Em alguns momentos históricos as forças políticas dominantes conseguem estabelecer uma polarização tão forte que pensar ou refletir fora dos polos é quase um suicídio intelectual.
Como uma espécie de cruzada ou de guerra fria os lados escolhem os discursos, os fatos, os valores, as esperanças e os medos que dominarão o cenário em todas as esferas da vida, da grande mídia às festinhas de aniversários. A razão, a história, a ciência e a própria verdade perdem a força diante da polarização política.
Quando tudo passar e os acordos forem finalmente estabelecidos, os de cima continuarão em cima, os de baixo continuarão em baixo e os do meio poderão subir ou descer um pouquinho, mas nada de grandes mudanças. Como disse Chico Buarque:
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá.