Por: Emerson Monteiro;
Dois brigam quando dois querem. Em havendo disposição de paz em um dos lados, há paciência, há perdão. Dominar esse instinto agressivo importa nos resultados de harmonia de que tanto carece este chão das almas.
Assim, nós dois que somos todos a trabalhar o afeto pomo-nos a seguir ainda feitos feras, enquanto um morde, o outro se magoa e sofre, abafa, reprime, revolta, impõe justificativas na agressividade contida, no entanto amargurada, espécie de roupa suja guardada lá dentro nos refolhos da comum inutilidade. Eles dois, nós dois, estrada a fora tangemos duas feras, uma que lança farpas em cima da carne seca, no vulgar desespero de sofrer, contrapeso que arrasta de mesma carroça de sucatas que, agarradas, somos aqui no Planeta. Dois perdidos e a noite suja de Plínio Marcos do passado.
Feras largadas ao velho picadeiro das contradições, roçadeiras amoladas nas pedras toscas do desgosto, impõem contradições, amigos em forma de lados agudos, num, o sujeito da razão; no outro, as costas moídas de chicotadas e dos escravos jogados nas sarjetas. Isto em relação a quase tudo, senão tudo, burros de cargas que transportam as malas da ignorância, que buscam escola nas malhas do sofrimento.
Poderemos crescer unidos, a história contará novidades ainda longe de preencher o espaço de horas tontas, na peleja do pesadelo ilusório da divisão das classes.
Esses dois irmãos, talvez até amigos, e no caminho viverão prudentes os objetivos da ordem mundial que anseiam desde que mundo é mundo. Próximos uns dos outros, outros irmãos que seremos em um só sem distância regulamentar de conservar objetos quais proprietários definitivos, e de próprio nada temos. A matéria que transportamos apenas servirá de empréstimo da Natureza, a quem devolveremos lá certo dia, cedo ou tarde, à luz do Tempo inabalável.