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A brevidade da vida

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Outrora tive a oportunidade de cursar uma cadeira do curso de Sociologia, à época visando chegar ao sonhado doutorado, ali aprendi um pouco mais sobre filosofia. Por razões várias o Doutorado ficou talvez, para próxima encarnação. Mas o estudo da filosofia, esta sim, precisamos dar continuidade. Assim, ultimamente tenho me dedicado um pouco aos Filósofos da antiguidade.

Dizemos que todos os caminhos levam a Deus. Com relação à filosofia, vejo que todos os iluminados que vieram antes de Jesus falaram muita coisa que ele ensinou, mas talvez, por não terem sido levados muito a sério, ou por seu conhecimento ser avançado demais para o seu tempo, foram excluídos, e assim, veio Jesus afirmar muita coisa já dita por eles. Durante a passagem do Cristo, talvez pelas escrituras hebraicas anunciarem a vinda de um novo messias, talvez pelo trabalho de seus discípulos, ou, ainda, por seus ensinamentos serem diferentes dos que vieram antes deles terem falado, vemos, hoje, esses ensinamentos quase universais serem compreendidos como cristãos.

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Nos ensinamentos de Jesus, podemos ouvir ecos de muitas orientações deixadas por Sócrates, Platão e tantos outros. Nesta minha busca de aprofundamento das coisas da vida, inicialmente através da Doutrina Espírita, por sua parte filosófica que me parece ter ficado um pouco esquecida em relação à parte evangélica, que tomou a dianteira neste discurso, fui intuída a buscar outro olhar sobre a vida. E, olha, tenho me surpreendido positivamente, e vou acabar me tornando uma filósofa autodidata. Quem sabe, mais um sonho que vai se realizando um pouco a cada dia.

Mas vamos deixar de lado os “entretanto e vamos aos finalmente” como dizia um personagem da TV. Nesta busca já falada, encontrei Sêneca que nasceu em Córdoba, Espanha, em 04 a.C, durante o Império Romano. (Estou trazendo estes detalhes, para quem quiser conhecer esse grande Homem, e afirmo que não vai se arrepender).

Sábado passado, participei do Encontro de nossa família no sertão paraibano. Na abertura do Encontro, normalmente, como primeira neta de Antônio Mororó e uma das responsáveis pela realização do Encontro, estive no palco com a missão de abrir a grande festa, escolhi falar da importância da família. De cima do palco, pude observar um pouco mais “de cima”, e com o olhar de pesquisadora que não me larga nem mesmo numa festa de família, pude ver três ou quatro gerações ali convivendo.

Ali pude refletir sobre a obra “A brevidade da vida” de Sêneca. Senti falta dos que já partiram, vi pessoas que conheci crianças já com a suas famílias constituídas, vi pessoas que conheci meninas hoje com seus bisnetos, vi como a vida, de fato, é breve, e, por isso, rápida. Sei, ao menos superficialmente, como alguns dos que ali estavam conduzem suas vidas, alguns convivo desde muito pequena, e como tenho uma memória de elefante, que muito agradeço a Deus por possuí-la, lembro-me de cada detalhe, que nem mesmo os protagonistas das histórias lembram. Mas cada um, vive sua vida como pode e como sabe. Alguns são mais sábios que outros, e isso é natural em nossa natureza humana.

Ao nascermos, temos uma única certeza: a da morte física. Para alguns a vida pode ser longa, para outros, pode ser curta. Nada fora do planejamento divino, a não ser nos casos daqueles que abreviam sua existência. Poucos são os que estão preparados para a partida.

Acredito que a vida não termina com a morte do corpo físico e que o Espirito continua seu aprendizado para um dia, retornar a este planeta, ou, de acordo com o modo que viveu, pode ainda partir para outros planos. Não podemos esquecer das palavras de Jesus. “Há muitas moradas na casa de meu pai”. Existem lugares mais adiantados que a Terra, outros mais atrasados.

Como a vida não deixa de ser um período de aprendizado, assim como numa escola, podemos passar para uma classe mais adiantada, ou permanecer para uma classe dos mais atrasados.

E o que Sêneca tem a ver com essa história? Em seus ensinamentos, como o principal representante romano do estoicismo, doutrina filosófica caracterizada pela consideração do problema moral(!), Sêneca nos traz à lembrança que a “vida cessa para maioria de nós exatamente quando estamos nos preparando para ela”. Continua nosso Filósofo:

Não é que tenhamos pouco tempo de vida, mas desperdiçamos muito dela. A vida é longa o suficiente, e uma quantia bastante generosa nos foi dada para as maiores realizações, se tudo fosse bem empregado. Mas quando é desperdiçada na luxúria despreocupada e gasta com nenhuma atividade produtiva, somos forçados pela restrição final da morte a perceber que ela passou. Assim como quando uma grande e principesca riqueza, cai para um mau proprietário, ela é desperdiçada em um momento, mas a riqueza, por mais modesta que seja, se confiada a um bom guardião, aumenta com o uso, assim como nossa vida se estende amplamente se você a administrar adequadamente (pág., 08).

Foi assim que vi cada participante daquela festa. Alguns aproveitam a vida com sabedoria e sem desperdiçar seu tempo. Esses fizeram a vida se tornar longa e frutífera. Outros, vivem como se o nosso tempo aqui nunca fosse acabar. E quem assim pensa, não vive o agora, não ama agora, vai postergando os afazeres, os sonhos. Outros, vivem esperando que seus sonhos se realizem sem, contudo, nada fazer para que isso aconteça. Ainda têm os que aprenderam a odiar, não trazem alegria e felicidade.

Para concluir, quero dizer que eu também estou aprendendo a aproveitar a vida. Hoje tenho a consciência de que buscar viver cada momento com sabedoria é a grande chave de uma vida longa. Mas ainda estou engatinhando nesta busca, vivi muito tempo para os outros, preocupada com a família e com seu bem estar. Não me arrependo de ter feito isso, claro que não, mas esqueci que eu também precisava buscar minha felicidade e minha paz interior. Que cada um tem sua vida, que não podemos deixar que outros assumam a dianteira de nosso barco. Precisamos estar no leme dessa travessia. Somos as pessoas mais importantes de nossa existência, Não, não é egoísmo. É amor próprio.

 

 

 

 

[1] Sêneca. Sobre a brevidade da vida/traduzido por Fábio Meneses Santos, Jandira SP: Principis 2021

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