Por: Neves Couras;
Quero pedir ao nosso público leitor, que se puder, mesmo que não goste de meus textos, mas por uma razão maior que nós mesmos, compartilhem esse texto que, na verdade, é uma cena daquelas que imaginamos ser montada para trazer à tona uma problemática.
Os fatos aqui são reais, e, infelizmente, não tenho os nomes dos protagonistas, mas quem me conhece sabe que eu não poderia me calar diante do que assisti. Nesta última quinta-feira precisei de um atendimento de urgência, nada preocupante, mas por pura precaução fui ao hospital. Nada dessa história diz respeito ao hospital ou à sua equipe.
Estava sentada já fazendo minha ficha para iniciar o atendimento, quando uma senhora, pela aparência um pouco mais velha que eu, estava falando com o filho que a acompanhava. Ela com uma bolsa de gelo no rosto, dizendo ao filho que já estava com fome e precisava se alimentar.
Ele, um homem de aproximadamente 40 anos, branco, alto e com o peso acima da média. Como resposta, ele apenas com uma voz extremamente exaltada, demonstrando desrespeito e raiva, apenas gritava literalmente: “você não tem noção de que aqui não tem comida? Você é totalmente sem noção. Aqui nem tem comida nem tem talher, só você mesmo com sua falta de noção, para querer comer numa situação dessa. Você não tem noção mesmo!”
Confesso que a indignação partiu de todos que estavam ali naquele momento. Confesso ainda, que por, até então, não ter sido atendida e não saber a causa de minha alteração de pressão, não fui falar com aquele homem. Talvez eu tenha sito protegida por um dos “anjos” que cuidam de mim.
Após meu atendimento, eles também voltaram para concluir o atendimento dela. Confesso que estava pronta para confrontar aquele homem grande em tamanho, delinquente, desrespeitoso e que deveria ter sido denunciado à Curadoria do Idoso, aquele filho que não percebe o valor de sua Mãe.
Ficamos comentando, inclusive a equipe do setor de recepção, a situação daquela humilhada mulher. Avisei a todos, que se eu o ouvisse novamente agredindo aquela mulher, eu faria um verdadeiro escândalo, não pelo escândalo em si, mas precisamos, qualquer um de nós, ao presenciarmos cenas como a que hoje presenciei, não termos medo de denunciar e tomarmos alguma atitude em defesa de quem estava sofrendo.
Não sei se já é costume dele agir daquela forma, mas ficamos analisando: se ele age assim com sua própria mãe o que não fazer com outras pessoas em vulnerabilidade que poderão viver a seu redor.
Não posso me calar. Minha filha que estava comigo com seu bebê ao colo, pediu que não fizesse nada porque eu estava naquele momento numa situação vulnerável de saúde. Mas foi muito difícil me calar.
Entretanto, não é meu costume agir dessa forma. Quando vemos o mal acontecer e não tomamos alguma iniciativa para mudar a referida situação, é porque de alguma forma concordamos com ela.
E, não podemos mais, amigas e amigos, deixar que as mulheres e homens idosos, que acima de tudo deram a vida a brutamontes como quele, possam ser tratados daquela forma desumana. Por favor, reajam. Não permitam que isso aconteça.
Minha indignação maior foi por não ter tido saúde, naquele momento para que eu pudesse reagir, mas como Deus me permitiu esse espaço, faço agora esse relato pois acredito que outras mães e pais possam estar passando pela mesma situação.
Se existe uma Política Pública de proteção a esses vulneráveis, ela precisa ser mais atuante, principalmente em ambientes hospitalares, onde deveria existir instrumentos adequados para que, diante dessas situações, denunciássemos esses SEM NOÇÃO, com toda rapidez, eficiência e eficácia.
Todos nós viemos ao mundo, gerados por uma mãe que merece de nós toda atenção e todo amor e dedicação.
Que os brutamontes “SEM NOÇÃO”, possam ser esclarecidos, como exige as noções de humanidade e de generosidade.