Você fica ou vai em frente?

Por: Neves Couras;

Estou aqui, novamente, para falar de um sentimento que estou ainda experimentando e sei que muitos também estão, ou um dia virão a vivenciá-lo. Falo de um momento que Dr. Viktor Frankl chama de “libertação”.

Muitos de nós, em certos momentos de nossa vida já vivemos algum tipo de relacionamento ou experiência de “aprisionamento”, de relacionamento abusivo ou mesmo um emprego, que ao nos aposentarmos nos sentimos livres.

Espero que o leitor compreenda que nem sempre quando um escritor aborda algum tema ele tenha vivido inteiramente o que escreve. Acredito, pelo menos acontece comigo, que alguma coisa ressoa quando se refere a nossa vida, mas nem tudo é autobiográfico.

Desenvolvi, como pesquisadora, o costume de ouvir as pessoas. Algumas fazem parte de meu círculo de amizades, outros não. Acontece de estar sentada em um consultório médico ou em outro lugar, alguém ao meu lado começa a falar de sua vida, e aproveito a oportunidade de me levar a algum tema que acredito que precisa ser falado.

Nada é por acaso em nossa vida, nenhum encontro ou desencontro. Há e haverá uma razão para tudo que nos acontece nesta vida, basta observar.
Dr. Viktor Frankl fala da liberdade após libertação dos campos de concentração. Como muitas pessoas se sentiam à deriva, pois não acreditavam terem sobrevivido àquele sofrimento, já que não tinham imaginado que poderiam viver livres. Outros tantos se sentiam culpados simplesmente por estarem vivos enquanto toda a sua família e amigos tinham padecido nos campos.

Não imaginem que a prisão só existe quando estamos rodeados de muros altos e celas instransponíveis. Não! Essa abordagem pode ser uma grande surpresa para muitos, mas meu intuito é de te levar a uma reflexão e a fazer uma autoanálise de sua vida que, muitas vezes, te faz sentir em uma prisão sem muros.

A prisão pode ser por não se ter a liberdade de ser quem você é, de vestir o que gosta, de usar um cabelo que gostaria de ter, de se reunir com amigos porque algo ou alguém te impede, ou mesmo ao se casar deixar de fazer o que gostava para agradar seu marido ou mulher, apenas com o intuito de evitar uma discussão.

Ao abrirmos mão de nossas vontades para simplesmente agradar o outro, num primeiro momento, não vai te fazer se sentir diferente, mas com o passar dos anos, percebemos, quando percebemos, que não somos mais os mesmos.

Não me refiro às transformações naturais que a vida nos traz, mas de um tipo de vida que temos até que um dia, por alguma razão, há uma ruptura neste modo de viver e, aí, nos vemos perdidos.

Estamos livres. E agora, o que fazer? Vamos continuar uma vida de uma prisão imaginária, ou vamos seguir em frente com nossa vida. Será que você lembra ainda quem verdadeiramente é você?

Não temos mais a necessidade de “prestar contas” de nossos atos. Agora, somo nós por nós. Que sonhos deixados para trás poderemos retomar? Não traga à sua mente: “eu não consigo!”. Tenho aprendido com os que falaram de suas tristezas ao se aposentarem, ao término de um casamento, seja pela viuvez ou por uma traição, há uma frase unanime: “Não sei o que fazer”!

Essa ruptura vivida pelos recém libertos, nos levará a uma retrospectiva de nossa vida passada durante aquela prisão, pode nos levar a perguntas como: “como suportei tudo aquilo?” ou pode nos levar a dizer: “sou capaz!”. “Se passei por tudo aquilo, por que não poderei reconstruir minha vida?”.

É exatamente isso que eu gostaria concluir esse artigo dizendo: Se chegamos até aqui, é porque somos fortes e, como tal, suportaremos e venceremos todos os desafios.

Não percamos tempo com coisas ou relacionamentos que nos levem às mesmas situações anteriores. Vamos cuidar de curar nossas dores e tristezas. É um luto que precisamos viver.
Ainda vamos chorar, nos questionar ou mesmo dar um ponto final a tudo que ficou para trás. O que não podemos fazer é nos culpar de nada.

Recomeçar é preciso, pois nascemos para sermos felizes. Liberdade vivida com responsabilidade é a que a vida nos oferece de agora em diante.
Busquemos nossa felicidade e a realização de nossos sonhos.

 

 

 

Sugestão de leitura: “Em busca de sentido”. De autoria do Dr. Viktor E. Frankl.

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