O que Será Mesmo o Tal Risco Brasil

 

Por: João Vicente Machado Sobrinho;

Um dos mantras mais usados pelos arautos do capitalismo liberal, é repercutido pelos seus pregoeiros e arautos que insistem em assustar a população com um tal de  Risco Brasil.

Para eles trata-se de um terrível fantasma de características ameaçadoras, que em suas crises abstratas, ora é a mãe zelosa do capital financeiro, ora é o padrasto cruel do mundo do trabalho.

Igualmente ao Enigma da Pirâmide citado no livro de Alan Arnoud, é preciso decifrar esse enigma  em detalhes sob pena de sermos devorados por ele. É isso o que iremos tentar fazer daqui por diante  diante e para tanto precisaremos ingressar no uso do dialeto confuso que caracteriza o economês. Não se assustem nem desistam, porque ao final procuraremos trocar em miúdo toda verborreia cotidiana do sistema financeiro.

Em que consiste afinal esse tal risco país?

“Risco país é um indicador econômico usado para saber qual é a possibilidade de um país ficar insolvente, ou seja, deixar de honrar com seus compromissos.
Nesse sentido, quanto mais elevado for o risco, maior será a chance de ele não ter capacidade para arcar com suas dívidas, e consequentemente, deixar de pagar os seus credores.
Para se chegar ao número são avaliados diversos fatores como o déficit fiscal do país, a inflação vigente, a instabilidade política e social etc.” (1)

\a bem da verdade a única finalidade de avaliar o risco de um país, é checar a capacidade financeira que ele tem de honrar sua dividas com os credores, leia-se sistema financeiro.
No caso do Brasil, quando os arautos do capitalismo tocam suas trombetas avisando que o risco se elevou, nada mais é do que um sinal de alarme para a banca internacional, no sentido de se acautelarem com relação aos ativos que escolhem para compor a sua carteira de investimentos. Os indicadores desse risco são os mais esquisitos possíveis, porém não conseguem esconder a sua origem. Vejamos:

EMBI- a sigla da Emerging Markets Bond Index Plus, que trocado em miúdos significa Índice de Títulos de Países Emergentes.
CDS.
Rating Soberano, etc.
Esses indicadores são calculados pelo J.P Morgan e comparam o desempenho diário dos títulos emitidos por 19 países do mercado emergente, onde estão presentes: Brasil, Argentina, México, Rússia, África do Sul, entre outros.

Percebam que nenhum organismo financeiro desses tem quaisquer vínculo ou preocupação com a esmagadora população pobre dos seus países de origem. O cálculo é feito através de uma média ponderada do spread e é comparado aos títulos do tesouro dos Estados Unidos da América do Norte-USAN. Vale ressaltar que esses últimos são considerados isentos de risco.

Tudo isso é feito sem levar em conta o passivo social de países como o Brasil que tem 42 milhões de pessoas em insegurança alimentar leve, média ou fraca, e no meio desse contingente 21 milhões na miséria absoluta.
Não é à toa que os especialistas consideram que “o problema das contas públicas tem nome: sistema financeiro.”
Querem ver?

Basta olhar para o iconográfico anterior para constatar a irrelevância das despesas públicas com: segurança pública, saúde, assistência social, trabalho, saneamento e habitação que perfazem 11,19 %.

A despeito disso a féria reservada à banca internacional atinge o estratosférico índice de 40,66% isentos de tributação.
Toda verborragia advinda do economês é a forma dissimulada de camuflar a exploração de classe, onde a grande vitima é a massa assalariada da base da pirâmide social

Vejamos no iconográfico anterior, a real estratificação econômica da sociedade brasileira, onde está claro que 80% da pirâmide social, é constituída pela massa proletária e pelo subproletariado, que sobrevive: do emprego, da informalidade, do subemprego, do desemprego e na miséria absoluta.

Essa é a grande massa dos excluídos do banquete, embora uma parte dos que a compõem não queiram aceitar a realidade, embora não possam ser considerados pelo capital, nem como força de trabalho nem como mercado.

Essa situação não é nova e no caso do Brasil a sua adoção se acentuou a partir do início da década de 1950. A promessa naquela época era mais ou menos a mesma de hoje:

“Um rígido controle de gastos públicos; a definição de um teto de gastos; a promulgação de uma lei de responsabilidade fiscal; um controle rígido dos gastos públicos; além do congelamento do orçamento da união até o ano de 2030.”

Recordemos o histórico da economia política do Brasil a partir de 1950, e da cantilena dos arautos da economia, notadamente a partir de 1964 quando os economistas passaram a dar as cartas, assumindo  o lugar dos estadistas.

Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto Campos (avô do atual presidente do BACEN), Mario Henrique Simonsen, Delfim Neto, Maílson da Nóbrega, Francisco Dorneles, Dílson Funaro, Zélia Cardoso, Eliseu Resende, Fernando Henrique, Rubens Ricúpero, Ciro Gomes Pedro Malan, Antonio Palocci, Joaquim Levy, Henrique Meireles, Paulo Guedes et caterva.

Todos esses personagens são sem exceção economistas ortodoxos ou discípulos influenciados pela vetusta e liberal Escola de Chicago. Os chamados Chicagos Boys.

O que eles pregam:
A política econômica apregoada pelos economistas ortodoxos é geralmente baseada nas rigorosas recomendações do Fundo Monetário Internacional e propõe:
• A redução das despesas do Estado e o equilíbrio do orçamento público.
• A redução e o controle da quantidade de moeda em circulação.
• Liberalização dos preços.
• Estado mínimo.
• Privatização dos ativos públicos.
• A palavra “ortodoxo” tem origem no grego, onde “orthos” significa “reto” e “doxa” significa “fé” ou “crença.

Tal qual o mágico, eles escondem o truque sob a capa exibindo como engodo para a classe excluída, a vã promessa de “deixar o bolo crescer para dividi-lo”. Lembram?

Perguntemos então a eles: o que os senhores fizeram de concreto em benefício do povo durante todo esse tempo de modelo liberal capitalista?
Será que só lembram de colocar fermento no bolo da fome e da miséria? Os fatos mostram que sim!

A maior prova da exclusão é a grande contradição econômica é que exibe um Brasil como o segundo maior produtor e terceiro país maior exportador de alimentos do mundo, diante de outro Brasil, com 21 milhões de brasileiros passando fome, ou seja, 11% da nossa população vivendo na fome e na miséria, muitos morando nas ruas entregue à droga e a desesperança.
Em 2024, o Brasil está ocupando a 89ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mundial, entre 193 países.

O IDH é um indicador que mede o desenvolvimento humano de um país, considerando dados como expectativa de vida, renda e escolaridade. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor;

Em contrapartida um mapa nada abonador elaborado em 2022, mostrava um contingente de 15% da nossa população passando fome. Esse é um Risco Brasil que as elites não se interessam. Entendido?

 

O pior de tudo é assistirmos o terrorismo das elites políticas e econômicas desse país, vociferar através da imprensa oficial e oficiosa clamando por todos os pressupostos da economia ortodoxa já citados, sem nenhuma responsabilidade social.

Ou o presidente Lula acorda para a dura realidade política em estamos vivendo ou a direita e extrema direita vai se fortalecer e aprofundar a exclusão, nos impondo uma fragorosa derrota em 2026, para a qual já estão trabalhando.

Eis aí uma realidade preocupante com o domínio das facções criminosas, diante da  omissão e  indícios de cumplicidade da polícia e da política. É estranho, muito estranho a resistência de alguns governadores a um pacto nacional contra esse estado de coisas. Não acham?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:
Risco país: entenda o que é, o que ele representa e como é calculado; (1)
Retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU preocupa senadores e estudiosos — Senado Notícias;
Mobilidade e Ascensão da Classe Média Latino-Americana | Blog Cidadania & Cultura;

Fotografias:
Mistério milenar resolvido? Pesquisadores desvendam enigma das Pirâmides Egípcias – Papo Imobiliário;
Rombo vem da dívida pública e não da Previdência | Sindicato dos Bancários;
Mobilidade e Ascensão da Classe Média Latino-Americana | Blog Cidadania & Cultura;
Pobreza no Brasil: causas, consequências e problemas [resumo]

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