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O trem surgindo atrás das montanhas azuis?

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Por: João Vicente Machado Sobrinho;

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Esta é parte da letra de uma música de autoria do indefectível  Raul Seixas, o qual  juntamente com Rita Lee são os dois maiores expoentes do rock nacional. Observem o detalhe na metáfora de Raul, quando ele  dá vida a um trem fictício para transportar  pessoas a partir da primeira estação vital que é o nascimento. A viagem irá se prolongar  até o desembarque  final na estação do ocaso de cada um.

Neste artigo nós nos apropriamos da ideia de Raul Seixas, para  nos reportar não ao trem da morte e sim ao trem da vida cotidiana. Aquele trem ao qual já nos reportamos algumas vezes aqui no nosso sitio, sonhando com a  sua volta aos rincões do Brasil, principalmente do  Nordeste brasileiro.

Temos sonhado com  um trem real, redivivo em ferro e aço, com  aparência moderna que ao que se anuncia parece que voltará a circular devidamente repaginado, com aspecto moderno, bonito e muito veloz.

Poderemos até denominá-lo  com o nome modernoso de trem bala que, num futuro que nos parece próximo, voltará a serpentear as diversas regiões do Brasil transportando pessoas para a vida e não para a morte como é o caso do trem fictício de Raul.

As viagens tão sonhadas, certamente serão feitas em curto espaço de tempo, obedecendo rigorosamente aos horários previstos e oferecendo como prémio o belo cenário da paisagem natural. O nosso sonho  é ver  disponível  um modal de transporte  mais seguro e mais célere, que atenda às necessidades rotineiras da população, nos seus deslocamentos rotineiros diários.  Ou por outra, para as viagens de lazer, de turismo ou de negócios diversos, cobrindo a malha urbana, suburbana e intermunicipal ou interestadual, com  conforto e pontualidade.

A mobilidade urbana é o principal alvo dessa revolução. Notadamente pelo transtorno crescente provocado pelo estado pré-falimentar do modal de transporte rodoviário, que definitivamente chegou  à exaustão. Assim sendo, enxergamos na transição gradual para o modal ferroviário,  a solução mais adequada e exequível para a mobilidade das pessoas.

A nossa esperança se reacendeu ao ler no noticioso virtual Poder 360 do dia 09 de janeiro de 2024, uma auspiciosa e animadora noticia encimada pela seguinte manchete anunciando que:

“GOVERNO QUER CONCESSOES DE FERROVIAS PARA TRANSPORTE DE PASSAGEIROS.” (1)

Não é necessário repetir que o Brasil é um país de dimensões continentais.  Outrora rural e hoje em dia predominantemente urbano, com 85% da sua população residindo nas cidades de pequeno, médio e grande porte. Os aglomerados urbanos, principalmente aqueles de maior concentração demográfica, têm desafiado os governantes, principalmente as gestões municipais, clamando por condições satisfatórias de mobilidade.
Em assim sendo, é de responsabilidade intransferível  do poder público, oferecer aos cidadãos e cidadãs um transporte de massa confortável, célere e pontual.

A opção pelo modal rodoviário de transporte ocorreu numa época em que as cidades ainda eram na sua grande maioria pequenos burgos, e o veículo automotor era uma novidade charmosa. A indústria automobilística nascente, ávida por mercado, acenava com uma proposta de maior mobilidade, que a seu tempo satisfazia plenamente o binômio tempo x movimento.

Para conseguir o seu intento, montou um poderosíssimo  cartel, para obter  privilégios fiscais, assessorada por um lobby político. “Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro!” Esse era o raciocínio em voga e a vítima, sem dúvidas, foi o modal ferroviário existente que, sacrificado, passou a ser submetido ao regime de pão e água, tornando-se obsoleto.

As benesses se sucederam e os generosos incentivos fiscais  atraíram  a instalação de montadoras de veículos automotores diversos, que passaram numericamente de uma única fábrica na era Vargas, (Fabrica Nacional de Motores-FNM) para dezenove montadoras na atualidade.

Passamos a conviver com um frenético ritmo de construção e manutenção de rodovias a custos cada vez mais elevados. Hoje em dia vivenciamos diariamente um verdadeiro caos em congestionamentos de trânsito no perímetro urbano das cidades e nas rodovias de maior tráfego. 

O crescimento e  fortalecimento do modal rodoviário, passou a ser inversamente proporcional à atrofia e o abandono do modal ferroviário que agonizava lentamente. Ou seja, quanto mais o modal rodoviário crescia mais o modal ferroviário atrofiava. A pá de cal lançada naquilo que ainda restava da malha ferroviária, ocorreu no governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso. FHC promoveu a privatização ou a  “doação” daquilo que restava da sucata das nossas ferrovias.

Daí ao abandono criminoso de todo sistema ferroviário foi um passo. Os trens não foram mais utilizados sequer para o transporte de cargas, sendo gradualmente paralisados até o colapso  quase que  total. A partir daí o modal rodoviário ocupou definitivamente até o espaço do transporte de cargas, encarecendo substancialmente o custo das mercadorias e dos  alimentos.
Depois desse ato insano, as ferrovias foram criminosamente  abandonadas pelo ente privado, oportunizando o surgimento de gigantescas carretas que hoje em dia atravancam as nossas estradas e as principais  avenidas das nossas cidades.

Não há nenhum exagero em afirmar com todas as letras que para privilegiarem o transporte rodoviário, os nossos governantes ao longo dos anos, relegaram o vetusto sistema ferroviário brasileiro, o qual sobreviveu até os seus últimos dias usando exclusivamente o legado tecnológico do Barão de Mauá.

Em decorrência desse crime, o tráfego  rodoviário “vitorioso,” a partir de então começou a inchar, chegando ao ponto de registrar no final do ano de 2023, uma frota total de 1.532.919 veículos automotores composta de: automóveis, veículos leves, ônibus, caminhões, carretas e motocicletas.

“O gráfico a seguir, ilustra a evolução da população e da frota de veículos no Brasil, de 1990 a 2020, tomando 1990 como base 1 para os respectivos dados. No gráfico se acrescentaram informações sobre a quantidade de montadoras que foram se instalando no país, e algumas outras evidências que podem demonstrar a acentuada venda de automóveis e seu ligeiro declínio nas proximidades do ano 2020.”
Observa-se que enquanto a população cresceu em torno de 41%, de 1990 a 2020, a frota de veículos automotores cresceu 575%, o que explica a taxa de automobilização sair dos 9 habitantes por veículo para 2.” (2)

O infográfico anterior dispensa quaisquer comentários subsequentes, e nos autoriza a afirmar com convicção que o modal rodoviário atingiu a exaustão. Além dos números apresentados pela insuspeita Associação Nacional de Transportes Públicos- ANTP, contamos com uma prova concreta que são os gigantescos engarrafamentos das ruas das cidades e das estradas do Brasil.

Há quem reclame da falta de planos de mobilidade mais eficientes e sugira o alargamento das ruas. Ora, resolver problemas de tráfego congestionado alargando rua é igual a ideia de resolver a obesidade afrouxando o cinto.

Analisem com atenção os números do infográfico a seguir, que estabelecem um comparativo entre os  anos de 2022 e 2023. Atentem por exemplo para o significativo crescimento do número de motocicletas!

Diante dessa realidade  preocupante, o anuncio do presidente Lula soa como uma notícia auspiciosa. O nosso presidente  sinaliza com a decisão política de adotar  a opção pelo modal ferroviário, a ser feita de forma gradual. É a grande vitória da racionalidade, que auguramos que  o congresso nacional não atrapalhe.

  • Emplacamentos em Maio e acumulado de 2023(em dias corridos).
Fonte: FENABRAVE – TRENDS CE

 

Vejamos alguns detalhes da ideia do atual governo:

 

“O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está elaborando um pacote de regras para ressuscitar o transporte de passageiros por trilhos. Uma das principais alternativas em estudo é realizar concessões para construção e operação de ferrovias exclusivas para locomoção humana. (grifo nosso) A regulamentação será complementar ao Marco das Ferrovias. A Política do Transporte Ferroviário de Passageiros foi colocada em consulta pública pelo Ministério dos Transportes, que recebe contribuições até esta 3ª feira (9.jan.2024).”

Governo quer concessões de ferrovias para transporte de passageiros…
No dia 10 de janeiro de 2024, o mesmo periódico Poder360, anunciava a decisão presidencial, dando conta que:

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá  lançar ainda no 1º semestre de 2024 um novo pacote de obras em ferrovias com recursos públicos e concessões privadas. O anúncio foi feito no dia (10.jan.2024) pelo ministro dos Transportes, Renan Filho. A carteira de projetos ainda está sendo fechada, mas deve incluir novos trechos das ferrovias Fico (Integração do Centro-Oeste), Fiol (Integração Oeste-Leste) e Transnordestina, além da construção da EF-118 (Vitória-Rio de Janeiro)

Conclusão:

Quem acompanha os nossos escritos deve ter lido os artigos que já escrevemos sobre a questão das ferrovias. Inclusive a sugestão da construção e ou o aproveitamento de parte da malha abandonada, a qual denominamos como  translitorânea. Ela teria início na cidade de Salvador, passando por Aracaju, Maceió, Recife, Parahyba, Natal, Mossoró, Fortaleza, Parnaíba e São Luiz, ou vice versa.

O complemento da integração caberia aos governos estaduais dos estados beneficiários, e cada  cada estado construiria as suas  variáveis prioritárias  para integrar suas maiores cidades do interior  como: Teresina, o Crato, Campina Grande, Caruaru, Arapiraca e Feira de Santana.
Veja mais no artigo do dia 4 de maio de 2022.” A volta imperiosa dos trens”

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:
Governo quer concessões de ferrovias para transporte de passageiros (poder360.com.br); (1)
ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos; (2)
Htpps://www.poder360.com.br/1/infreestrutura/governo-quer-concessoes-de-ferrovias-para-transporte-de-passageiro;
minuta-PTFP.pdf (poder360.com.br);

Fotografias:
o trem de Raul seixas – Pesquisa Google;
Fenabrave: venda de automóveis e comerciais leves cai 10,3% em maio – TrendsCE;
Histórias: Trem-bala (historiasylvio.blogspot.com);
As 10 cidades mais congestionadas do mundo – AUTOO;
Governo quer concessões de ferrovias para transporte de passageiros (poder360.com.br)

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