Por: Emerson Monteiro;
Sob esse aspecto, valem algumas considerações. Por exemplo, no que tange ao ego, a força vital ligada à matéria, aos prazeres da carne, aos apegos individualistas. Segundo consta, a matriz da ilusão. Por mais que haja afirmações de sua transitoriedade, mesmo assim nele grande número se apega, isso a não dizer a maioria dos viventes deste chão.
Certa vez, ao assistir palestra de Huberto Roden, quando das perguntas, alguém indagou se em significando Maya o princípio da ilusão, isto é, a própria inexistência nela da realidade, mera farsa passageira, por qual motivo tanta preocupação. Ao que o orador respondeu ser ilusão pensar que a ilusão inexiste, se ela tem quanto poder que domina e praticamente rege pessoas e acontecimentos nos moldes atuais da humanidade.
Disso, imaginar, pois, a força que o ego dispõe nos níveis das presentes circunstâncias humanas, quando impõe, a bem dizer, larga monta das decisões das pessoas e dos grupos sociais, voltados aos fatores imediatos dos tempos.
Falando de maneira prática, a alma condicionada tem que se defrontar com o mundo material; ela não pode simplesmente dizer que ele não existe. (…) O mundo material é um estágio desse drama (humano). Ele é real, pois é energia do Supremo, e é ilusório pois é temporário. Uma miragem pressupõe a existência de água verdadeira. Satsvarupa dasa Gosvami (in Introdução à Filosofia védica)
De tal modo que as ditas contradições deste mundo entre os dois planos (material e espiritual) servem de realce ao encontro do Definitivo. Enquanto uns consideram aqui um mundo verdadeiro, há nisso a essência do que virá em seguida, em um mundo de amor e amizade, lar da eterna Sabedoria. Nisto, viver significa ansiar esse algo que, dada a ausência de perenidade, instiga a que cheguemos, um dia, no céu de plena Felicidade, após conhecer dela a existência no que antes não encontramos nas ilusões.