Por: Bodão Ferreira;
Passando outra eleição
Nos pleitos municipais
Me assusta a situação
Em termos propositais
Não ouvi ninguém falar
Que iria trabalhar
Contra o analfabetismo
Nem pra combater a fome
É só garantir sobrenome
E firmar o nepotismo
Na cultura se falou
Como festinha de palco
Onde se chama um cantor
Para cantar sobre álcool
E se esqueceram dos mestres
Das mestras e há quem conteste
Falar de música raiz
Nem mesmo de artesanato
Chamar o povo de fato
E dizer o que lhe faz feliz
É sempre briga de ego
Pra manter os mesmos nomes
Feito martelar um prego
Na areia dizendo “tome”
Nunca muda a estrutura
Se abandona agricultura
Chamando o Agro de pop
Alarga a mangueira do gasto
Pra tomar terra com pasto
E a do povo se entope
Não se fala em juventude
Nem em geração de renda
Some a pauta da saúde
E educação em contenda
Se fecha escola do campo
Pobre sem curso e nem trampo
Fica fora da conversa
E os netos do coronel
Seguem cumprindo o papel
Cercando o que lhe interessa
Até mesmo a propaganda
Parece nunca mudar
É sempre igual a demanda
Para se candidatar
Sobrenome de patrão
Só surge na eleição
Comendo pastel na feira
Faz vídeo na periferia
Mesmo que em seu dia a dia
Jogue o povo na lixeira
