Dois dias após uma reunião com empresários internacionais, o vice-presidente da república reuniu-se no dia de ontem, 10/07/2020, com empresários nacionais ligados ao agronegócio para discutir a questão do desmatamento da Amazônia.
O inusitado desse evento é que o governo que vem se esquivando da responsabilidade por danos irreparáveis ao meio ambiente, recebe pressão exatamente daqueles que imaginava estar beneficiando com a devastação.
Os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário estabelecem regras ambientais que garantam a sustentabilidade na apropriação dos recursos naturais e não iriam assistir passivamente a esse processo insidioso, praticado pelas autoridades brasileiras gestoras das questões ambientais. Lenientes, inertes e aparentemente acumpliciadas com os infratores.
À medida que a indústria de transformação foi sendo engolida pela privataria promovida pelo ultra neoliberal ministro Paulo Guedes, a nossa pauta de exportações foi sendo ancorada no agronegócio, para obter algum saldo na balança comercial. Dessa forma, produtos como: carne bovina, suína e avícola, soja, café, cacau, frutas e xarope de laranja entre outros, passaram a disputar espaço e competir no exigente mercado internacional de commodities.
O que o governo Bolsonaro não contava era com uma reação enérgica do mercado externo a essa prática, ele que em duas ocasiões foi fortemente criticado em fóruns de debate internacionais dos quais participou e que deixou de participar a partir de então.
Governos de vários países sequer o recebiam para discutir e encaminhar problemas comuns, com a alegação de que não sentariam com o presidente de um pais confessamente transgressor de tratados internacionais dos quais é signatário e devem ter dito a ele, “acabou porra!”
Não pensemos que os empresários da Suzano, da Shell, da Natura e do Itaú que procuraram Mourão o fizeram apenas por amor à sustentabilidade. Não! Eles estão feridos no local mais sensível e vital do corpo do burguês que é o bolso.
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Paulo Hartung |
Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e hoje presidente da Indústria Brasileira de Árvores declarou:
“Conseguimos avançar, mas só com atos concretos é que criaremos outra visão da opinião pública internacional”.
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Marcello Brito |
Para o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, “a principal noticia foi a promessa de um plano de redução desmatamento da Amazônia com metas semestrais até 2022”
Já o representante da Cargill defendeu “a aplicação integral das normas aplicada no código florestal”
No texto do dia 08 de julho próximo passado nos referimos ao Desastre Ambiental de Bolsonaro e apresentamos uma amostra da magnitude do problema e hoje vemos que essa devastação desenfreada irá mudar de rumo e a ironia de tudo isso é o fato da iniciativa ter partido dos pretensos beneficiários. Menos mal!
João Vicente
Referências: O Estado de São Paulo- estadão; fotos revista press.com;ibá-org.