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InícioKaren Emília Formiga: uma representação histórica do sofrimento materno

: uma representação histórica do sofrimento materno

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Por: Karen Emilia Formiga;

O artigo, hoje publicado, começou a ser escrito na Semana Santa, recém terminada.
A observância dos ritos e tradições daquela data, colocou-me em contato com uma obra muito simbólica: as dores da Mãe de Cristo.

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Foi, então, no Domingo de Ramos, numa leitura para compreender mais sobre a representatividade da festa que o tema desta semana me ocorreu. Acredito que um dos maiores medos que a maternidade nos apresenta é que algo possa acontecer aos nossos filhos.

Se ficar doente, se eu o perder no mercado, se alguém o machucar na escola, se ele for sequestrado, se cair e se machucar, se a febre não passar, se tiver algo incurável, se eu o perder para sempre…

Da hora que nós sabemos que seremos mães, o instinto protetor é parte hormonal – é irracional proteger e, nem mesmo a ciência, explica o que acontece no cérebro e na natureza de uma mãe.

Mas e quando a certeza que a missão e o propósito do nascimento está paralelo ao sofrimento? Ainda que não tenhamos como comparar a essência Santa da Mãe de Cristo, sua humanidade estava posta na figura da Mulher, que foi.

A mais impressionante obra do renascentista Michelangelo, intitulada de Pietà, coloca em evidência o sofrimento materno. A imagem da Virgem com seu Filho morto nos braços, após a crucificação, é uma das obras mais admiradas no mundo.

Em tradução fiel, a palavra Piedade é referência entre católicos e cristãos para remeter orações a Nossa Senhora das Dores e a mesmo a Nossa Senhora da Piedade, numa das representações mais belas do que é maternidade e do quão sofrida ela é.

Naquela escultura, a mais famosa de um gênio do renascimento, está uma das maiores concepções do que o exercício da maternidade pode trazer: o sofrimento.

Sofremos para trazer ao mundo. E, mesmo que seja o momento mais importante da vida de uma mulher, o parto em toda sua essência e desenvolvimento é sofrido.

Como é sofrido gestar, amamentar e cuidar de um recém nascido. Há um trajeto de calvário que acompanha a mãe e sem mirar na cruz e na mensagem que Ela denota no mundo, fica muito mais pesado: é preciso um propósito.

O sofrimento atrelado à privação de sono e aos danos mentais causados pelas muitas horas acordadas para suprir a necessidade de um bebê, tem que ter antes o propósito de deixá-lo sadio e para isso, amamentá-lo (no peito ou na mamadeira) precisará de horas em pé, sem dormir.

O cansaço materno é algo inexplicável: é humanamente impossível dormir duas horas por noite e conseguir manter vivo o funcionamento de um lar, com todas as suas demandas.
A mãe consegue. Ainda que acredite que não. Se ao final do dia, todos sobreviveram, ela conseguiu.

A mãe Mãe esculpida na Pietà, na máxima do Seu Sofrimento Materno, simboliza todas as outras que tem medo, que enfrenta doenças, partidas precoces, padecimento em nome dos seus filhos.

É aquela Mãe, que com o Filho Flagelado e Morto nos braços que chora lágrimas silenciosas, como tantas de nós, por motivos diferentes. Seja por angústia, pelo medo de errar, por errar (de fato), por dores físicas, por dores emocionais. Aquela Mãe nos mostra que não importa pelo que sofremos, em algum momento, sofreremos. Pela febre, pela dor da vacina, pelo primeiro dia na escola, pela primeira queda, a primeira grande preocupação, o primeiro resfriado mais severo. Qualquer motivo que aos outros não parece tão substancial, na mãe ele se apresenta diferente: nós queríamos sentir – o que quer que seja – no lugar dos nossos filhos.

Sempre imaginei o que pensava A Mãe esculpida na Pietà. Não dá para mensurar o tamanho da sua dor, mas gostaria de saber, se assim fosse possível, o que Ela pensava naquele exato momento. Hoje, quando eu vejo essa imagem retratada em algum lugar, sei que Ela daria tudo que pudesse para estar no lugar Daquele Filho.

 

Algumas considerações:
• Essas linhas não tem conotação religiosa, muito embora ela traga elementos religiosos da história da Humanidade. Sabe-se que da impossibilidade de traçar paralelos entre a vida, obra e mensagem de Cristo com qualquer outro personagem – religioso ou não. Essas linhas só foram escritas com essa exemplificação porque a própria história nos traz uma figura materna e tenta-se, aqui, ser o mais imparcial possível, atribuindo a essa conhecida história, o papel da Mãe que Maria foi e fez.

• ⁠A Pietà, obra citada neste artigo apresenta três versões, todas elas têm A Virgem com O Filho Morto nos braços. A original, assinada por Michelangelo, na própria peça foi feita em um único bloco de mármore (fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/amp/noticias/desventuras/unica-obra-que-michelangelo-assinou-5-curiosidades-sobre-pieta.phtml)

• ⁠É de considerável responsabilidade escrever em um dia tão importante. Que fique antes, a mensagem da Páscoa: que seja um tempo de reflexão, de aprendizagem, de orações e preces.

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