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Hoje resolvi me refugiar na figura literária, intelectual e política de um brasileiro inesquecível: José Bento Renato Monteiro Lobato, o conhecidíssimo Monteiro Lobato.
Nascido em Taubaté no Vale do Rio Paraíba do sul em São Paulo, em 18 de abril de 1882 e falecido em 04 de julho de 1948 na capital paulista, Monteiro teve uma vida muito intensa nos negócios, o que lhe rendeu muitos fracassos e insucessos que, contudo, nunca lhe minaram o ímpeto a determinação e a coragem.
Descobriu logo cedo a sua vocação pelas letras e conseguiu extrair da caneta a sobrevivência própria e da família, atividade da qual fez caixa para dar suporte às suas investidas nos negócios, quase sempre mal sucedidos.
Nacionalista por convicção nos faz lembrar muito o nosso conterrâneo Ariano Suassuna nas suas opiniões polêmicas que sempre conquistaram a admiração e o respeito de quase todos.
Mesmo tendo confrontado os modernistas de 1922 e criticado a obra de Anita Malfatti, não o fez negando-lhe qualidade, mas cobrando nacionalismo ao movimento cheio de inovações europeias tais como: surrealismo, cubismo, dadaísmo, futurismo e outros ismos importados que segundo ele negava a nossa cultura. O mesmo posicionamento que o nosso Ariano Suassuna morreu defendendo.
Oswald de Andrade, um dos expoentes dos modernistas de 1922 era um grande admirador de Lobato e hoje eu enxergo que o escritor e os modernistas tinham o mesmo zelo nacionalista, apenas com pontos de vista diferentes.
Interessou-se pela prospecção de petróleo que surgia como alternativa energética libertadora para transformar o cenário econômico nacional e pagou um alto preço pela audácia de afirmar que era possível explorar petróleo no Brasil.
Naquela época já havia entreguistas como os de hoje que passaram a taxa-lo de comunista, a persegui-lo e até prendê-lo por Cinco ou Seis meses, quando um clamor público exigiu e conseguiu a sua libertação.
Afirmava ele que com o petróleo; “o Brasil poderia deixar de ver milhões de brasileiros descalços analfabetos, andrajosos e na miséria”. Essa afirmativa parece um filme em lançamento nessa semana e materializa a afirmativa de Karl Marx de que “a historia só se repete como farsa” e essa farsa está em curso 83 anos depois.
Recomendo a leitura de um dos seus livros cujo título dá nome ao livro: O Poço do Visconde, com dezoito capítulos e é uma narrativa que explica de forma lúdica o petróleo, do poço à torre de craqueamento, em todo processo de prospecção e refino. Os personagens são todas as crianças do Sitio do Pica Pau Amarelo, mais Dona Branca e Tia Nastácia como personagens primários.
Reportei-me à Monteiro Lobato para mostrar com fatos vividos que o que o que nós estamos passando agora não é uma situação inédita. Já ocorreu no passado e custou a reputação, a liberdade e o sofrimento de muitos nacionalistas como ele que lutaram para que hoje nos estivéssemos aqui, com a obrigação de fazer com que a história avance para que nossos descendentes tenham dias melhores.
João Vicente