Daquele tempo distante, relembro essa história e trago à cena os dias atuais, quando tantos, nesta hora, estão de vistas fincadas nos pequenos celulares, a viajar mundos adentro, quase a viver diante de oráculos fieis, irretocáveis. Agora, da mais tenra idade aos provectos, todos firmam seus movimentos e preferências nas luzes das telinhas sensibilizantes, objetos de primeiríssima necessidade, que riem, falam, denunciam, mentem, desmentem, alimentam, dão as horas, o clima, a localização, as músicas, os filmes, os medicamentos, as preveem, profetizam; verdadeiros arautos das populações, são maquininhas que parecem controlar o Planeta, tal num abrir e fechar de olhos.
Nisso lembro os livros e filmes em moda na década de 60 do século anterior, Admirável mundo novo, 1984, O Céu e o inferno, Laranja mecânica, Fahrenheit 451, As crônicas marcianas, As portas da percepção, Utopia 14, etc., ali prevíamos existiriam outros níveis de compreensão nas máquinas, em que elas imporiam o risco de demonstrar humanização compatível ao próprio ser humano.
Por vezes, imagino mesmo que vivamos era de intensas contradições e acesas expectativas de presenciar com clareza qual o lugar de cada vivente; caso mecânico, entre as máquinas; caso animais pensantes, entre os pares ditos inteligentes.