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Idolatria

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São passados 50 anos desde os tempos apocalípticos de 1968, a estação final dos sonhos livres da minha geração. Acordávamos ali, prematuros, de infância tardia, em pleno campo de batalha do totalitarismo. Nada seria como antes de quando acreditávamos na inocência original das gerações e seus impulsos. É proibido proibir, gritavam os líderes da Primavera de Paris. Outros eles, no entanto, os ditadores, estavam mais vivos do que imagináramos. Nisso, aí estão em pleno furor, dotados das melhoras máquinas e determinando seus valores arcaicos quais novidades, nos mesmos índices forjados nas estatísticas artificiais dos laboratórios escondidos.

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Prováramos o que, naquilo tudo?! Que a Terra é redonda, achatada nos polos e que gira no espaço feito laranjas azuis?! Seremos só autores das novas experiências que passam ou serão eliminadas quando incendiarem as outras bibliotecas de Alexandria que restem?! O que mudou e o que mudaram? Que olhos nos veem de longe, conquistadores das rotinas financeiras, apenas senhores da sobrevivência carnal?

Foram épocas tão difíceis quantas as que largaram no espaço adentro em formato de flores metálicas nos filmes dos desencantos. As gerações tais perdidas. Os ventos que sopravam a paz que ainda não veio. Os versos e as canções de saudades, de amizade, dos momentos bons de felicidade, os desejos, as dúvidas, as indefinições. Os ideais maiores adormecidos na raça.

A propósito, outro dia recebi mensagem de uma amiga que, no mínimo, perguntava o que seremos de nós ao término das interrogações que persistem. Ela disse: É que a alienação atual, a indiferença diante da covardia, da injustiça, vendo nossos jovens serem torturados e humilhados, serem cobrados, bandidos, será? A indiferença perante a evidência, o silêncio, onde estão todos, acomodados na sua conveniência. Levantem, vamos!!! Indignados.

Emerson, não quero seu poema singelo. Quero que escute, veja, lute. Esqueceu as dores, mesmo não sendo na nossa casa, nossos filhos. Somos irmãos. Se encontre comigo. Pieguice neste sistema atual. Hoje são jovens que torturam e são torturados.

E pouco antes ela havia postado uma estampa com o retrato de Mahatma Gandhi e a frase dele: O fraco jamais perdoa. O perdão é uma das características do forte.

Assim, mediante tais cogitações, que fazer, então, senão lembrar as lutas de 1968, o ano que nunca haverá de terminar, pois, enquanto durar a indiferença de tantos e a atitude de tão poucos.

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