Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Ando nessa Terra como quem está a passeio. Por que guardar o que pode ser usado e pode trazer prazer no dia de hoje, no agora, na hora em que estou presente e centrada em mim mesma?
Todos os dias recebo notícias de alguém que morreu, na tenra idade ou com 28, 30, 40, 50, 60 ou após os 80 ou 90 anos, outros, após completar seu centenário de vida. Esses últimos, muitos afortunados quando conseguem manter a memória em bom estado e um corpo longevo mais saudável.
Por esses dias eu soube de uma colega de trabalho que se foi, faltando poucos meses para completar seus 70 anos.
Se a vida é tão efêmera individualmente, ela é complexa e perene se a olharmos coletivamente.
Iremos perceber, então, que o que nos resta é comer as jabuticabas saboreando cada uma delas como se fosse a última, como nos inspira Rubem Alves em seu texto poético “O tempo e as jabuticabas”.
Entretanto, devemos ter em mente que é preciso valorizar tudo o que está à nossa disposição, sem desperdiçar tempo com coisas de menor valia ou que tragam sensações indesejáveis, assim como também, ter o devido cuidado de valorizá-las em todo o nosso caminhar, não apenas quando restam poucas jabuticabas no cesto.
A vida precisa ser leve. Preocupações? Todos as temos, quer em maior ou menor grau. O importante é desenvolvermos um modo de encarar os problemas com maior senso de realidade e ver que a única coisa que eles demandam são soluções inteligentes, sem ficarmos exasperados ou ansiosos com o que não está sob nosso controle.
Talvez essa seja uma boa receita para reduzirmos nosso sofrimento ao nos depararmos com os embaraços que a vida ou outras pessoas nos trazem. É preciso compreendermos que tudo é cíclico e tendendo a mudanças, em um fluxo dinâmico e cadenciado.
Ações e reações seguem um curso que muitas vezes não conseguimos enxergar de pronto, apenas as percebemos no desenrolar das circunstâncias. Por isso é preciso ter leveza, nos pouparmos do estresse de querer controlar essas situações.
Tomar decisões pontuais não significa tentar estar no controle de tudo. Fazemos nossa parte e acompanhamos o desdobramento de nossas ações assim como a de terceiros, na condução desses assuntos diários.
Sabemos que o problema nunca é o problema e sim o que fazemos com ele. Sabemos que a vida de cada indivíduo nesse plano de existência é limitado e depende de uma série de condicionantes. Logo, é preciso cuidar de si, do corpo, da mente, da emoção, dos pensamentos, assim como zelar pelo campo que nomeamos como espiritualidade.
É uma boa providência cuidarmos de nossas realizações, de nos realizarmos como seres humanos: na vida pessoal e profissional. É preponderante termos iniciativas, com o consequente resultado (acabativa), porque isso põe os nossos dons e talentos em movimento e na direção da concretização de sonhos e metas. É preciso também sermos cuidadosos para não cair nas armadilhas do autoengano ou da autoafirmação. Esse é um aspecto difícil de nos disciplinarmos.
Pessoas felizes são aquelas que conseguem realizar seus objetivos com aquilo que dispõem, apesar de limitações e circunstâncias nem sempre favoráveis. Agir adequadamente, mesmo em desconforto, nos faz mais fortes, nos capacita a ter um olhar mais maleável conosco e com a vida, com o nosso foco, com o tônus emocional, com nossas fraquezas, conjugando-os com os nossos pontos fortes.