Por: Mirtzi Lima Ribeiro
Nesse ano corrente os cristãos celebraram a Semana Santa que se iniciou no dia 13 de abril no “Domingo de Ramos” e teve seu ápice no “Domingo de Páscoa”, no dia 20/04/2025.
Este intervalo relembra a outorga e a vivificação espiritual de Jesus Cristo, tendo na Páscoa a culminância deste evento que simboliza a sua ressurreição.
A Páscoa contemporânea possui um conceito mais ampliado da Páscoa Judaica (Pessach ou “passagem”), cuja comemoração se circunscrevia ao fim de um período de servidão dos hebreus aos egípcios.
A atual celebração não diz respeito apenas à libertação física e material tipificada pela Passach. Ela trata de nos lembrar o sentido de libertação, não apenas como um deslocamento físico advindo do fim do cativeiro em busca da Terra prometida.
O conceito toma uma conotação espiritual, porque representa a migração de um estado restrito de consciência para um estado de consciência elevado, pela via da obtenção de discernimento e de uma visão mais humanizada e divina a respeito da vida e de nossas relações de convivência, bem como de comportamentos saudáveis necessários a todos os aspectos possíveis na existência.
Aquilo que carimba com ódios e mesquinharias, aquilo que escraviza, aprisiona ou submete o outro de modo aviltante precisa ser revisto, transformado e transcendido para dar lugar à adoção de todas as formas relacionadas ao direito de ser e de ir e vir.
Esse deveria ser o maior significado da Páscoa.
Então, o que podemos compreender sobre as celebrações desse período?
Elas deveriam nos remeter à ideia de que cada pessoa precisa fazer um exame isento sobre seu íntimo e sobre as premissas que abraça, para então descobrir o que precisa ser modificado, ressignificado, aprimorado, readaptado, ou, abandonado em termos de costumes e conceitos equivocados.
Deveria ser um período não apenas de eliminação de doces e de prazeres como muitos se dispõem a fazer nesse período, mas sim um sério mergulho em si mesmo para conseguir efetuar a travessia de um “eu” parcial, egotista, seletivo na via de preconceitos, tóxico em relação a outras pessoas e consigo mesmo, para um nível de compreensão em patamar saudável.
O objetivo? Tornar-se um ser humano mais consciente em relação às suas ações e comportamentos, indistintamente.
O adequado seria ter esse sentimento e fazer uma reavaliação de todas as formas de escravidão e de controle, no sentido de realizar uma libertação emocional e psicossomática delas.
É preciso empreender “a passagem” da inconsciência para a consciência. É um processo doloroso assim como foi o calvário. É preciso ressuscitar, ou seja, sair de uma mentalidade parcial obscura e de escopo denso, para renascer na busca da luz do esclarecimento, por adquirir e desenvolver sensibilidade e sensatez.
Em essência, esta celebração é um grande balizador que nos aponta que a Consciência deve se manter limpa, primorosa, agregadora, inclusiva, justa, equilibrada e com a noção ampla sobre cooperação e parceria.