosso, imposto pela ditadura militar, composto por dois partidos criados pelo autoritarismo: a ARENA, partido oficial do generalato,  filha da UDN  e  o   MDB, a oposição consentida pelos generais de plantão,  filho do PSD.

As renhidas disputas eleitorais que aconteciam entre a UDN e PSD, eram muito acirradas e, tinham no PTB de Alberto Pasqualini, o tertius moderador das contendas sempre coligado com o PSD, que era a vanguarda menos conservadora, já que ambos tinham origem na matriz nacionalista criada por  Getúlio Vargas.

Em Lavras da Mangabeira não era diferente e eu me recordo como se fosse hoje, dos boletins diários das apurações que eram pontualmente transmitidos pela PRE-9, Ceará Rádio Clube, as 18h00min, logo após a hora do Ângelus e ouvidas no radio rabo quente da casa do Dr. Aloysio Férrer, já que rádio era coisa que só tinha na casa dos mais endinheirados.

A sala sempre tinha a presença de duas gerações. Uma delas  composta pelos jovens da época, tais como: Luizete e Antonieta  de Róseo Torquato, Mafisa de Teopila, Luzanira Batista, Dona Onese Férrer, Elizete Garcia, Nailée Almeida, Iraci e Maria Idelci Crispim, Chiquinho Sousa, Valdo Roque de Carvalho o cabo Roque e Aloísio Aranha entre outros.

A garotada presente, que era a miuçalha da época, sempre observava tudo e ficava na sala como ouvinte. Os irmãos Elson e Emanoel Férrer, os também irmãos Danúzio e Ferrier, João Vicente Machado, Marneudo Férrer, Marluce e Marli, Zé Nilton Sá e Zeneida, Maria Ivone, entre outros.

Mas o fato que lhes trago neste artigo, ocorreu em eleições passadas, no fim da década de 1940 e me foi narrado pela minha irmã Anita Machado, tendo como coprotagonista Manoel Vitória, escudeiro fiel do Coronel Raimundo Augusto. 

O Coronel era a liderança de maior expressão e prestígio do PSD do Ceará; de Lavras; da região centro sul; além de ser muito respeitado em todo estado.

O partido tinha como Presidente do Diretório Municipal, o meu pai, Joaquim Vicente Machado, que era compadre e amigo do Coronel além de Vereador em Lavras da Mangabeira.

Chalé do Coronel em Lavras


                                                                                              
                                          

                                                                                                  

                    Joaquim Vicente Machado

      A eleição para governadores dos estados tinham ocorrido em 1947 e a UDN secção do Ceará, apresentou a candidatura do desembargador Faustino Cavalcante de Albuquerque, que acabou obtendo 54,23% dos votos,  enquanto Onofre Gomes, apresentado pelo  PSD, o partido do Coronel Raimundo Augusto e do meu pai, obteve  45,77% ,  perdendo a eleição.

Segundo a narrativa de Anita Machado, as apurações estavam sendo transmitidas através do aparelho de rádio da casa do Coronel Raimundo Augusto, lá no chalé da Rua do Alto, presentes o Coronel e sua entourage. 

O velho líder, angustiado com a derrota iminente, despertou em Manoel Vitória a vontade de entrar em cena e conforta-lo, com a  solidariedade incondicional que na verdade era o seu ofício.  Saiu, deu uma volta ao redor do mercado, assuntou, especulou o suficiente, ouviu um boletim das eleições de Pernambuco pela PRA-8, Radio Clube de Pernambuco, e voltou triunfante ao salão do chalé do Coronel.  Perfilou-se à sua frente e disparou alto e bom som: “Compadre Raimundo, fique tranquilo que essa maioriazinha é nada. Quando chegar o reforço das urnas de Pernambuco, nós vamos dar um cambão neles!”

Anita não me contou, mas eu creio que se a sala não irrompeu em risos, foi por respeito ou medo da reação do Coronel. Mas que merecia uma boa risada  isso lá merecia!

Fonte:Banco de dados do Tribunal Superior eleitoral; relato verbal de Anita Machado;

Fotografias:dimasmacedoblogspot.com;

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