Por: Neves Couras;
Eu sempre quis pegar um trem, um desses que aparecem nos filmes, e, durante a viagem, ser surpreendida com a realização de alguns sonhos. Seja encontrando alguém que nos levará por caminhos que a nossa imaginação já havia percorrido, seja apenas para apreciar a paisagem.
Está chegando o período que as pessoas se preparam para o Natal. Aqui, não me refiro a parte do nascimento do Cristo, mas o período que sabemos e sentimos que a atmosfera do mundo muda. Sinto como se tudo no Planeta se preparasse para grandes “milagres”. E, é um desses milagres que eu gostaria que acontecesse em minha vida.
Não estou me queixando de nada diante do Criador. Mas acho que há alguns anos entrei em um trem que não era bem o que eu sonhei em pegar. Também não sei se haveria outro, ou se seria este que estava realmente destinado à minha viagem.
Peço a quem esse texto chegar, não faça uma análise da escritora que fala de uma Doutrina e de seus ensinamentos. Hoje, quem está a escrever é uma mulher que apesar de ter apanhado um trem com pouca bagagem e muitos problemas a resolver, ainda sonha. Jamais deixarei de sonhar.
Os sonhos de um poeta, de um “sonhador”, que precisa para que sua viagem seja mais leve, e, não tivesse tantos problemas.
Gostaria de sentar em uma cabine de um belo trem, uma bem confortável e que ali encontrasse apenas um bom livro para ler, um amigo para conversar e que pudesse chegar ao meu trajeto, sem muitos percalços.
Mas, talvez pela dureza da realidade da viagem neste trem, a realidade sempre superou os sonhos. Vivi, e vivo, a cada dia dois lados da mesma vida. Uma, a que tive sempre de ser a condutora dessa viagem, sabendo que existe em torno de mim uma “grande assessoria divina” que por mais complicada que seja a viagem, sei que o pior não irá acontecer.
No entanto, cheguei a um ponto da viagem que me sinto cansada. Naquele ponto que se faz necessário, dentro de mim, algo mais forte. A fé não me falta, mas sinto que, quem sabe, chegou o tempo de pelo menos neste período, sonhar um pouquinho. Tirar os pés do chão, olhar apenas para o céu como fazia quando criança, olhar as estrelas sem ter nenhuma preocupação com os momentos que viriam.
Sei que são esses sonhos que ficam guardados em um cantinho dentro de mim, junto com uma porção de fé e muita experiencia de vida, que me fazem seguir em frente. Volto a colocar os pés no chão, mas no coração e na cabeça, carrego muitos sonhos.
Justamente neste período que antecede o Natal, que a caixinha dos sonhos é lembrada. Como uma expectadora, tiro da gaveta a bela caixinha, revejo os sonhos, faço uma avaliação do que lá ainda se encontra, e volto a guardá-la.
Volto à realidade e sei que sou responsável pelo trem que entrei. Já tive grandes realizações, e tenho muita coisa para olhar em entorno, que me dão alegria e, como uma dose de uma medicação que me renova, continuo a viagem.
Houve um tempo, que a sonhadora ficou muito tempo só vendo os sonhos e esqueceu de avaliar a realidade e, talvez por isso, ainda tenha tanto sonho a realizar. Sei que não é pra todos, sei que talvez nem chegue a alcançá-los. O tempo é implacável. Ainda bem que não existe apenas uma vida. Mas neste momento da viagem, tá complicado, tá pesado…
Quando aportei por aqui, as coisas já foram ficando complicadas. À medida que fui crescendo de tamanho e buscando conhecimento para me desenvolver e compreender a vida, já percebia que a viagem não seria fácil. Não me vejo em pleno deserto, mas de vez em quando, paro para pedir aos meus companheiros invisíveis, um pouquinho de trégua.
Esse é desses momentos. Sei que a minha viagem não é a mais difícil nesse trem, mas talvez por estar mais vulnerável e os sonhos estarem demorando a chegar, ou nem cheguem, é que estou pedindo um tempo…
Gostaria, sim, de, neste momento, apenas subir no trem sem nenhum compromisso mais urgente e passear um pouquinho nas facilidades que alguns desfrutam. Não muitas. Sei que no máximo, parar sob à sombra de uma árvore bem frondosa, ficar sentido a brisa em meu rosto, à noite deitar no chão para ver as estrelas passarem, observar a passear da lua durante à noite e, quem sabe, já voltar pra realidade, e começar a viagem novamente.
Aqui, neste sonho, não falta o elemento fé, nem a confiança nos Instrutores da caminhada. Apenas pedindo um tempinho para poder parar e abrir a caixinha dos sonhos, que neste período, tantos sonham e realizam.