Porcentagens naturais

Por: Emerson Monteiro;

Essa ordem das coisas impõe vontade soberana e guarda força suficiente a uma rendição incondicional aos acontecimentos. O pulsar das horas implica numa condição ordenadora do caos. Diante de folhas que amadurecem e cobrem a terra, resta obedecer ao mistério, zona fronteiriça das estradas e suas bifurcações enigmáticas.

Essa fome de alternativas virou moda, enquanto repastam vorazes os animais. Oferece, porém, milhões de produtos, entretanto não satisfaz a ânsia de saciar angústias à disposição do prazer, catadores de gozo em que se transformaram os humanos seres com o passar das gerações.

Números falam em tom pausado de vozes que hipnotizam. Maestros buscam termos ideais para acalmar a multidão impetuosa à porta das lojas fechadas.

Houvesse trecho persistente na memória coletiva e haveria números percentuais que enchessem as comportas da certeza. Outrossim, tudo reclama justo ganho, que decorre da quilometragem dos séculos sumidos nas nuvens interiores das criaturas.

Passadas milhões de luas e as moendas do Céu conduzem às portas do instante. Quer-se crer proporcional ao desejo dessas almas valer mais um gosto do que cem mil réis, dos plantadores de sonhos de lajes e monumentos à incerteza certa.

Ontens, tais datas marcantes de conquistas fugidias, escorrem no mel cristalizado sobre o monturo da civilização, lixo encharcado nas dentaduras postiças, reluzentes, vaidosas. Pouco, um quase nada, percorre os fios das consciências. Perguntas por gestos e confirmações e o tempo responde com velas acesas de sons articulados às pressas, que se derramam em becos e afastados subúrbios. O ritmo e o espaço aberto de linhas e o silêncio existem na mesma proporção do vazio dessas notas, importância justa das catracas do sistema que se sucede contínuo nas madrugadas, com o nascer do Sol.

Isso indica fé, convicção, coerência, em meio ao jogo da Natureza. Dar-se ao jeito sincero da permanência, no balanço dos barcos, significado de regras, letras e pensamentos, atitudes e desenhos, fluir de correntes e ondas que vão e vêm ao sabor das eras.

Respostas que chegam e contagiam multidões em porões escuros, quais duendes matemáticos, vírgulas, pontos e outros sinais, pausas e recomeços. Virar as esquinas, providência mecânica, vez em quando reclama parada obrigatória de rever as classes gramaticais, no itinerário da razão ao coração.

As máquinas esfriam pelos cantos de salas. Pessoas faceiras repetem antigas gravações de famintas idéias e pouca prática. Só um, o Si Mesmo responde aos códigos particulares, após o derradeiro ato. Passos indecisos de cavaleiros e flamejantes espadas, que mostram o futuro e definem prioridades, o perfume das flores que crescem na festa vivaz das eternas maravilhas.

Comentários Sociais

Mais Lidas

Arquivo