Por: Neves Couras;
A Ciência Espírita nos convida a cuidar do corpo e da alma. Para Kardec, o Espiritismo teria, essencialmente, bases científicas com profundas implicações morais, não se constituindo uma religião. Cuidar do corpo e da alma seria, para o Codificador, uma condição para a conquista da saúde tanto física como espiritual.
Culturas milenares como a chinesa e a indiana possuem sistemas terapêuticos próprios e conhecidos como Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e Medicina Ayurveda,respectivamente. São consideradas especialidades médicas distintas, uma vez que se constituem em torno de sistemas complexos e teorias e práticas. A acupuntura é uma tecnologia de intervenção em saúde, inserida na MTC, e em um sistema médico abrangente, que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença no ser humano, podendo ser usada isolada ou de forma integrada com outros recursos terapêuticos.
No Brasil, a partir de 2006, o Ministério da Saúde regulamenta e recomenda a implantação das práticas integrativas e complementares na rede pública de saúde, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida toma como referência a “Estratégia da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre Medicina Tradicional 2002-2005” que aconselha o desenvolvimento de políticas de saúde que levam em consideração requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso racional e acesso à população. O Ministério definiu práticas integrativas e complementares que compreendem também o universo de abordagens denominado pela OMS de “Medicina Tradicional Complementar Alternativa”.
As terapias de intervenções mente-corpo incluem aspectos da espiritualidade, tais como práticas ritualísticas, preces e meditação, grupos de apoio a pacientes, terapias cognitiva e comportamental, técnicas de relaxamento, ioga, hipnose, tai chi chuan e Qigong.
As pessoas em geral, no que se pode considerar como conhecimento popular, diferenciam a medicina ocidental da cura espiritual, mas consideram que ambas são eficazes. Entretanto, geralmente, a medicina espiritual é utilizada como complemento à medicina ocidental, ou tradicional, e, muitas vezes, a busca de ajuda espiritual é o último recurso dos pacientes, que costumam não relatar este uso para seus médicos. Esta posição de negação do paciente frente a seu médico, da busca da cura espiritual, ainda nos leva a um passado onde falar de espiritualidade era considerado misticismo até mesmo feitiçaria.
Costumamos ter medo do que não conhecemos, sobretudo se existe dentro das próprias religiões um desconhecimento da vida após a morte. Se grande parte da humanidade soubesse de onde viemos e para onde voltamos, certamente essas questões poderiam ser dirimidas e o homem pudesse compreender-se como um ser integral.
Quando tomamos conhecimento que somos seres formados por corpo físico e espiritual, e que muitas de nossas enfermidades estão em nosso corpo espiritual ou perispírito (causa), aparecendo em nosso corpo físico apenas a consequências (efeito) das doenças, certamente teríamos outra postura frente a nossa saúde.
O ser pensante, no Espiritismo, que quando encarnados chamamos de Alma, quando desencarnados chamados de Espírito, considerado independente, sendo o gerador da organização dos corpos, espiritual e biológico. É o Espírito o gerador do corpo biológico, organizado por uma matriz energética determinada por este ser pensante.
Assim, os danos que causamos ao nosso corpo biológico, sejam pelo hábito de cultivarmos sentimentos menos nobres que somatizam diversas enfermidades em nossos corpos, sejam por hábitos como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e má alimentação, que podem prover alterações no corpo espiritual, perturbando a harmonia da estrutura mental do ser. Também ocorre no sentido inverso, ou seja do corpo espiritual para o biológico.
Essas orientações, acredito, são de suma importância para o entendimento de nossas enfermidades. Vivendo em um mundo onde nós mesmos estamos contribuindo para sua desarmonia, significa que estamos contribuindo, através de uma Lei de Retorno para nosso desequilíbrio.
A interação corpo-mente precisa ser observada diariamente. Todas nossas preocupações, sensações de abandono, tristezas, perdas, insatisfações e quaisquer que sejam nossos desequilíbrios, contribuem para nossa saúde mental. Sinto que estamos vivendo momentos que, para todas as patologias, a primeira pergunta que deveríamos nos fazer é: como está minha cabeça? A essa pergunta, bem sei, muitos têm medo de responder. A tempos atrás quando falávamos em alguém buscar um psicólogo ou um psiquiatra, vinha logo a resposta: “não estou louco”. No entanto, é para não ficarmos “loucos” que deveremos buscar ajuda de bons profissionais.
Mas o que tudo isso tem, afinal, com as curas espirituais? Tudo. Como acabamos de relatar, nossos corpos interagem. Assim sendo, precisamos buscar ajuda também das equipes espirituais para trabalharem no nosso corpo espiritual, ou matriz energética. Como eles atuam? Pode ser outra pergunta. As equipes atuam trabalhando nossas energias que, em função dos desequilíbrios, provocaram nossas enfermidades, assim sendo, essas energias são trabalhadas para que as células doentes possam ser recuperadas e nossos corpos, num trabalho conjunto entre medicina espiritual e biológica, possam, cada uma com sua função, contribuir com nossa saúde.
Não existe magia, não existe feitiço nem tão pouco improvisação. Existem equipes em Casas Espíritas responsáveis que executam essas atividades. Não podemos, entretanto, esquecer das palavras de Jesus: Batei e a porta se abrirá. Essa porta, só abre de dentro para fora. Ou seja, é nosso coração e nossa mente quando entende que precisamos mudar, que se faz necessário uma mudança no roteiro de nossas vidas. É nesta hora que estaremos prontos para sermos ajudados. Merecimento? Todos nós temos. O que se faz necessário é uma profunda análise de nossas ações e nos perguntarmos: estou pronto para buscar uma melhora em minha vida?
Quando Jesus dizia a cada um que curava: “Vá e não peques mais”, ele queria apenas dizer: mude de rumo, de atitude, e se volte para as coisas da vida espiritual, para as coisas que não só irão lhe curar como o farão parar de adoecer. Isso, não significa deixar necessariamente seus bens para seguir um nova rota de vida em pobreza voluntária e vida monástica. É necessário apenas que percebamos que estamos na Terra para servir e amar!