Por: Bodão Ferreira;
No Sítio, o dia começa mais cedo
Antes mesmo de um galo cantar
Fogo acesso pra o café preparar
Dando disposição, esse é o segredo
Quem dá luta diária não tem medo
Fica em pé ainda de madrugada
Assiste o acordar da bicharada
Sai de casa antes do sol ter nascido
O alarme do campo é o tinido
Do agricultor batendo a enxada
Antes das 5, ouço um “tim, tim, tim”
Tem camponês na pedra do terreiro
Martelando num compasso certeiro
E gume ficando “amoladim”
Sua faca para tirar capim
É pela mesma pedra afiada
A sinfonia da camponesada
É preparo para um solo nutrido
O alarme do campo é o tinido
Do agricultor batendo a enxada
A enxada é o principal instrumento
No dia dia duma plantação
É cava a cova e lerão
Pra plantar e xaxar o pé de alimento
Bem acunhada, garante o sustento
Da lavoura, antes dela ser semeada
No processo todo é requisitada
Mantendo o roçado como é devido
O alarme do campo é o tinido
Do agricultor batendo a enxada
Muita coisa indica o amanhecer
E no campo isso não é diferente
A cantiga do galo insistente
Avisando que o sol já vai nascer
Só sendo lá do mato pra saber
Quando o jumento relincha do nada
É relógio que não dá hora errada
No terreiro, a companhia é tocada
Quando o ferro na pedra é batido
O alarme do campo é o tinido
Do agricultor batendo a enxada
Uma pedra ou ferro sobre o chão
É base de apoiar a ferramenta
Uma marreta bate, chega esquenta
Afinando o corte da fricção
Essa pedra amola foice e facão
E está sempre fora da morada
Fica fria durante a madrugada
Mas se aquece com bater repetido
O alarme do campo é o tinido
Do agricultor batendo a enxada