Cada pessoa adota um conjunto de critérios para definir o seu voto, e o que parece ser incoerente para uns é o mais coerente possível para outros. O critério partidário tem pouca importância para a grande maioria das pessoas, pois estes entes políticos se autodestroem com extrema facilidade.
Restam os critérios de conveniência e oportunidade. Cada eleitor monta sua própria estratégia de defender seus interesses. Por isso é muito natural que antigos golpistas sejam chamados de bons companheiros, traidores e traídos se confraternizem e se perdoem mutuamente, homossexuais apoiem homofóbicos, ateus demonstrem plena confiança em fundamentalistas religiosos e até que o rincho de um jumento seja interpretado como um discurso codificado.
Cada coligação e cada palanque tem um pouco disso, com raríssimas exceções. Se as coligações são feitas assim e se os candidatos agem assim nos palanques, porque cobrar outro modo de agir dos eleitores? O eleitor que define seu voto por critérios familiares, religiosos, ideológicos, pessoais, por expectativa de benefício pessoal, etc, está não só exercendo seus direitos, mas demonstrando que aprendeu alguma coisa com seus representantes. Tanto os candidatos como os eleitores sabem justificar suas escolhas.
Se isso é lamentável por muitos aspectos, deve ser estudado como uma realidade e não condenado como uma atitude imoral ou resultado de ignorância. Nesse quesito de escolha eleitoral, da montagem das chapas a definição dos votos, existem muitos doutores e analfabetos adotando o mesmo comportamento.