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Somos todos seres humanos

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O Mês de junho é dedicado, dentre outras coisas, ao Orgulho LGBTQIA+. Sigla que para muitos pode ser longa demais ou confusa, mas que para outros é motivo de orgulho, por lhes mostrar que sua existência é reconhecida e validada. A sigla na forma atual se refere a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais, pessoas “queer”, intersexuais, assexuais e agêneros, o sinal de adição no final sigla simboliza que esse agrupamento de termos não é exaustivo e que infinitas são as identidades de gênero e de compreensão da sexualidade de cada um.

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Assim sendo, não poderia deixar de falar da LGBTfobia. Termo que tende a não ser tão utilizado ou conhecido, já que, normalmente, usa-se outro sinônimo para nomear o ódio à população LGBTQIA+: homofobia.

Originalmente, o termo homofobia refere-se apenas à violência e hostilidade contra homossexuais, que são as lésbicas e os gays. Mas, a utilização do termo se popularizou e, hoje, é considerado por muitos uma forma correta de definir o ato de ódio a outros grupos, como afirmou Maria Berenice Dias, Presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB:

“Homofobia é o ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”.

Como não poderia deixar de ser, busquei nas fontes da codificação espírita alguma referência ou explicação, não para explicar ou condenar esse grupo de pessoas, mas para tentar entender de onde vem o ódio tão amplamente disseminado no mundo em que vivemos.

Precisamos voltar um pouco ao princípio da criação do Homem para tentarmos achar alguma justificativa para que hoje o ser humano possa ter desenvolvido tanto ódio em seu coração e em sua consciência. Parto, do princípio, da criação, e, para isso, recorro ao livro “A Gênese” escrito por Allan Kardec e publicado em Paris no ano de 1868. No item 30 do Capítulo I, Kardec diz:

Pelo Espiritismo, o homem sabe de onde vem, para onde vai, por que está na Terra, por que sofre temporariamente e vê por toda parte a justiça de Deus. Sabe que a alma progride incessantemente, através de uma série de existências sucessivas, até atingir o grau de perfeição que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idêntica aptidão para progredir, em virtude de seu livre-arbítrio; que todas são da mesma essência e que não há entre elas diferenças, senão quanto ao progresso realizado; que todas têm o mesmo destino e alcançarão a mesma meta, mais ou menos rapidamente, pelo trabalho e boa vontade.
Continua nosso Professor:
Sabe que não há criaturas deserdadas, nem mais favorecidas umas do que outras; que Deus a nenhuma criou privilegiada e dispensada do trabalho imposto às outras para progredirem. ( …) pag.29

Partindo desse princípio, com relação à criação do Homem, não encontrei em nenhuma parte dessa obra, alguma afirmação de que Deus nos criou diferentes, ou assim nos tornamos, em função de nossa forma de amar e de ser desde a nossa formação individual.

A propósito, encontraremos, da parte Jesus, e repetida por vários de seus discípulos: “Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”. Quando Jesus chega ao mundo, e começa suas orientações aos homens, alguém encontrou alguma forma de discriminação da parte dele, por qualquer ser humano? Eu não encontrei.

Mas às vezes acho que o homem, criatura feita à imagem e semelhança de seu Criador, quer se tornar maior que ele, e para impor sua vontade e seus preconceitos, que no fundo, nada mais são que a forma encontrada por este homem incompreensível, insensível para demonstrar sua maldade e falta de conhecimento e de amor. Pois aquele que trata qualquer um de seus irmãos na Criação como diferente, deve ter algum problema psíquico ou de caráter que precisa ser resolvido.

Estamos vendo por toda parte grupos de pessoas, “diferentes”, desde a criação, lutando para serem apenas quem realmente são. Estamos lutando, desde a noite de 28 de junho de 1969, para dizer ao mundo que a comunidade LGBTQIA+ sofreu uma violenta abordagem policial no bar Stonewall Inn, em Greenwich Village, e gerou reação dos presentes, que depois de tempos sofrendo abordagens violentas e sem fundamentos, resolveram enfrentar as autoridades em Nova York, no que ficou conhecido como a Rebelião de Stonewall.

Entretanto, ainda estamos com lutas seculares. A comunidade negra, que precisa lutar a cada dia de sua vida para mostrar aos outros seres humanos que também foram criados da mesma forma, grupos de mulheres, no mundo inteiro, que lutam pela igualdade de tratamento e de direitos. Comunidades quilombolas e indígenas que tiveram uma pequena conquista, mas tantas outras cerceadas, que também não têm igualdade de tratamento e reconhecimento como seres humanos, como todos nós merecemos ter.

A questão que precisa ser discutida é: o que ainda precisa acontecer para que a Humanidade passe a descobrir que em todas as questões, sejam elas filosóficas, religiosas, econômicas e, por fim, sociais, estamos cada dia mais fechados em nossos casulos, querendo esconder uma realidade que está no meio de nós?

Precisamos aceitar que em nossas famílias existem negros, indígenas, homossexuais que sofrem e muitas vezes estão doentes, não de HIV/AIDS, ou outras enfermidades. São os doentes da alma, que por não encontrarem, em seu irmão humano, apoio apenas para ser humano e ter o direito à vida em plenitude tornam-se doentes durante toda uma vida. Vítimas de serem apenas quem são num mundo que não lhes compreendem nem lhes aceita.

Não existe a forma certa ou errada de amar. Existe o amor ou o desamor. Existe uma sociedade que ainda se sente no direito de julgar, quando esquece que será julgado pelo mesmo Juiz como qualquer um.

Vamos aproveitar cada minuto que vivemos, e que por misericórdia de Deus, ainda temos para, pelo menos tentarmos ser mais humanos, fraternos e misericordiosos conosco mesmos. Pai, Mãe, irmão, olhe ao seu redor! Será que você pode, como dizemos aqui entre nós nordestinos “bater no peito” e dizer “eu posso julgar, eu estou isento de faltas!” Será mesmo?

Em 2022 houve a elaboração de um dossiê, com apoio do Fundo do Reino dos Países Baixos e do Fundo Brasil de Direitos Humanos, que têm financiado uma série de ações realizadas pela Acontece LGBTI+, pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

Participam também a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). Em entrevista à Agência Brasil, Alexandre Bogas, fundador da organização não governamental (ONG) Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+, destacou que as 273 mortes correspondem a uma pessoa LGBTI+ assassinada a cada 32 horas, ou a uma média de duas mortes a cada três dias.

“O relatório foi baseado em registros de casos relatados em reportagens online, notícias de redes sociais e de portais eletrônicos. São procuradas informações também em institutos médicos legais (IMLs) e secretarias de Segurança Pública. Bogas disse que esses dados, embora mais restritos, também são trabalhados pelo observatório. Há também relatos pessoais incluídos na investigação. “A dificuldade principal nossa são os recursos, e a gente acaba dependendo de muito voluntariado para isso funcionar”.

Dados preliminares de 2023, divulgados no relatório, revelam que nos primeiros quatro meses do ano foram registrados 80 assassinatos de pessoas LGBTI+, sendo que a população de travestis e mulheres trans representa 62,50% do total de mortes (50); os gays, 32,5% dos casos (26 mortes)

Você já parou pra pensar que um filho ou uma filha sua vivendo ao seu lado, sente as dores mais atrozes porque simplesmente ela(e) não pode ser quem ela verdadeiramente é, e que não se assume por que falta em você amor para aceita-la(o)? ou por medo de ser jogado nas ruas, como se fosse algum párea da sociedade?

Este artigo dedico a todos os filhos, filhas, netos, netas e a todos os seres humanos que precisam apenas de amor. Nada mais que isso. Foi o que Jesus veio nos ensinar. Mas muitos de nós, aprendemos a repetir todas as palavras dos livros tidos como sagrados, mas não aprendemos que por sermos diferentes, não significa dizer que não somos humanos.

Humano é aquele que ama. Quem ama tem ética, tem moral e acima de tudo, defende seus irmãos de qualquer injustiça, inclusive, lutando para que ele não seja injustiçado.

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