Por: Neves Couras;
William Shakespeare escreveu “um dia a agente aprende que o tempo é algo que não volta atrás. Por isso plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores”. O problema dessa belíssima citação é saber exatamente que tempo descobriremos isso.
Em nossa juventude, tudo é belo e fácil. Nosso, corpo guardião de nossa beleza e de todas nossas travessuras, age como se fossemos ter a beleza, o brilho dos cabelos, a pele lisa como de um pêssego, tudo é fácil, encantador e encantado para sempre.
As festas nos deixam a certeza que nossa beleza e nossos atrativos serão eternos. Podemos dançar, namorar e tudo sem consequências. E a festa de nossos quinze anos? Realmente nos faz crer que somos verdadeiramente uma princesa. E mais, que encontraremos nosso príncipe encantado e mesmo que nosso encontro tenha sido rápido, o primeiro amor foi selado para sempre.
O amigo tempo vai passando, se não fui eu a princesa da noite, mas certamente muitos quase príncipes me desejaram, sem dúvida. Meu corpo também era de uma princesa bela, roupas e joias encantadoras. Meus lábios continham um mel que ninguém possuía. Segredos de princesa.
Continuo sem me lembrar do tempo. Finalmente encontro meu “príncipe”! Me levava às melhores festas da cidade, me deixava flores da janela e, mesmo que eu saísse de casa sem avisá-lo, ele me encontrava. Realmente achei meu primeiro amor. Casamos numa linda noite de lua com uma bela festa, dançamos até altas horas, bebemos todas os espumantes que foram nos oferecidos. Mas já não aguentávamos.
Precisávamos sair daquele lugar. Um belo quarto nos esperava. Nossos corpos ardiam de tanto desejo. Tudo maravilhoso. No dia seguinte, fomos para nossa casa. Eu havia a preparado juntamente com minhas amigas, para vivermos nosso grande amor.
Foi tudo maravilhoso. Engravidei de meu primeiro filho.
– Mas já? – Disse-me ele com cara de um “eu não queria”.
– Mas meu amor, a prova de nosso grande amor!
– Pode ser do seu, meu não.
-Caí em pranto, ele foi para o trabalho. Eu passei o dia chorando. Não havia comido nada, nem tive forças para fazer minha higiene pessoal. Mas pensei: quando ele chegar terá repensado e vai me abraçar e pedir desculpas. Que nada. Chegou embriagado, a roupa toda amassada, e nem olhou pra mim.
No dia seguinte foi embora e nunca mais o vi. Com ajuda de minhas irmãs e de minha doce mãe, criei meu filho. Consegui um emprego e logo as questões financeiras foram resolvidas. Eu chamava atenção de meus colegas de trabalho, pela minha beleza e seriedade, mas nunca mais quis um outro “príncipe”. O primeiro foi o suficiente par trancar meu coração para o amor.
O tempo passou, meu filho seguiu sua carreira de Engenheiro e conseguiu um emprego em outro estado. Vinha me visitar poucas vezes… Comecei a me sentir só. Não ia mais ao cinema nem às festas com as amigas. Já estava aposentada, meus cabelos começaram a embranquecer e eu já não tinha o mesmo corpo de antes.
Foi aí que me encontrei com o tempo. O tempo que somos vistas não mais com desejos, mas como uma bela dona de casa e uma boa cuidadora. Foram vários os candidatos, mas a convivência com as amigas que passaram por coisas parecidas com o que passei e resolveram tentar um segundo matrimonio, foi mais um fracasso.
Resolvi então, olhar para mim. Me vi sem o belo corpo, no rosto já apareciam rugas que o tempo me deixou e eu não tinha mais a libido do primeiro amor. Resolvi me encontrar com o tempo cara a cara. Fui logo dizendo: – Por que você fez isso comigo? Ele respondeu: – Você continua bela, mas não aquela beleza. A beleza da experiencia do amadurecimento e da experiencia para viver um amor de verdade. Abra seu coração, deixe ele chegar!
Foi o que fiz. Me preparei como uma princesa, não com quinze anos, mas com a beleza que o tempo me deu com todo carinho.
Não se sabote, abra seu coração e permita ser amada, é possível ainda encontrar um grande amor. Um amor que se apaixone por seus lindos cabelos prateados, e sua experiencia para viver o amor que você não viveu porque não se permitiu.
Sejamos felizes hoje! Este é o maior presente da Divindade.
