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A doença e o doente

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Imagem: Divulgação – Frase ; Autor anônimo

Vamos dar uma pausa nos temas abordados ultimamente, para voltarmos a falar das questões que envolvem saúde e doença no homem na atualidade. Por sermos tão envolvidos nas questões materiais, esquecemos de nos vermos como seres espirituais. Me propus, inicialmente, nesta coluna, abordar questões que envolvessem o ser humano e sua espiritualidade, com ênfase na saúde ou doença, dependendo do ponto de vista de cada um.

Como nada no universo está desconectado, os temas que envolvem saúde espiritualidade, serão sempre muito atuais. Afirmo isso, pois principalmente nós, ocidentais, em função de nossa cultura, na grande maioria da população, o que vale é a Religião. Ou seja, sou vinculado a uma determinada religião, faço meus rituais conforme são orientados por essa religião, e não tenho, na maioria das vezes, a preocupação de ligar, popularmente falando, “lé com cré”. Ou seja, será que já parei para pensar que todas palavras ditas, no Evangelho ou na Bíblia, são intimamente ligadas com meu dia a dia, e o que lá foi escrito pelos evangelistas tem algo mais que posso observar para que melhore minha qualidade de vida?

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A espiritualidade é muito mais ampla, e nós, como seres espirituais, precisamos nos aprofundar mais nas questões que envolvem os ensinamentos da divindade, em qualquer forma que se apresente, além de assistir à missa, ao culto, fazer jejum, recitar nossos mantras ou fazer nossas promessas aos santos. Estas, inclusive eu chamo de negociação com os santos: olha, vou passar três meses sem tomar Coca-Cola que é a bebida que “amo de paixão”, e, em troca, você irá me proporcionar tal benefício. Será isso mesmo?

E com relação as doenças? Mesmo antes da pandemia já encontrávamos uma população que procurava os hospitais com problemas de saúde que, na grande maioria das vezes, os médicos já chamaram de “virose”. Você chega ao hospital, já existe um protocolo a ser seguido, assim como a medicação a ser tomada. Faz-se exame de sangue, toma-se um medicamento para dor diluído em um soro, logo em seguida o paciente é liberado.

Mas por que será que estamos adoecendo tanto, ou somos realmente doentes?

São coisas diferentes: “o ser humano está doente” ou ele fica doente? Quero deixar claro que este artigo e minhas posições não condenam nenhum tratamento da medicina convencional, muito pelo contrário, por entender que, como seres espirituais, possuímos outros corpos, e que cada um deles precisa de um tipo de tratamento. O tratamento espiritual cabe ao corpo espiritual, e ao corpo físico o tratamento terreno. Nosso objetivo é apenas dar ao leitor a oportunidade de procurar se aprofundar um pouco mais neste “ser” que sustenta um corpo material, um corpo perispiritual ou perispírito e, ainda, um outro corpo que eu não havia apresentado em nenhum artigo, mas que já estamos amadurecidos o suficiente para conhecermos. Um outro que interfere em nossa saúde/doença – nosso corpo mental. Para os espiritualistas ou filósofos esse corpo não é desconhecido.

A doença para a medicina convencional é vista como um “distúrbio” do estado natural da saúde, e consequentemente o quanto mais rápido cura-se o distúrbio, menor a possibilidade da doença tomar conta do doente. Para a medicina natural, ou dita complementar, a doença é muito mais do que uma mera disfunção fisiológica. Ela faz parte do sistema de controle total que no momento atual se destina a estimular a nossa evolução.

Não se trata de deixar que a doença se torne nossa companheira diária, no entanto, se estamos adoecendo, precisamos descobrir o que estamos fazendo para que o “sinal” de alerta chegue em nós de forma, muitas vezes, bastante dolorosa. Importante salientar que a doença não poderá ser vista como uma punição, mas como regeneradora.

Edgar Hein autor do livro “A doença como oportunidade”, diz que
”devemos nos livrar, então de toda ilusão de que se pode evitar ou talvez, quem sabe, eliminar a doença. Como seres humanos estamos predispostos aos conflitos e, por isso mesmo, também ficamos doentes.”(Dethlefsen e Dahlke, 1997, pag. 58)

A doença faz parte da saúde, assim como a morte faz parte da vida. São palavras duras, eu sei, mas por mais cruel que pareçam é a verdade e dela não podemos nos livrar. Viver não é tão simples, sabemos disso. Em um artigo anterior falamos de desilusões. Precisamos aprender a não termos ilusões. Ou seja, precisamos ser conscientes e aprendermos a ver a vida sob um novo olhar. Lembrar que aprendemos a conviver com a verdade quando as ilusões são retiradas de nossa vida. E quando aprendemos a viver com ela, podemos nos tornar mais compreensivos, mais amigos, mais verdadeiros na verdade. Parece até pleonasmo, mas quando confiamos em alguém é porque acreditamos que não estamos sendo enganados.

Com a doença acontece a mesma coisa. Ela é honesta demais conosco para que não lhe dediquemos o nosso amor! Não, não estou ficando doida. Precisamos amar a doença que chega em nós. Pois ela irá nos lembrar que estamos precisando rever nossos conceitos, nossas atitudes e modo de vida. Seja o alimento contaminado por todo tipo de agrotóxico e conservantes que são colocados à nossa disposição nas prateleiras dos supermercados, seja a depressão que chega por que não tive forças nem estava preparado para suportar as pressões que a vida nos apresentou, ou ainda, o vazio existencial que vive em mim. Ou seja, agindo com amor e enfrentando a verdade, vamos procurar em nós a razão de nossa doença, e não buscaremos culpados para ela.

Não existe um culpado externo para isso, eu sou o responsável por todas as coisas boas e ruins que me acontecem. Ou seja, se me permito ser envolvido ou que outros me envolvam em certos atos e, esses resultam em algum mal, fui eu que permitiu tudo isso. Voltando ao início do texto falei de nossos corpos e dos doentes que estamos nos transformando. Falamos do desequilíbrio, das desilusões, e de nossa ligação com a divindade. Essa, deixei para falar agora.

Mas qual a ligação dessa, com as doenças?” você deve estar se perguntando.
Sim, tem tudo a ver. Tudo que fazemos a nós mesmos e aos outros, causa uma reação em nós. É o que física chama de Lei de Causa e Efeito. Nós já falamos disso também. Enquanto estivermos ligados as coisas materiais com foco no acúmulo de riqueza, enquanto estivermos alimentando nosso corpo com ódio, egoísmo e avareza, nosso corpo estará sendo bombardeado. Ou seja, está adoecendo.

Algumas correntes filosóficas e religiosas, afirmavam que após a pandemia, o homem se tornaria um ser melhor. Me parece que isso não aconteceu. Ficamos reclusos em casa, mas não fizemos o nosso dever proposto indiretamente pela espiritualidade: olhar para dentro de nós, tivemos tempo para fazer isso, não fizemos. Me parece, que de tanto se pensar na doença sem procurar a causa dela, o homem se tornou pior. Criou mais ódio, mais ganância e mais orgulho. Não deu outra: os hospitais estão cheios, os sinais de desequilíbrio emocional estão aparecendo em qualquer um, inclusive as crianças.

Vou contar uma historinha. Gosto delas.

Um asceta estava meditando em uma caverna. De repente, um rato entrou e deu uma mordida em sua sandália. Aborrecido, o asceta abriu os olhos.
– Por que você está perturbando a minha meditação?
– Estou com fome – guinchou o rato.
– Vá embora, rato louco – pregou o asceta. – Estou procurando a união com Deus. Como se atreve a me perturbar?
– Como espera tornar-se um com Deus – perguntou o rato – se nem mesmo consegue tornar-se um comigo?

Estamos buscando a união com Deus, mas não compreendemos que Ele está em nós, e não O estamos encontrando. Estou, na verdade, buscando o culpado para meus desequilíbrios, minhas doenças e tudo que me envolve. Me acostumei a encontrar um culpado para tudo, mas esse culpado está fora de mim. Nunca me ocorreu que esse culpado sou eu! Porque olhar pra dentro de nós é uma caminhada muito profunda e as vezes bastante desagradável.

Ah! E o corpo Mental que tem a ver com essa história? Ele é o eu profundo ou o psiquismo puro, em dimensão superior àquela que se manifesta o psicossoma. “É o corpo ou o veículo superior de que se reveste a individualidade eterna e onde se processa o raciocínio puro, elaborado, e de onde procede, igualmente, a formação dos outros corpos inferiores, através dos quais se manifesta o espírito no mundo das formas”. Nele se processa o resultado da “minha alimentação”.

Mas se você não acessou nem seu próprio corpo material, ou não descobriu que como espírito imortal, você é, e será, responsável por todas suas ações, precisamos falar desse corpo em uma outra oportunidade quando você refletir sobre todas essas questões aqui colocadas.

“Vós sois Deus”, disse Jesus. O que fizemos com ele? O escondemos ou o colocamos em uma fila que está na frente, o ódio, o egoísmo, o rancor, a falta de caridade, dignidade, ética e mais: a prioridade de descobrir quem é culpado pela vida e pelas doenças que carrego? Pense nisso!

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