Por: Neves Couras;
Resolvi escrever a respeito desse tema com um único objetivo: lembrar a quem esqueceu o que é amizade. Estou me referindo ao passado não porque eu esteja vivendo lá, não, mas porque somos o que somos hoje graças a um passado que nos ensinou, que nos fez sofrer e que também nos proporcionou muitos momentos felizes, os quais, vez ou outra, queremos visitar. Não para vivermos presos a ele, mas para trazer o que foi bom e, quem sabe, reviver novamente os momentos felizes.
São as músicas, os lugares, os momentos e algumas pessoas que passaram por nossa vida, seja porque nos fizeram felizes ou infelizes. O remédio para viver bem é esquecer aqueles que nos fizeram mal, assim como os momentos. De vez em quando, ao visitar o passado, pego algumas caixas, coloco nelas as dores, o sofrimento, a inveja e as maldades das quais fui vítima, fecho essas caixas e as entrego ao universo.
Pelo menos em relação ao que ficou nessas caixas, já não lembro mais quem foram nem o que fizeram. Não vale a pena ocupar meu coração e minha mente com coisas ou pessoas que me trouxeram sofrimento.
Não jogo fora os momentos felizes, nem aqueles que me fizeram sofrer, mas que me trouxeram ensinamentos profundos. Não esqueço quem amei ou quem ainda amo, pois muitos desses amores estão guardados em um lugar especial e assim devem permanecer: guardados e relembrados.
Mas e os amigos?
Esses dias estava ouvindo uma psicóloga dizer que as pessoas estão vivendo um tempo em que, talvez por causa das redes sociais, acreditam que seus seguidores são amigos. Ela dizia: “Amigo é amigo, seguidor é seguidor e colega é colega”.
Achei esse esclarecimento muito importante, pois amigos são poucos em nossa vida. Alguns dizem ser seus amigos apenas para colher o que precisam ouvir de você e seguir adiante. A esse tipo eu chamo de “amigo por encomenda”. Acho que todos nós que trabalhamos em empresas ou mesmo no setor público temos ou já tivemos um amigo por encomenda. Não se engane. Preste atenção nas atitudes dessa figura. Há também o amigo que quer saber tudo da sua vida, mas, da vida dele, como diz minha neta, coloca um zíper na boca e nada fala.
Nunca fui de ter muitos amigos. Como sempre fui uma pessoa cheia de limites, os meus são poucos. E, graças a Deus, são amigos de verdade.
O amigo verdadeiro é aquele a quem você pode entregar seu coração completamente aberto e que, simplesmente, compartilha com você todas as dores, alegrias, sucessos e insucessos. É o amigo de todas as horas, aquele com quem você pode contar nas aflições e nas alegrias. Seus segredos com ele estão seguros. E mais: não é preciso viver ao seu lado o tempo todo. Mas, quando precisamos um do outro, estamos lá para ajudar, recorrer e amparar, se for preciso, sem nada pedir em troca e sem compartilhar com ninguém os segredos que foram confiados.
Nestes últimos tempos, passei por muitas decepções e, graças a Deus, fui desiludida. Pois uma das piores coisas que podemos viver é a ilusão. Meu Deus, como dói esse sentimento. Mas como é libertador quando vemos as máscaras caírem.
Pensar que somos amigos de alguém ou, por sermos ligados pelo sangue, achar que podemos confiar plenamente em um familiar, e depois perceber que não era bem assim… quanta dor. Por outro lado, é uma grande alegria saber, de fato, quem são nossos verdadeiros amigos.
Quero, neste artigo, agradecer a todos os amigos e amigas-irmãs que ganhei nestes últimos anos. Agradeço a Deus pela grande família com a qual Ele me presenteou, incluindo as amigas e vizinhas que ganhei ao longo da vida.
Amigo é aquele que sente em seu coração que você não está bem e, sem perguntar nada, apenas diz: “Vou aí para conversarmos um pouquinho”. Ou liga e diz: “Amiga, estou sentindo que você não está bem. O que houve?”
Gratidão a todos vocês que me ampararam nos momentos de muita dor, aos que estão na Terra e aos que estão na Espiritualidade.
Que a nossa amizade possa continuar, pois só tenho a oferecer o meu amor.
