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Por: João Vicente Machado
Nunca as empregadas domésticas foram tão comentadas como nesta semana que passou! O motivo foi uma declaração cifrada do abominável banqueiro Paulo Guedes, que revela nas entrelinhas outro alvo, mas que usou a doméstica como boi de piranhas, e colou na figura honrada da empregada doméstica, até de forma propositada, como um estigma do desequilíbrio macroeconômico do país.
Paulo Guedes como banqueiro que é, conduz a economia pela ótica financista do mercado, numa prática ortodoxa ultra conservadora, que nenhum país do mundo tem coragem de usar onde o interesse é exclusivo da banca internacional e não contempla a nação nem a nossa soberania.
Como ministro da economia não está preocupado com: infraestrutura, industrialização, agricultura, habitação, saúde, saneamento, emprego, geração de renda e bem estar social. Enfim, ele não quer saber a quem vai atingir para cumprir a missão que lhe foi confiada pelos verdadeiros donos do poder, que com certeza não é Bolsonaro e seus pupilos desastrados, e sim os donos do capital.
Ora, as trabalhadoras domésticas dignas e honradas, como honrados são os demais trabalhadores do Brasil, foram sempre escondidas, humilhadas, e na necessidade patronal de tê-las de apresentar em público, são sempre marcadas para não serem confundidas com o pequeno burguês pobre que as contrata. Embora essa prática não seja regra, até porque existe também a corrente que tendo consciência de classe, entende e trata a empregada doméstica com dignidade, como gente que é, igualzinha ao pequeno burguês, sendo diferenciada apenas pelo dinheiro, mas que é obrigada a comer carne de segunda nas suas refeições, enquanto prepara o filé do pequeno burguês, que ainda se julga humanitário.
A discriminação de classe é visível até no uso dos elevadores dos edifícios burgueses, onde as domésticas só podem entrar e sair pelo elevador de serviço e nunca pelo chamado “elevador social” para não enfeia-lo. (vejam os nomes usados: social e serviço!).
Nos lugares públicos, onde a dondoca faz questão de se acompanhar triunfante e fagueira, acompanhada de uma doméstica denominada de babá, a qual conduz as crianças nos braços ou no carrinho, fardada e, as vezes, até com touca na cabeça para distinção de classe.
Estaria Paulo Guedes então se referindo a esse inofensivo extrato do mundo do trabalho, já devidamente controlado pelo “alto” salário de R$ 1038,00 mensais que recebem?
É óbvio e ululante que não! E mesmo que o dólar chegasse a relação de 1 por 1, ou seja, U$1,00 por R$1,00, a menos que acompanhasse uma dondoca para assessora-lá no passeio pela “catedral do deslumbramento”, jamais uma doméstica teria condições financeiras de passear na Disneyworld, jamais!
Perceberam?
Afinal, a quem Paulo Guedes se refere, senão ao próprio pequeno burguês de classe média que é cúmplice desse desgoverno e que teimosamente, insiste em ser rico. O mesmo que nos governos LULA e DILMA, que ainda odeiam tanto, viajavam até duas vezes ao ano, não somente para Disney, (Valei-me Ariano Suassuna) mas também para: Europa, Ásia, África, América, Oceania e no escambau.
Os aeroportos eram superlotados por eles e eu conheço vários deles, acometidos de grave complexo de vira-latas, que embora vivendo os últimos dias de Pompeia e rapando o fundo do taxo para não perderem o glamour e a pose, continuam com a mesma síndrome.
Pois é pequeno burguês pobre, você é a doméstica de Paulo Guedes e talvez não esteja se apercebendo. O recado dele foi para você mesmo que muitas vezes é terceirizado pela elite para hostilizar os seus, os da sua classe, em defesa do establishment.
É você mesmo que é “ contratado” para chacotear, humilhar, reduzir a classe que você pertence e abomina a troco de um aceno de mão ou de um raro momento de notoriedade e distinção, de olho na sobra de alguma migalha que cai da mesa do banquete da elite.
Lembre-se que a elite não tem raiva de nós não, ela tem nojo, e usa muitos de nós para os seus propósitos discriminatórios, terceirizando o serviço sujo para o qual, igualmente a Pilatos, ela lava as mãos por não querer sujá-las
“Nunca pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”
“Nenhum homem é uma ilha, todo em si; todo homem é uma parte do continente, uma parte da terra; se um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa é diminuída, tanto se fosse um promontório, como também se fosse uma casa de teus amigos ou a tua própria; a morte de todo homem me diminui, porque sou parte na humanidade; e então nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”
Joao Vicente, quanta perspicácia! Esta interpretação do significado da jogada de Paulo Guedes é perfeita. Precisamos divulgá-lá para que as pessoas entendam. Ora eu fiquei me perguntando por que as empregadas domésticas? Você vem com todos os porquês Olhe: " não se acende uma lâmpada para deixar debaixo da mesa"