Rastros na imensidão

Por: Emerson Monteiro;

E depois de tudo ainda ser feliz… Palmilhar o chão das almas e continuar, vidas e vidas. Refazer as circunstâncias à nossa maneira, reviver os sonhos, esquecer o roteiro das lendas, e, mesmo assim, ter força de sustentar as grades do Destino sob nossos pés. Sobreviver, no entanto. Existir, por demais, além, que seja, das cruzadas que foram vistas nas barreiras do impossível… Estar onde esteja e contemplar os céus no calor dos dias em volta, traços nítidos do que virá inevitavelmente. Contar as palavras e delas somar os detalhes desse universo íntimo que aqui transportamos em silêncio. Nutrir, portanto, o imã dos desejos; fazê-lo parte da consciência; e deitar fora partes essenciais daquilo que antes fomos. Viver, qual seja isto, nos pedaços de nós mesmos largados pelo caminho do futuro, nesse transe estratosférico das luas e dos sóis inevitáveis de contar.

A gente para e observa a quanto o Tempo se resume dentro da presença, transposta aos instantes e mantida sob a guarda do mistério tenebroso. Nós, infinitas criaturas a preencher o claro do firmamento de ruídos e noites escuras, enquanto não houver paz. Seres esparsos esses, deixados no vento das eras e contados, vez em quando, nas histórias esquecidas de livros e filmes. Nisso, desliza constante o princípio das interpretações, logo ali transformado em lixo orgânico e transposto ao colo dos inocentes. Conquanto só visagens, as telas do Infinito determinam a que chegamos e seremos logo em seguida.

 

No espasmo, pois, da servidão a que isto se submeter, daí rompem as versões sucessivas de reencontros, a percorrer o tablado cinzento do que transcorra entre os ossos e a carne viva dos séculos. Com isto, os pelotões que habitam a sorte hão de escrever, com precisão matemática, o roteiro da Criação no ermo de todos nós, aventureiros da plena felicidade.

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