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O que fazemos de nosso conhecimento?

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Acontecem coisas em nossa caminhada que vêm para testar nossos conhecimentos adquiridos durante nosso tempo de aprendizado. Muitos de nós vivenciamos uma doutrina religiosa, e desde os primórdios da humanidade vamos juntando em nossa mente ensinamentos, assim como uma costureira que junta retalhos para elaboração de seu trabalho. No caso da costureira, ela tem um objetivo, mas e nós, com qual o objetivo utilizarmos nosso conhecimento? Será que é só criar uma carreira sólida e ganhar muito dinheiro e nos tornar pessoas bem sucedidas? E quando em nossa vida surgem problemas que aprendemos a teoria e não sabemos aplica-los na prática?

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Vendo a palestra com Frei Beto publicada no domingo, em uma de suas colocações: “existe de um lado os que doam e uma enorme fila para receber” (se reportando às campanhas de combate à fome). Essa colocação me fez refletir. Realmente estamos aprendendo desde nossa infância, nas igrejas, que precisamos amar e dividir o pão com aqueles que não o tem.

Lembro-me de uma música que cantávamos na capelinha do Colégio Patronato Madre Mazzarello em Anápolis, onde assistíamos as missas ao domingo, não sei o autor da música, o que já peço desculpas por não trazer sua autoria, dizia assim:

“Sabe Senhor, o que tenho é tão pouco para dar, mas o esse pouco queremos com irmão compartilhar”.

À época, eu achava realmente que deveríamos partilhar o pão. Com o passar do tempo fomos crescendo em tamanho e adquirindo novos conhecimentos. Hoje sigo os ensinamentos de Jesus, mas não sou mais católica. Quando Frei Beto nos fez pensar por que tanta gente pedindo e os que estão na ponta da pirâmide, que são os que detém maior recurso, são menores em número e maior em poder aquisitivo e não doam, e ainda, que o número dos que podem doar é menor de que o número dos que pedem? Em outras palavras, por que tanta disparidade entre o “salário dos que ganham mais e os que ganham menos?”

Acho que chegou a hora de nós pobres, ou seja, todos aqueles que dependemos do nosso trabalho para sobreviver, começarmos a nos questionar sobre algumas questões que envolvem nosso cotidiano. Minha intenção de trazer a um pequeno público informação como esta é a esperança que essas palavras ecoem e se multipliquem e essas questões venham a esclarecer nossa pobreza e a grande riqueza.

Seria muito interessante que o grande público tivesse acesso a informações que, por motivos óbvios, não são divulgados nos meios de comunicação que a grande maioria tem acesso. A essa grande maioria, interessa a novela, os programas de fofoca, reality shows e toda uma programação que lhe ajude a esquecer as agruras do dia a dia. Os programas que têm a função de trazer um pouco de informação/esclarecimento, só são levados ao ar quando essa população que trabalha, ou seja, a que dá duro para no final do mês receber um salário mínimo, ou está trabalhando nos turnos da noite ou estão dormindo para sair ainda durante a madrugada. E há o aparente incontornável desencontro entre a informação e aqueles que mais precisam delas.

Escolhi falar sobre esse tema, porque sei que com um pouco do conhecimento que tenho poderei contribuir para alertar uma pessoa que seja. Já paramos para pensar que os homens e poucas mulheres que colocamos no poder, alguns deles nem nunca vimos, nem tão pouco sabemos quem são, nem o que fazem. E após as eleições, não procuramos saber no que contribuíram para aumentar ou diminuir nossa pobreza.

Sito, por exemplo, que a administração municipal de onde moro nunca pisou na área em que fica meu “sítio”. Não sei nem se ela tem ideia que existe alguém morando por esses lados do município. Se não fosse por um dono de um haras que mora nas proximidades e que manda passar uma máquina em parte da estrada que vai até a casa dele, não estávamos mais conseguindo passar. Quanto ao restante da estrada, se as chuvas permanecerem, certamente nos tornaremos como os moradores da Amazônia, sem estrada para passar, nos valendo de barcos. Ainda contamos com um areal, que tem sido responsável pela quebra de nossos carros nos trazendo enormes prejuízos.

Estou apenas trazendo o exemplo de uma administração local. Sei que existe uma Câmara de Vereadores no município, mas me parece que eles só são visíveis nos dias de sessão na Câmara. Estou falando desse problema em particular, mas não é apenas para falar de um problema isolado, se ampliarmos o leque dos problemas que acumulamos nos três níveis de administração, e se fôssemos um pouco mais esclarecidos, compreendendo o papel de cada legislador e cobrássemos seu trabalho, se tivéssemos consciência que são nossos impostos que pagam seus salários e que eles estão nos cargos que estão porque nós votamos neles, talvez a nossa situação educacional, sanitária e a própria administração pública fosse melhor.

Sem contar que a Sociedade Civil, através das Organizações Não Governamentais sérias, precisa desenvolver seu papel, dentre os quais os de esclarecer a população que não tem acesso à verdadeira situação social que se encontra nossa população. E porque de estarmos nesta situação. Somos, cada um, responsáveis por uma parcela dessa situação.

Os programas de distribuição de renda são importantes, mas não resolvem a situação das pessoas que estão nessa faixa de renda. A Cesta Básica que se adota neste país, não é a verdadeira. Ou seja, a sexta básica é aquela que precisa alimentar uma família de 05 pessoas por 30 dias. Essa, teria em sua composição: 4,5kg de carne (proteína); 61 litros de leite. 4,5 kg de feijão. 3,6 kg de arroz, 3, kg de farinha de mandioca 12kg de legumes; 60 pães, 800 gramas de café; 7,5 dúzias de frutas; 3 kg de açúcar; 750 ml de óleo; 750 gramas de manteiga ou margarina e 3kg de tubérculos (batata doce, inhame ou macaxeira).

Caros leitores, precisamos utilizar nossos conhecimentos e dividir o pão a que Jesus se referia, com todos que tem fome não só de alimento, mas de conhecimento e esclarecimentos.

Não adianta adquirirmos conhecimentos para serem usados para manipular os mais humildes e os que não tem onde buscar informações. Esse, é um tipo de escravidão dos tempos modernos. Sejamos as sementes do que queremos ver colhido em nosso país, estado ou cidade. Ou mesmo em sua pequena comunidade.

Não podemos achar que a possibilidade de conhecimento que tivemos, nos foi dada por mero acaso. Não. Nada no universo acontece por acaso. Cada um de nós tem uma missão neste planeta, que precisa urgentemente do conhecimento voltado para o bem para que ele volte à sua “rota normal”. Cada ser humano precisa se reconhecer como parte do universo, e se identificando com o que ele nos oferece. É nossa missão, cuidar dele, pois assim, estamos cuidando de nós. Deveríamos compartilhar a ideia e o sentimento de Martin Luther King Jr, que tinha um sonho, que também tenhamos o nosso de fazer o bem sem olhar a quem. E que a vontade dividir o pão de nossas vidas com quem não tem, seja maior que o de deixar que o seu seja desperdiçado.

Repetindo as palavras de Frei Beto, “que sejamos sementes” sementes que deem frutos para as gerações futuras. Que tenhamos mais olhar para o outro, pois ele faz parte de nós.

 

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