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Cigarras de outubro

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Qual quem bebe água pura, ouço assim, no ritmo das cigarras, os finais de tarde nas matas deste pé-de-serra. Num contato de dois mundos em um só, as bênçãos da natureza envolvem de harmonia as levas impacientes do pensamento. Desparece a distância entre o possível e o imaginável. Elas, que conversam consigo, trocam agora ideias quanto a temas inalcançáveis, crescem e envolvem de silêncio as nuvens, o chão, tudo em volta. Quer-se descrever esse quadro, porém de tão perfeito tão impossível, pois.

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Cá fora, ao desalento, a turba que arrasta seus grilhões pelas praças, restam de sonhos largados ao sol da escuridão ainda iluminada. Seres, vestidos em sudários de carne, tangem aos becos olhos de ver à noite. Crescem, criam longas lendas de perdidos tesouros, e deitam pelas calçadas passos entontecidos.

E insistem as cigarras no seu lamento de alerta, pedidos distantes de paz aos exércitos em choque nesse mundo afora.

Nisto, há um Ser que fala pelas vozes do Tempo. Enquanto aqui tocamos jornada infinita de que conhecemos quase nada, aguardamos de nós a resposta do que somos. Sustentamos as escolhas feitas e aguardamos o resultado. Aprendemos que viver e amar significam causa e consequência do que antes existia em algum lugar. Autores da mesma criação de que fazemos parte, apenas idealizamos do pouco o muito a nos esperar na esfera dos movimentos aonde resistimos ao desaparecimento pelos mares da ilusão.

Esse mesmo ciciar das matas mergulha dentro das criaturas, também autoras da peça magistral da sinfonia das maravilhas no Universo. Volteios, notas inesquecíveis sacodem a alma do dia em constante transformação, horas que deslizam no firmamento já avermelhado.

Através dessa melodia esplendorosa resta que afinemos a nós próprios e deixemos que o manto da noite nos abrace, aconchego da certeza de todas as essências em repouso na alma dos viventes desta hora que acalma os céus e adormece os corações.

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