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Natal. Sem abraços, sem presentes

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Por:   Neves Couras;

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Hoje escrevo sobre um sonho que pudesse realizar. Sei que sonhos são sonhos, é claro, mas como nos filmes, existe uma possibilidade remota deles acontecerem.
E, é sobre essa possibilidade que resolvi escrever. Estava vendo um filme nestes canais que apresentam, antes do Natal, histórias que sempre acabam em um “foram felizes para sempre”. Mas essa história não está sendo copiada de nenhum filme, apenas como algumas situações que lá vi, me coloquei do outro lado da tela, como se estivesse reescrevendo a história, e pensei: por que não?

É neste período de Natal que vêm à tona as lembranças de infância. Passamos muitos anos sem saber da existência do Papai Noel. Parte de nossa infância, vivemos no Sertão da Paraíba, posteriormente, viajamos por aí. Sei que vocês já sabem dessa história. Mas sempre ficam alguns detalhes a serem contados.

Ainda morando em Pombal, lembro-me de ter pensado em ser um “Papai Noel”, para minha irmã. Juntei alguns trocados, fui à feira onde eram vendidos os “moveis da casa de bonecas” todos de argila. Como eu achava, e na verdade ainda acho, lindas àquelas peças pequenas feitas com tanta riqueza de detalhes e com as cores que me trazem brilhos no olhar. Eu não tinha como comprar presentes, mas comprei um pequeno fogão de argila, pintado de branco e azul. Achei perfeito. Fiz uma embalagem que me fora possível para dar de presente à minha irmã. Coloquei embaixo de sua rede, pois sabia que era noite de Natal.

Nossa família não tinha refeição diferenciada, nem roupas, tão pouco presentes. Mas pensei em fazer uma surpresa para minha única irmã. Dormíamos no mesmo quarto. Acordei mais cedo e fiquei a esperar que ela gostasse do presente. Para minha surpresa, ela teve uma grande decepção, pois Papai Noel não dava fogões de barro a ninguém, assim deu um grande chute no presente que se transformou em pequenos caquinhos. Eu fiquei triste, mas acabamos rindo muito com aquela aventura.

Não vivenciamos, mesmo fora da Paraíba uma vida de conforto e de realizações de festividades. Só depois de formados e já em nossas casas, iniciamos a comemoração de Natal com tudo que não tivemos direito enquanto pequenos.

Por esta história de vida, e depois tendo a oportunidade de conhecer Casas que acolhem crianças órfãs ou mesmo por outras razões foram parar lá, passei a conhecer um pouco mais de suas realidades, e sempre penso nelas na noite de Natal. Para nós, não ter festas para comemorar os natais, nunca foi problema. Não tínhamos e pronto. Mas tínhamos uns aos outros, nossos irmãos e nossos pais, estávamos juntos e isso nos bastava.

Os tempos agora são outros, as propagandas para aquisição de presentes, as crianças vão aos Shoppings para tirar fotografia com o Papai Noel, existe toda uma verdadeira apelação para compra de presentes, como se todos tivessem acesso a esses momentos de falsa magia.

Ah! Como passarão o Natal as crianças que não têm família, não vivem em seus lares, não contam com a presença de seus pais? Que magia pode existir nessa noite?

São em momentos como estes, que eu gostaria de ser uma boa fada, ou uma feiticeira que pudesse torcer o nariz e produzir um presente, sonho de cada criança. Uma família, e um presente.

Fico imaginando nas consequências de nossos atos. Refiro-me a uma sociedade consumista que ao invés de pregar e divulgar valores reais, pregam um mundo de fantasia que certamente deixa algumas crianças felizes, e, uma grande maioria com sentimentos que nem sei precisar.

Como somos irresponsáveis quando permitimos as grandes Campanhas voltadas para divulgar uma magia que é para poucos, e ainda mais quando nós mesmos fazemos isso… Se é magia, deveria envolver a todos. Principalmente as crianças que já não tem nada para comemorar. Sei que ter a vida é importante, mas só quem já teve a oportunidade de ver outras crianças ganhando presentes, e elas não, é quem pode dizer, como dói!

Como dói ver famílias inteiras que não tem o que comer na Noite de Natal. Talvez um pão e uma xícara de café. Outras, nem isso.

Volto a pensar no Pequeno Menino que nasceu ao lado dos animais, ao invés de nascer numa grande casa, uma que realmente Ele merecia. Mas desde que aqui chegou, tentou mostrar que não são as grandes festas que nos fazem felizes. O que nos faz feliz é o amor recíproco, é um abraço dado sem censura, é o olhar que pode ser traduzido em “um eu te amo”.

Rogo que Jesus possa tocar no coração dessas famílias com mesas repletas de alimentos, vestidos caros e uma árvore de Natal repleta de presentes, e, antes de iniciarem suas festas, lembrarem de passar em algum lugar desprovido de qualquer coisa que lembre o Natal, e possa se tornar uma fada ou um Papai Noel, e faça alguém feliz. Mesmo que seja apenas para deixar um pouquinho que na sua mesa não mereça lugar, mas em alguma família, aquela doação possa se transformar numa grande festa de Natal.

Imagino como é o Natal dos sem-teto, sem direitos e sem vida com um mínimo de dignidade. Que sociedade injusta, que homens sem coração! Lembro-me de alguém me dizer: – Tia, quem vai passar o Natal na casa de Pobre? – Certamente Jesus, por lá passará.

Não levem fogãozinho de argila, ele não será bem aceito!
Se cada um de nós fizer um pouquinho, a felicidade se multiplicará neste Natal. Que tal tentarmos?

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