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Mãe, quem és tu?

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Por: Neves Couras;

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Andei lendo estes dias sobre o resultado de uma pesquisa que falava que os livros mais vendidos (não dizia onde) são os que se referem à Mãe. Fiquei a pensar: por que será que este tema desperta tanto interesse dos leitores. Aqui tenho que abrir um parêntese para dizer que cerca de 84% da população brasileira acima de 18 anos não comprou nenhum livro nos últimos 12 meses. (Câmara Brasileira do Livro (CBL)). Quero acreditar que nessa informação não estão incluídos o número de leitores que usam meios eletrônicos para fazer a grande viagem que é a leitura de um bom livro.

Vamos então tentar descobrir a razão desse ser tão diferente, que é Mãe, chamar tanta atenção. Alguns dizem que Deus estava inspirado quando criou a mãe. Mesmo acreditando que Deus está sempre inspirado, acredito que ele acresceu em sua fórmula algum elemento, só conhecido por ele, para que a mulher que venha se tornar mãe exerça seu papel.

Preciso buscar em meu baú de lembranças as mães de minha vida. Claro, que temos mais de uma. Se analisarmos que nossa mãe é parte da reprodução da sua mãe, ou seja, de sua avó, e, sua avó traz parte de sua bisavó. Eu, como mãe, carrego toda uma carga genética dessas mulheres. Que bom que isso aconteceu. Sim, já trago em mim um aprendizado delas, mas a esse aprendizado, assim como elas também fizeram, acrescentei os costumes de minha época, o aprendizado que acumulei quando precisei desenvolver, em mim, a capacidade de entender cada filho que recebi.

Sabemos que chega um momento em nossa vida, e acredito que assim como a humanidade foi se aperfeiçoando ou, se preferir, se desenvolvendo, nós como seres humanos nascemos, graças ao véu do esquecimento de outras vidas, como um quadro em branco. A este quadro, à medida que crescemos vamos desenvolvendo a capacidade de termos o que eu chamo de consciência das coisas ao nosso redor. Eu dizia, quando me via com um problema com um filho, que eles, assim como os eletrodomésticos que adquirimos, poderiam vir com um manual de instrução. Mas, como seres individuais, e veja que delicadeza existe na função de mãe, nós é que, de acordo com o crescimento do filho e com sua personalidade, precisamos intervir mais ou menos. Como assim?

Nossa mãe, recebeu cinco filhos, um deles, teve como tempo de vida apenas seis meses. Somos quatro irmãos entregues por Deus a uma mulher muito severa. Nossa mãe não permitia que usássemos nenhum palavrão, ou linguagem chula, não permitia mentiras, nem tão pouco que dedurássemos uns aos outros. Quando ela saía de casa, ao retornar, se algum de nós fosse dizer algo de errado que o outro fez, apanhava quem praticou o erro e quem fez a delação. Não permitia que brincássemos com outras crianças, tínhamos tarefas definidas desde muito cedo, e quando fazíamos alguma coisa errada e estávamos em um ambiente externo, como diz o Psicólogo Alessandro Klinger, ela usava seu olhar de Wifi, ali já sabíamos que ao chegar em casa a surra estava garantida.

Alguns devem estar pensando que mãe cruel! – é evidente que chorávamos, esperneávamos, nos sentíamos injustiçados, todo filho se sente injustiçado, mas ela nos criou de acordo com os ensinamentos que ela recebeu de sua mãe, que recebeu de sua avó e assim sucessivamente. Na adolescência, a coisa piorou mais ainda. Comigo então, a coisa foi pior. Meu irmão que nasceu depois de mim, se tornou um cão de guarda fiel dela. Há um período que nós e nossas amigas fazemos quinze anos. Meu Deus, quanta festa para irmos, que maravilha. Para mim não. Ela me deixava ir, mas já dizia: “nove horas esteja em casa”. Quando eu atrasava um pouquinho, lá estava meu irmão: – “vamos pra casa! – mas a festa nem começou, tentava eu argumentar. Não adiantava, era ordem e ordem existe para ser cumprida.

Foi tudo muito difícil para nós, até uma certa idade, depois, acredito porque já tínhamos sido moldados pela escultora Julita, a vida também faz sua parte a cada dia, e esta, vai nos mostrando que realmente, nossa mãe apenas exerceu sua função.

Agora, como mãe, assumindo a missão de minha vida, sei o quanto é difícil desempenhá-la. Fazemos nossos filhos chorarem quando precisamos assumir o papel de escultora de um filho, mas dentro de nós as lágrimas são mais doloridas que as deles. Sofremos amargamente quando um filho foge do caminho que foi pensado por nós para eles. Diante de tudo isso, se faz necessário dizer, que é nossa missão prepará-los para a vida lá fora.

Nessa existência, cada um assume um papel que precisa desenvolver com responsabilidade, honestidade e disciplina, e, às mães, cabe ensinar os limites que cada uma precisa respeitar. Todos esses atributos, quando levamos de casa, não nos permite achar que falhamos quando somos repreendidos pelos nossos superiores, onde estivermos desenvolvendo nosso trabalho, pois em casa, nossa mãe, em seu ministério, sempre teve o papel de educadora, psicóloga e chefe. Quando a mulher se faz mãe, ela desenvolve a capacidade de amar, e, esse amor, só pode ser compreendido por outra mãe.

Muitas vezes, como avó, vejo minha filha desenvolvendo sua função, e meu filho diz em tom de brincadeira, “ê minha filha, tudo que você fez minha mãe passar, você vai passar”. É claro, que ser mãe não é nenhuma missão que ao ser desenvolvida, causa débito com os filhos. Talvez o débito venha a existir se nós não assumirmos nossa missão.

Amamos nossos filhos, ou deveríamos amar, independente do caminho que eles escolherem para trilhar. É o amor incondicional que Jesus tanto falou. Desta forma, não deixe para compreender sua mãe e perdoá-la depois que ela partir, pois ela esteve todo tempo te ensinando a ser uma pessoa melhor. Por outro lado, ela poderá precisar de você na velhice. Não a abandone. A dor do abandono é o maior que alguém pode vivenciar, principalmente de quem lhe dedicou toda uma vida.

No papel de mãe está incluído um monte de atributos, mas só podemos exigir alguma coisa de que tem para dar. Jamais daremos o que não temos. Assim, antes de odiá-la pelo que ela não nos deu, procuremos agradecer pelo que ela nos deu: a vida. Procurar saber o que ela recebeu, seja afeto, educação ou atenção. Talvez, acima de tudo, procurar saber quem foi sua avó, isso diz muito de quem é sua mãe. Se você é mãe, seja bem vinda ao clube das não compreendidas, ou mesmo das não amadas. Mas, podemos ser também, as mais queridas, é só desempenharmos bem o nosso papel.

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