De novo ela que veio no céu dessa noite. Havia paz no campo, silêncio, raros sons de cães e vagos ruídos de pessoas na distância. Um mundo, uma lua nesse longo espaço infinito. As poucas horas onde o véu dos dias percorre a vastidão, desses momentos se busca a si seres perdidos entre pedras e pirilampos. Poucos, talvez, encontrem o que tanto aqui viemos buscar. Quais Ulisses perdidos num mar de sereias aos milhões, multidões, que lhe arrancam da alma os derradeiros instantes aonde pudesse descobrir o destino, a Salvação, e aceitar de bom grado perder o jogo de claro/escuro pelas veredas iguais. Bem isto, os humanos, experiências de compreensão inacabada. Circunstâncias fortuitas nesse jogo de apostas em que jogam o sentido das veias adentro, e aceitam de bom grado a emoção das pelejas.
Fora disso, persistem as interrogações a que vieram responder. Uma vez sem respostas individuais, todos desvendam do mistério a maneira de dormir de olhos abertos na face do abismo das horas inevitáveis. Chances nesse vai-e-vem de saudades e sonhos, e mergulham nos mares. Misto de pensamentos, palavras e sentimentos, adoçam de pretensa liberdade o que lhes resta fazer, e faz. Todos que seguem rumo ao Sol.
Ao longe, uma voz melodiosa dos segredos em movimento pelos corredores do Tempo, justo dessa vontade insistente de achar a porta do labirinto que percorre sem cessar. E as luas, neste céu imenso, apenas sussurram desejos de vencer deles o padecimento. Revelar as lâminas do coração na festa de existir. Olhos bem abertos, no entanto, dizem tudo o que segue a brisa e vira mera cinza de passados inertes nas vias dos futuros inexistentes. Nós, pequeninos seres de nós mesmos em longas histórias sem fim. Enquanto há, no céu, uma linda Lua crescente.