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A chegada das chuvas

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Não há notícia mais alentadora para o nordestino do semiárido do que a chegada das chuvas. É uma festa indescritível para a população urbana que, embora dependendo da força de trabalho da agricultura familiar que traz o alimento a sua mesa, não tem noção  do esforço do sertanejo para produzi-lo.

O homem do semiárido tem um amor telúrico tamanho, uma simbiose voluptuosa com o meio em que vive e produz de fazer inveja aos devastadores dos diversos biomas. Ele acaricia a terra com suas mãos calejadas, conversa com ela, com os animais e com todos os recursos naturais com os quais convive e dos quais precisa para sobreviver.

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O amor e os cuidados que dispensa à água é tamanho que se revela de uma maneira dramática. Essa revelação é observada até nos verbetes (palavras) que usam.

Explico: quando uma barragem ultrapassa  o seu nível máximo, dizemos que transbordou. O nordestino do semiárido que considera a água um plasma da sobrevivência, diz com um inconsciente de aflição: a barragem sangrou! Diz isso com a vontade altruísta de aprisionar o sangue da sua sobrevivência.

 Agora mesmo estamos vivendo esse êxtase com as chuvas que os meteorologistas da AESA preconizaram para o período e mais uma vez assistimos o ritual de euforia que se repete a cada ano.

Que venham as chuvas e que durem o suficiente para aplacar a sede e a fome.

João Vicente
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