Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
O trabalho de solidariedade por parte de ONGs, de Entidades Comunitárias em assentamentos e bairros de periferia, de grupo de pessoas e de alguns que agem individualmente, sempre é válido.
Todas essas ações devem ser incentivadas e validadas. É importante e essencial aderir e se inserir nessas ações da maneira que pudermos, com recursos financeiros ou como voluntários nas ações e programas que visam a esse fim.
Todas as opções são louváveis e bem-vindas, em um país como o nosso, cuja desigualdade social é notória.
O que se deve combater é a indiferença, a atitude de minimizar o que o outro sente e o percalço ou sofrimento pelo qual as pessoas desassistidas passam, porque ela é uma atitude mesquinha e demonstra um grau de menosprezo gritante a outro ser humano.
A diferença básica entre a solidariedade individual ou em grupo de ações voluntárias em beneficio da população carente, em relação á Politica Pública que é estabelecida, é o número e a proporção. Enquanto a ação de voluntários é pontual e local, podendo atender a milhares, a politica pública pode atuar em todo território nacional, com cadastros e critérios definidos a priori, e que poderá atender a milhões de pessoas em estado de vulnerabilidade alimentar e de moradia.
Enquanto as ações solidária – necessária em caso de grande desigualdade social e em contingências e calamidades -, se voltam a uma parcela pequena e localizada que recebe essa ajuda, a Politica Pública é um instrumento que abraça um grande contingente de pessoas(milhões), é impessoal e disponível a todos os que dela necessitam, e, que se presta a equacionar as lacunas da desigualdade social de modo sistemático.
A Politica Pública é estabelecida através de estudos, levantamentos e bases estratégicas consistentes e visam ser inseridas em programas viáveis e de ação continuadas, propósito definido, e , como monitoramento que visa tanto a aprimorar o que estar sendo feito, quanto para a criação de novos programas de inserção dessas pessoas em algum setor produtivo e de trabalho.
Com os planos emergenciais criados por governos progressistas, são estabelecidos programas perenes, que por sua vez, se desdobram em outras frentes com a finalidade de maior alcance.
Tudo isso feito com critério, com sistematização, com mecanismos de controle e de manutenção. Além disso, toda a movimentação nesse sentido, ocorre com transparência e fiscalização dos órgãos que mensuram os gastos com sua respectiva lisura e oportunidade.
Essa diferença é fundamental para que se vá reduzindo paulatinamente os níveis de pobreza em um país.
Quando se demonstra com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que em dado momento a extrema pobreza foi erradicada nesse país, não significa dizer que tais pessoas não voltarão a esse estado de extrema pobreza se forem encerradas as condições oferecidas anteriormente. O ciclo volta a se repetir com agravantes e mais pessoas sendo classificadas neste patamar social quando essas Políticas Públicas são suprimidas por ideologias neo-liberais.
Uma pessoa que consegue viver para pagar suas despesas pessoais e familiares, quando seus benefícios ou o seu emprego é interrompido, automaticamente, há um retorno à gangorra das dívidas e da fome.
Há um índice mundial que acompanha todos os países em relação a esse tema.
Temos aí, o Coeficiente ou Índice GINI. Esse Coeficiente é um dado estatístico utilizado para avaliar a distribuição das riquezas de um determinado lugar. Os países menos desiguais em todo o mundo, conforme as medições deste coeficiente, são Hungria
(0,244), Dinamarca (0,247) e Japão (0,249).
Por sua vez, em situação alarmante, além do Brasil, se destacam vários países do continente Africano. Isso é claro, inteligível, e, para ser revertido esse quadro, isso precisa ser objeto de Política Pública.