As escolhas de Bolsonaro para ministros do STF, sobretudo os seus anunciados critérios, fizeram com que a provável escolha de Cristiano Zanin para ministro seja algo tão normal que se parece com um alívio. Não se discute a adequação para a sociedade, mas simplesmente que a escolha do presidente não seja mais um terrível fundamentalista religioso, ou um escolhido para perseguir outros. O processo seletivo pelo qual passou Zanin só o presidente sabe, mas passa a impressão que se tenta fazer justiça em relação ao maior escândalo judicial dos últimos tempos, que foi e ainda está sendo, a chamada operação lava jato.
As ações desastrosas do governo anterior, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e as reações do ministro Alexandre de Moraes fortaleceram o poder do judiciário no Brasil. Mas não podemos perder o senso crítico em relação a este poder.
As leis e a ordem nos informam que juízes, sejam de primeiro, segundo ou terceiro grau, não são intocáveis pelos seus atos e atitudes, mas o senso comum e a vida prática nos mostram deuses e demônios, vestidos de toga a infernizar a vida das pessoas sem nenhuma punição além de, no máximo e apenas como exceção, ganharem uma aposentaria como punição pelos erros, coisa que muita gente queria como prêmio pelos seus acertos.
Não é certo generalizar, mas muito menos é certo silenciar, virar o rosto ou fingir que não se está vendo. O Brasil precisa de uma reforma séria do poder judiciário para colocar este poder no seu devido lugar.