Por: Neves Couras;
Nascemos e crescemos vivenciando, em cada fase de nossa vida, a necessidade do amor para um desenvolvimento feliz e salutar. Não se faz necessário citar nenhum estudo científico para provar que o amor nos traz todas as possibilidades de uma vida com equilíbrio e saúde mental.
Quando encontramos nosso primeiro amor, na maioria das vezes, ainda muito jovens, o sonho do encontro com nossa alma gêmea é sempre cultivado. Em muitos casos, foi apenas um pequeno encontro que se tornou um desencontro, e outro e outro… enfim, muitas vezes demoramos a encontrar os que uns chamam de cara metade, mas acho que esse conceito, ou forma de ver uma relação não é muito salutar.
Quando você chama ou acredita que encontrou sua cara metade, é porque você precisa de um outro para se completar. Daí, surgem, em muitos casos, as dependências e as relações conflitantes. Imaginemos que para vivermos uma relação saudável, e que apesar de parecer sonho de adolescente, precisamos amar e sermos amados.
Vamos pensar numa situação que venha demostrar melhor essa nossa forma ver de uma outra forma os relacionamentos. Novamente, afirmo não possuir nenhuma formação em psicologia ou ser terapeuta. O que me faz trazer aos nossos leitores, algumas reflexões são, ou foram, minhas experiencias de casamentos e namoros que duraram 46, 40, 50 anos… Às vezes, após um terço, cinquenta por cento, cem por cento desse tempo, uma vida ao lado de uma pessoa que, ao final de tudo, descobre-se não ser sua “cara metade”. As decepções e traições que essas mulheres jamais imaginaram surgem após uma viuvez, um divórcio, ou uma traição.
Vivenciei casamentos que, por depoimento das próprias mulheres, viviam com estes homens por não “terem como saírem dessa relação”. A algumas, cheguei a perguntar? E o amor? – Ah! Minha senhora, isso nunca existiu. Foi tudo um engano. Ou então, eu não sabia o que era amor”!
Não sei se realmente elas não sabiam o que era o amor. Me pergunto apenas, o que mudou nesta relação? Como a pessoa que conhecemos parece ser a que sonhamos para viver ao nosso lado e, tempos depois, essa situação muda?
Nos vem sempre a pergunta: – Estou sendo culpada de nosso relacionamento está mudando tanto? – Por que nada que faço parece satisfazê-lo?
Estas perguntas, por vivermos numa cultura machista e preconceituosa, nos vem como se fossemos culpadas da relação não está dando certo. Ele começa a chegar tarde do trabalho, chega cansado, e sem assunto para conversar. Começa e existir um muro que nos separa e que se não conseguimos entender a real situação, tudo desmorona sobre nossas cabeças.
Pessoas com as quais conversei e que relataram situações idênticas a essa, me fizeram buscar respostas para essas situações. Não é comum termos conhecimentos para que identifiquemos tais situações. Mas podemos observar com um pouco mais de atenção e encontrar a resposta na expectativa de buscarmos no outro o que nos falta. Não podemos deixar que o outro seja metade de nós, uma vez que ele já é “metade”, ou seja incompleto, assim como você, como eu.
Nossa busca deveria se concentrar em alguém que apenas possamos compartilhar, sentimentos e uma vida a dois plena. Defeitos, todos nós os temos. No entanto, quando adquirimos essa consciência, teremos mais chances de viver um relacionamento mais saudável.
A experiência de vida de casais como nossos pais, avós, tios e tias, sem dúvida poderá contribuir com a nossa vida a dois. Os erros que podem ser evitados, os comportamentos que podem ser identificados, e dessa forma não nos envolvermos em relacionamentos doentios que nos levarão a uma vida de incertezas, de traições e até mesmo de enfermidades, que, por não conhecermos acharmos que são apenas seu jeito de ser.
Só um amor verdadeiro, compartilhado, e não dividido, possibilita uma vida a dois de respeito e admiração mútua, só assim, poderemos conseguir um relacionamento saudável onde, nossos filhos se sentirão seguros, além de terem a oportunidade de conhecer um verdadeiro amor, que poderá se repetir em suas vidas futuras, se assim, for da vontade deles.
É muito bom amar, melhor ainda, saber que somos amados. O amor gera um círculo de energia do bem, da generosidade e acima de tudo de paz a todos que são neste círculo. Lutemos para que possamos vivem um mundo onde cada uma de nós só fique em relacionamentos onde a única prisão seja o nosso amor, não os filhos, a falta de dinheiro ou o medo nos prendam. Sejamos, quando pudermos, as portadoras das chaves dessas prisões. Vamos incendiá-las para que nunca mais vejamos mulheres e meninas, como fomos um dia, serem presas em relacionamentos abusivos por não conhecerem o amor verdadeiro, não terem independência financeira ou o que quer que seja que nos prende a esses relacionamentos que nos mantêm em prisões invisíveis por toda uma vida.