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A Importância da Reindustrialização Brasileira

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O presidente Lula tem dado grande ênfase a um tema para o qual o imperialismo de plantão sempre torceu o nariz. Trata-se da necessidade premente da retomada da nossa reindustrialização, como caminho mais curto para o desenvolvimento e para a nossa libertação econômica.

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Nenhum país do mundo pode se pretender competitivo num mercado internacional cada vez mais disputado, sem que disponha da capacidade de produzir bens duráveis de qualidade. Imbuídos desse libertário pensamento foi que alguns países quase que exclusivamente agrários, como foi o caso da China, em muito pouco tempo deu um enorme salto à frente, acelerou o seu ritmo de aprendizado para construir um fantástico e surpreendente nível de desenvolvimento técnico e cientifico. Em apenas 75 anos de adesão ao modelo socialista, a China virou uma potência respeitável e segundo o prognóstico dos especialistas, em  2025 aquele país asiático será a maior potência do planeta. Desbancando do podium nada menos do que  os Estados Unidos da América do Norte-USA.

A atual arrancada desenvolvimentista  teve início no ano de 2001, quando cinco países considerados periféricos decidiram se juntar para formar um robusto bloco econômico. A ideia  foi efetivada com a primeira reunião de cúpula ocorrida em 2009.

Naquela ocasião, Brasil, Rússia, Índia e China e depois África do Sul, criaram um bloco econômico com as letras iniciais de cada país, denominado BRICS, que nada mais era do que um audacioso aglomerado de países de terceiro mundo, que optaram por ousar e caminhar na contramão da lógica neoliberal para se redimirem do atraso.

O Brasil que durante o desgoverno golpista Temer/Bolsonaro  equivocadamente se ausentou do bloco, foi acometido de uma infecção política e econômica  grave e somente agora, após a posse do presidente Lula, retornou apressado e defasado ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Esperamos que desta feita esteja mais resistente à bactéria ultraneoliberal, contraída da epidemia disseminada pelo Consenso de Washington.

Uma vez reunificado e com a presença adicional da África do Sul, os BRICS sem perda de tempo reafirmaram os seus propósitos e desde então não pararam de receber adeptos. É tanto que a partir de janeiro de 2024, estarão recebendo nas suas fileiras: a Argentina, a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã.

Além desses, mais 20 países já apresentaram demanda formal de ingresso no bloco entre os quais: a Argélia, Bangladesh, Cuba e o Vietnã além de outros países como o Paquistão, a Turquia e o México que manifestaram interesse, mas ainda não formalizaram os respectivos ingressos.

Na reunião de reencontro surgiram como principais propostas politicas a modernização do Conselho de Segurança da ONU exigindo espaço para os BRICS e a criação de uma nova moeda para facilitar as transações entre os países membros, sem a necessidade da conversão das suas transações em dólar.

Essa atitude independente dos BRICS não colocou apenas uma pulga atrás da orelha dos USA, instalou isso sim um ninho delas, principalmente com a manifesta pretensão do México em ingressar no bloco, o que seria no dizer de Marx referindo-se à Comuna de Paris, “um assalto ao céu.

A decisão sobre o uso da moeda dos Estados Unidos como referência nas transações comerciais internacionais, foi tomada em julho de 1944 por ocasião do acordo de Bretton Woods. Naquela ocasião  foram também criados o Fundo Monetário Internacional-FMI e o Banco Mundial, sendo também adotado o padrão ouro como lastro da moeda estadunidense haja vista as grandes reservas em ouro existentes naquele país.

Vejamos um breve histórico de como se processam hoje em dia as transações comerciais entre países de moedas frágeis:

“Quando a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, as economias dos países europeus estavam quebradas. Em 1944, europeus e americanos se reuniram na cidade de Bretton Woods, nos Estados Unidos, para discutir como seria o novo sistema monetário internacional – para trazer estabilidade econômica e equilibrar as transações internacionais.
Como os americanos tinham dois terços das reservas de ouro do planeta e o metal foi usado como padrão durante décadas, o dólar se impôs como moeda para as transações entre Estados Unidos e Europa” (1)

Por ocasião da crise do petróleo em 1973/1974, os USA e a Arábia Saudita, a mesma que agora será admitida nos BRICS em 2024, acordaram:

“Em 1974, Estados Unidos e Arábia Saudita concordaram em cotar o petróleo em dólares. É o início da ideia do petrodólar, que levou à dominância da moeda americana que vemos hoje”, explica Zoe Liu.” (1)

Entre os integrantes atuais do grupo dos BRICs estão a China, país  que experimenta um avanço galopante do seu parque industrial e já é uma potência econômica;  a Índia, que também vem merecendo destaque na produção de bens duráveis;  a Rússia, ainda uma potência mesmo depois da debacle da União Soviética-URSS;  o Brasil que já foi pole position e agora procura se reindustrializar,  e a África do Sul com pretensões de entrar na competição.

Os demais países dos BRICS, os quais  que já se encontram  la na frente não estão dispostos a paralisar o seu crescimento para esperar pelo Brasil, este sim é que tem de correr para alcançá-los. Para tanto já estão cuidando simultaneamente de se apartar do dólar como moeda de referência, e criar uma moeda própria para ancorar a cesta de moedas dos participantes do grupo.

O Brasil não pode nem deve continuar pautando  a sua carteira de exportações baseado apenas em commodities. Essa prática reduz a nossa competitividade e fortalece uma dependência cada vez maior do chamado agronegócio, notadamente da agropecuária de exportação. O agronegócio é uma atividade que  além de gerar pouco emprego, tem uma geração de superávit fiscal muito instável e dependente.

Se alguém duvida basta embarcar num veículo automotor e percorrer toda fronteira agrícola do chamado MATOPIBA- (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Irá viajar por  horas e horas seguidas, sem ver um único trabalhador rural sequer, pois a atividade do agro que se gaba  de ser pop, e de ser  tec,  não é tudo como apregoa.

Quanto ao saldo da balança comercial proporcionado pelas commodities, além de sofrer uma erosão financeira causada pela  Lei Kandir que foi feita para os mega empresários rurais, serve de divisas  para  a importação de implementos, adubos e defensivos agrícolas, numa demanda causada exatamente  pela  desindustrialização. Atualmente a atividade agropecuária de exportação, funciona ao livre sabor do mercado e obedece exclusivamente aos ditames do lucro. Além disso, ela  é  praticada de forma predatória, para benefício exclusivo dos mega produtores naquilo que Marx chamava  anarquia da produção em que o empresário planta o que quer e o que lhe convém.

As iniciativas dos BRICS em busca de autonomia, têm provocado muita dor de cabeça em um grupo de  economistas ortodoxos, intelectuais orgânicos do establishment. O eco ultraneoliberal que vem sendo reverberado pela mídia oficial, que quase sempre falseia a verdade e escamoteia os efeitos deletérios da prática leonina dos grupos econômicos e financeiros. Consideraram um verdadeiro sacrilégio o fato de o Brasil participar de um bloco que vai criar uma nova moeda de troca, difundindo a mentira  que iriamos renunciar a nossa moeda oficial.

Ora, se para exportar utilizando o dólar como moeda de troca nunca nos obrigamos a renunciar ao real, como iriamos fazê-lo agora  devido a uma nova moeda? Se nenhum país da Europa renunciou às suas moedas de origem  com o surgimento do euro, porque seriamos nós a fazê-lo  agora com a nova e bem vinda  moeda dos BRICS? Balela, bazófia, “conversa flácida para bovino dormitar.” (2)

A presença do presidente Lula nas reuniões dos BRICS,  representou a volta do Brasil ao lugar de onde nunca deveria ter se ausentado.  Por isso, além de ter sido  recebida festivamente,  foi o suficiente para animar os demais membros do grupo no sentido de acelerar as démarches de consolidação do bloco com ideias novas:

“A ideia de você fazer um intercâmbio comercial em moedas próprias, sem recorrer a uma moeda de um terceiro, é uma coisa que está há muito tempo na mesa de negociação entre os Brics, no âmbito do Mercosul. Isso já foi tentado, prosperou com alguma celeridade no Mercosul. No período recente, isso retraiu barbaramente. Mas essa ideia volta à mesa para que possamos aprofundar esse tema e promover o intercâmbio comercial com base nessa filosofia,”, explicou Haddad. (1)

Alguém pode até se indagar onde o Brasil vai buscar musculatura para acompanhar esse ritmo. A essas manifestações que são um misto de pessimismo e oportunismo, poderemos responder  que basta  perguntar aos seus pares dos BRICs  como eles agiram  para s libertar e  chegar ao estágio atual. Além disso  fechar os ouvidos para a pregação das Cassandras, arautos do  velho liberalismo econômico em decadência que tem a matriz nos  USA.

Se alguém esqueceu a história econômica do Brasil, é bom pesquisar que encontrará na década de 1980 um país considerado periférico, que tinha um Produto Interno Bruto – PIB industrial, maior do que a China e todos os tigres asiáticos juntos. Sabem que país era esse? não? o Brasil!

Então a nossa reindustrialização não tem nada de inédita. É só vencer a opinião contrária  dos inimigos internos que agem sempre de forma oportunista, subordinada, e colocar  as mãos à obra!

 

 

Referencias:
(1) Entenda por que o dólar é a moeda usada no comércio internacional | Jornal Nacional | G1 (globo.com);

(2) Saudoso radialista Humberto de Campos de Campina Grande;

Fotografias:
a fundação dos BRICs – Pesquisar (bing.com);

75 anos depois de Bretton Woods, o pacto que desenhou a ordem econômica global que está desmoronando hoje – Infobae;

Brics dá em 2023 seu terceiro grande passo: ‘o resto do | Opinião (brasildefato.com.br);

Importância da indústria – Portal da Indústria – CNI (portaldaindustria.com.br);

Área plantada do Matopiba alcançará 8,9 milhões de hectares até 2030 (pinegocios.com.br)

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