O Que Devemos Saber Sobre Serpentes

Por: João Vicente Machado Sobrinho;

É muito comum ouvirmos falar de acidentes que são provocados pelo do veneno das serpentes. Entretanto, muito pouco ou quase nada sabemos o que fazer na hora de socorrer alguém que foi vítima de um acidente com cobras.

A primeira providencia efetiva é de caráter preventivo, no sentido de evitar que os acidentes que venham a  venham a acontecer, é evitar, sempre que possível os locais infestados.

Não obstante, se por força de oficio tivermos de estar presentes em locais cobertos por vegetação rasteira, arbustiva ou fechada, é prudencial termos o mínimo de informações sobre as serpentes. Até para termos a condição de orientar o socorro de possíveis acidentados. Por conseguinte, o nosso propósito neste artigo é apresentar os procedimentos adequados em caso de acidentes com os tipos de serpentes que nos são mais conhecidas e mais frequentemente estão  no nosso dia a dia.

Por definição, serpentes  são répteis de sangue frio, dotados de escamas, que como todo ser vivo têm a sua função na cadeia alimentar. Elas utilizam a sua peçonha, para capturar as suas presas ou se defenderem de agressores. Quanto ao processo reprodutivo, as serpentes podem ser ovíparas ou vivíparas se expelirem os seus ovos ou não. São geralmente mais adaptáveis ao clima quente e no tocante à peçonha, algumas delas são peçonhentas e outras não o são.

A toxina contida na peçonha da serpente é considerada um antígeno (invasor) para o qual o nosso organismo não dispõe de anticorpos suficientes para absorve-lo e dissipá-lo.

Mas o que são antígenos e anticorpos?

Antígeno é quaisquer corpo ou substancia estranha, que uma vez inoculado no nosso organismo, estimula a mobilização dos vigilantes da nossa defesa que são os anticorpos. Tomemos o exemplo de um pequeno espinho que penetra em um dos dedos das nossas mãos. Ele é um corpo estranho que chamamos antígeno, o qual depois de alguns dias percebemos que se forma um liquido denso, branco azulado que chamamos de pus.

Esse liquido nada mais é do que uma colônia de glóbulos brancos mortos em combate com o invasor e que se formou em torno do corpo estranho com o propósito de expulsá-lo. Se naquele período fizermos algum exame de sangue veremos que a nossa taxa de leucócitos, que são os glóbulos brancos estará elevada, sinalizando a infecção que foi decorrente da presença do espinho. Nesse  caso seria necessário ministrar algum antibiótico? Nesse caso não porque a nossa defesa natural já resolveu.

Anticorpos: são proteínas chamadas imunoglobinas, as quais são produzidas pelas nossas células para capacitá-las ao confronto com o antígeno. São atentas atalaias, que produzem sinais clínicos de alarme às demais células de defesa do nosso organismo sobre a presença de um invasor. No caso do acidente com serpentes, como a resposta do nosso organismo não é imediata, esperar a produção de anticorpos contra a peçonha será fatal.

Dentre as serpentes existem as que são, e aquelas  que não são peçonhentas. Por isso, a sugestão que damos de um modo geral é que, estando na dúvida sobre o tipo de cobra desconfie de todas com as quais vier a cruzar.

A despeito disso vamos discorrer sobre algumas serpentes, entre as mais conhecidas, lembrando apenas que além das serpentes temos também no elenco dos animais peçonhentos tais como: anfíbios, aranhas, escorpiões, insetos e lacraias.

Entre as serpentes brasileiras que nos são mais conhecidas, podemos elencar as seguintes espécies:

SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS:

Jiboia: é uma serpente do grupo de cobras constritoras, (que apertam) de grande porte e que ao contrário do que se propala, apenas se defende. Pode atingir até 4 metros de comprimento e pesar até 27 Kg, sendo as femeas maiores do que os machos. Se por um lado a Jiboia não ataca e não é uma cobra peçonhenta, por outro lado ela é constritora por definição. Essa característica lhe permite cingir circularmente o corpo da presa e apertá-lo com muita força até impedir a circulação do sangue, levando-o à morte.

Estudo acaba com mito do sufocamento e revela como a jiboia mata a presa – 24/07/2015 – UOL Notícias

Sucuri: é a maior serpente não peçonhenta do Brasil, medindo em média entre 4 e 6m, podendo chegar até os 9 m. Apresenta as características parecidas com as da Jiboia, com um diferencial, ela é essencialmente aquática. Raramente ataca os humanos por não reconhecê-los como presa. Todavia se atacadas por eles, as sucuris revidam.

Muçurana: é uma serpente de cor preta, também chamada a cobra preta ou cobra do bem, pelo fato do seu veneno ser inofensivo aos animais. Ela pode até picar como fazem as demais serpentes ao se defenderem, quando acuadas ou atacadas. Chega a medir de 1,5 a 2.5 metros de comprimento e em sendo imune ao veneno das demais serpentes, é uma feroz devoradora das demais serpentes do seu porte. A sua presença é comum em estados das regiões: Centro-Oeste, Sudeste e nordeste do Brasil.

MUÇURANA SNAKE HUNTING JARARACA

Caninana: é uma serpente não venenosa muito comum na América do Sul. A sua cor é mesclada entre os tons preto e amarelo. É ágil e veloz, podendo atingir até 2,5m de comprimento. Tem a fama de ser agressiva em virtude da sua postura defensiva contra os predadores, mas somente ataca quando é agredida. Em que pese a sua picada ser inofensiva.

Oh! Dúvida cruel: a cobra caninana é peçonhenta?

Cobra-Verde: é mais encontrada no norte e nordeste do brasil, podendo medir aproximadamente 1m de comprimento. Como todo animal agredido, ela pode picar, embora não seja considerada venenosa. É preciso estar atento para não a confundir a cobra verde com a cobra de cipó que é peçonhenta. A primeira é toda verde, porem tem uma linha marrom desde a cabeça até o final da cauda.

Cobra corre-campo: também chamada papa ovos, é uma serpente que além de não ser venenosa, desempenha um papel muito importante no equilíbrio da cadeia alimentar. Ela é uma controladora natural do número de roedores, como os ratos domésticos e outras espécies de serpentes como a temível cascavel. Tem um tamanho máximo de 1,5m de comprimento e é muito comum no telhado das casas da zona rural do semiárido.

Cobra Corre Campo e suas Características:

Faremos em seguida a transição descritiva do tipo de serpentes não peçonhentas para o outro tipo mais perigoso, as peçonhentas. Vejamos a melhor forma de identificar em detalhes a distinção entre elas:

As cobras peçonhentas têm as seguintes características que devem ser atentamente observadas:

. A cabeça da cobra venenosa tem um formato pronunciado, (a exceção das cobras corais) ou seja, o formato do crânio tem a parte de trás bem mais larga do que o focinho na forma de um trapézio.

. A pupila dos olhos da serpente peçonhenta tem retangular vertical, enquanto nas não peçonhentas é circular.

. Fosseta Loreal: é um orifício termo receptor situado entre a narina e o olho.

. O rabo das cobras peçonhentas são curtos e afinam abruptamente.

. As Escamas das cobras venenosas são salientes e ásperas causando essa sensação ao toque.

Em caso de um encontro casual com uma serpente seja ela peçonhenta ou não, se não tivermos treinamento para com elas lidar, o melhor a fazermos é nos manter à distância e nunca tentar manuseá-las.

Camping Selvagem: Cobras venenosas

SERPENTES PEÇONHENTAS:

. Coral verdadeira é a serpente mais venenosa de todas as cobras brasileiras. Em que pese ser uma cobra de peçonha mais letal, ela é responsável por apenas 1% dos acidentes com mordidas de cobra.

O Instituto Butantã é que afirma em uma das suas publicações:

” não é possível identificar e diferenciar uma cobra colorida como a coral para saber se ela é verdadeira ou falsa.”

A característica principal da cobra coral é a policromia das suas cores que ornamentam as suas listras, além do poder e a toxidade do seu veneno. Destarte, ela não é a única cobra colorida pois há várias cobras corais falsas na natureza. No Brasil, pasmem, há mais de 60 espécies com esse padrão de cores da verdadeira e mortífera Coral.

Sem duvidas a Cobra Coral Verdadeira é uma das cobras de pequeno porte mais venenosas do mundo. Varia em tamanho de 40 cm a 1,6m de comprimento e tem a cabeça oval, os olhos pequenos a cauda curta e o corpo com escamas lisas.

Em caso de acidente com uma cobra Coral Verdadeira, se a vitima não for socorrida de imediato, em questão de poucos minutos após a mordida, sentirá dormência no local e a visão turva, além de dificuldade na fala. Se não houver atendimento rápido o veneno se alastra pelo sistema nervoso, provocando paralisia dos músculos mais importantes que são os do coração e do diafragma.

O soro adequado e específico para a picada da cobra Coral é o soro antielapídico, o mais indicado pelo Butantã.

Cobra Coral verdadeira: Como identificar? Cobra Coral verdadeira: Como identificar? Nós, pessoalmente, jamais iremos nos arriscar a subestimar quaisquer cobras que tenha a coloração da Coral Verdadeira. Na dúvida não chegaremos nem perto de nenhuma delas.

Cobra Cascavel: é uma serpente das mais venenosas do planeta e é muito comum nas três Américas, na América do Sul e no Brasil. Pertencente a espécie Crotalus Durissus, é uma cobra muito comum no semiárido nordestino. Apresenta todas as características físicas comuns às cobras venenosas, porém é de fácil identificação por ter um chocalho de ossos no final da cauda. A propósito da cascavel, o poeta Ivanildo Vilanova a define assim:

“A cascavel se confia

No veneno que conduz.

Quem for picado por ela

Pode rezar pra Jesus.

Encomendar quatro coisas

Caixão, cova, vela e cruz.”

Cobra cascavel – O que é, características, alimentação e veneno

Cobra Jararaca: trata-se de uma serpente peçonhenta de tonalidade de cores que variam do marrom escuro ao claro, verde, acinzentada ou amarela. O macho pode atingir 1m e a femea 1,5 m de comprimento.

A sua presença é mais comum em toda extensão da mata atlântica e em regiões do semiárido. O seu veneno também é letal e se difunde no organismo através da toxina jararagina que provoca hemorragia.

Pelo dito popular sabemos que a diferença do veneno para o remédio é a dosagem, o conhecido medicamento de nome comercial captopril, é um agente hipotensivo baseado num peptídeo isolado do veneno da serpente Bopthrops jararaca.

O soro usado no tratamento da picada da jararaca é diferenciado do soro da cobra coral verdadeira e do soro da cobra cascavel. Ele é denominado Soro antibotrópico que é um soro penta valente.

Surucucu – Cobra Bico-de-Jaca: pelo fato de ultrapassar os três metros de comprimento a cobra surucucu é considerada como a maior cobra venenosa do Brasil, em tamanho. O seu habitat preferido são as matas densas e úmidas, portanto no Nordeste ela vive no que restou da mata atlântica, muito devastada pela ação do bicho humano. O soro usado em caso de picada de cobra surucucu pico-de-jaca é o soro antibotrópico-laquético, produzido pelo Instituto Butantã.

Existe também outros tipos de serpentes peçonhentas no mundo e esse será tema para um próximo artigo, apenas para satisfazer curiosidades sobre cobras de grande perigo como: a Naja, a Mamba Negra, a Taipan-ocidental, a Víbora da morte, entre outras. Mas esse é um tema para outro artigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:

Serpentes. Características das serpentes – Mundo Educação;

Como o Butantan classifica os animais peçonhentos. – Pesquisa Google;

Animais venenosos Butantã.pdf

Como o Butantan define as cobras peçonhentas no brasil – Pesquisar

Como o Butantan define a serpente jararaca soro – Pesquisa Google;

Fotografias:

Estudo acaba com mito do sufocamento e revela como jiboia mata a presa – 24/07/2015 – UOL Notícias;

A sucuri cingindo um bezerro – Pesquisa Google;

COBRA MUÇURANA EM BUSCA DA JARARACA VIDEO 2;

Oh! Dúvida cruel: a cobra caninana é peçonhenta?;

FAUNA E FLORA DO RN: Cobra verde Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823); Fauna do RN

Philodryas nattereri – Serpentes Brasileiras-Corre-campo;

https://www.campingselvagem.com.br/2016/11/cobras-venenosas.html;

Como o Butantan define a cobra coral verdadeira – Pesquisar Imagens

Como o Butantan define a cobra cascavel – Pesquisar Imagens;

Como o Butantan define a serpente jararaca soro – Pesquisa Google;

surucucu soro antiofídico – Pesquisa Google;

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