Por: Neves Couras;
Depois de um longo período sem ter tempo de fazer uma série de coisas que me fazem muito bem, uma delas ouvir música, me deparei com uma composição de Ivanilton De Souza Lima, Paulo Cesar Guimaraes Massadas e Mihail Plopschi, cantada por Gal Costa e Tim Maia. Voltei o pensamento para esses versos:
Eu preciso te falar,
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar,
Depois andar de encontro ao vento.
Eu preciso, na verdade, me reencontrar, me rever. Preciso buscar dentro, lá dentro de mim, alguém que adora dançar, brincar, conversar e rever amigos. Não sei o que ficou em mim depois de tantas experiencias, de tantas alegrias, dores e de ter o amor de três pessoas importantes na minha vida, que na verdade, já são quatro. São os presentes de Deus em minha vida, mas que agora, além de para eles, preciso viver para mim. Retomar meus projetos como escritora e pensar no que deixei para trás. Evidente, que nada que deixei foi por obrigação, mas talvez, por ter escolhido um caminho de doação e de cuidado para com toda família, esquecendo da pessoa mais importante nesta relação: eu mesma.
Para alguns, isso parece egoísmo, falta de amor para com os outros. Nada disso. Nestes últimos três anos e, principalmente, nestes últimos três meses, pude aprender que se o meu eu não estiver forte, satisfeito comigo mesma, eu desmoronaria. E, olha, quase desmoronei.
Foi então, que alguém me disse baixinho ao meu ouvido: acorda, olha para dentro de você, sem você, o outro não existe. Assim, percebi o significado do amor próprio. Primeiro você se cura, depois parte para curar outros.
Como diz ainda, a música, “preciso respirar”, preciso voltar a sentir o vento em meu rosto, preciso sentir que minha pele vibra com o sol ou com a chuva. Preciso de ti, amiga, amigo, pois é bom se sentir bem sozinha, mas não nascemos para viver sozinhos. Nosso coração precisa bombear nosso sangue, com toda serenidade e amor e, isso só será possível, se estivermos em harmonia conosco e com os demais.
Não julgue quem quer viver. Não critique quem prefere se recolher. A cada um é dado o direito de se amar para que possa amar. Não me refiro ao amor romântico, me refiro ao amor fraterno, ao amor que nos mostra a centelha divina que vive em nós.
A centelha que faz com que nossos olhos brilhem, nossos gestos sejam de amparo e de gratidão a toda a natureza. Ao Sol que nos ilumina, à lua que nos faz sonhar com sua luz branda e suave.
O Amor que precisamos nos banhar com sua energia e seguir em frente. Em nossa caminhada, é comum alguns irem antes de nós. É a vida! No entanto, é importante que eu me sinta plena pelo amor e o cuidado que doei. Doei mesmo quando quem recebia não sabia que estava recebendo, mas eu sabia que ele precisava.
Assim, estou me reencontrando, quando escuto uma música, leio um poema, um oferecimento de um livro que recebi há muitos anos, quando encontro alguém e que começamos a nos relembrar histórias de família, de outros amigos, da Faculdade, dos cursos, enfim, do passado que me fez ser o que sou hoje, mas que ainda tem algumas coisas de mim que foram guardadas para serem vividas no momento oportuno. O memento chegou! Aqui estou.
Te encontrar num sonho lindo…
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido,
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo,
Ver o sol amanhecer,
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo.
….
E deixar falar a voz do coração.
