Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Como toda arte imita a vida, vi alguns enredos ficcionais que ressaltam comportamentos perpetrados por personagens em tramas medonhas recheadas de artimanhas e nuances sem escrúpulos.
Entretanto, o desenrolar das histórias e seus respectivos desfechos mostraram que para cada embaraço promovido por alguém, havia por parte dos vitimados os traços necessários de inteligência emocional que os favoreciam no processo de transpor e de se recompor do lixo tóxico que lhes jogaram.
Inferimos também que para cada agir mesquinho e sem escrúpulos de pessoas eventualmente próximas a nós, é fundamental se demonstrar a elas que deveriam ter tido mais honradez e mais cuidado ao tocar uma alma, uma psique, uma personalidade, um coração.
Verificamos que as ações refletem exatamente se e como os indivíduos nos respeitam ou não, o quanto nos consideram ou não, o quanto são capazes de ser éticos ou não, tanto conosco quanto com qualquer outro ser humano. Especialmente quando essa ação é em relação a mulheres: homens que não as respeitam como seres humanos, igualmente dignas de receberem tratamento decente e empático.
O agir sempre mostrará as características da personalidade desta pessoa.
E os aspectos sombrios, negativos ou que carregam falta de respeito com os outros, só sobrevivem e se perenizam porque quem os pratica não vê nada de anormal em seu comportamento equivocado e destituído de empatia. Será que esta pessoa gostaria que fizessem o mesmo com ela? Que agissem sem escrúpulos e sem respeito, se fazendo passar por gente decente?
Há certos deslizes que evidenciam falhas graves de caráter. E tais ações não falam sobre quem as recebe ou foi vítima delas, mas falam eloqüentemente sobre quem as pratica.
Se a pessoa tiver por profissão cuidar do outro, quer da saúde física, emocional ou mental, será capaz de levar esse hábito nocivo para o seu trabalho. Por que? Porque embora devesse tocar cada alma com respeito, age na vida comum sem o devido cuidado com o outro. Ninguém é uma pessoa dissociada de seu caráter, quer seja na vida pessoal quer seja na profissional.
O comportamento segue a habitualidade. Se costumeiramente há a capacidade de enganar, esse hábito nocivo continuará onde a pessoa estiver e com quem estiver. O acúmulo deste comportamento e desse agir com várias pessoas ao longo da vida, um dia pede chegar a comprometer sua imagem laboral ou deixar em dúvida o seu senso de profissionalismo.
Não existe a fantasiosa pretensão de alguém funcionar como duas pessoas distintas, ético no trabalho e não ético na vida pessoal. A vida é uma coisa só e exerceremos aquilo que somos em ambos os campos.
É por isso que reputações são expostas mais cedo ou mais tarde, se os hábitos são tóxicos, desrespeitosos e se mostram continuados. Não há como mascarar por muito tempo hábitos nocivos.
Podemos até achar que alguém é boa gente, até que ela prove o contrário com ações que venham ferir a dignidade dos outros.
Não são os feridos que facilitaram ou que foram “fáceis” e se deixaram vitimizar. Os feridos, na verdade, acreditaram em uma reputação pública que não era de fato verdadeira. A lisura, o respeito ao outro, o cuidado ao tratar de outra pessoa, deveriam ser o arauto de todo ser humano.
Infelizmente, muita gente decepciona nesse quesito e deixa marcas muito tristes e palpáveis nos outros.
Quem recebe a ação que gera decepção tem alguns caminhos, mas, o mais sábio é compreender que a mancha do ato não recai sobre si, mas, naquele que a gerou ou promoveu.
Quem recebe o ato injusto ou deselegante estará limpo. Sujas ficarão: a imagem, a reputação e a pessoa que praticou o ato.