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A busca do corpo que não envelhece

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Alguns temas que abordo neste espaço podem até parecer que são repetitivos, mas a nessa abordagem trago uma nova reflexão. Neste mundo tão carente de atenção e reflexão sobre nós mesmos, precisamos parar um pouco para repensarmos nossas relações de cuidado com o corpo e o medo do inevitável envelhecimento.

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Alguns autores e pesquisadores que escrevem sobre a sociologia do corpo, como por exemplo David Le Breton, fala do duplo sentimento de envelhecer: a consciência de si e do corpo que inevitavelmente muda e a apreciação cultural.

Vicente Caradec fala do envelhecimento sentido pelo corpo, pela diminuição da capacidade física e mudanças na aparência.

Já nos referimos nesta coluna a respeito de algumas estatísticas no Brasil, um país que convive intensamente com o fenômeno do envelhecimento e passa por uma transição demográfica já que a população vive mais e a taxa de natalidade diminui. Sabendo que o processo de envelhecimento é percebido “como um momento de declínio e de perda de atributos socialmente valorizados”.

Para tentar mudar essa realidade muitos recorrem a tudo que a mídia e a medicina apresentam como forma de retardar os sinais do envelhecimento.

 Sabemos a importância de nosso corpo como instrumento para desenvolvermos nossas atividades e, espiritualmente falando, precisamos cuidar de nosso corpo para que possamos desempenhar nossa missão visando o crescimento espiritual.

A literatura espírita, por exemplo, fala que precisamos cuidar de nosso corpo, assim como de nossa alma.

É evidente, que se adoecemos, e a ciência apresenta condições de cuidar de nosso bem estar, seja através de procedimentos cirúrgicos ou medicamentosos, por que não lançarmos mão de tudo que está colocado à nossa disposição, para que nosso corpo possa nos dar as condições necessárias às realizações colocadas anteriormente?

Le Breton fala ainda que o corpo é o vetor semântico pelo qual a evidência da relação com o mundo é construída. É através do corpo que expressamos os sentimentos, cerimoniais de ritos de interação, conjunto de gestos e mímicas, produção da aparência, jogos sutis da sedução, técnicas do corpo, exercício físicos, relação com a dor, com o sofrimento e, sem nos esquecer, também com a alegria.

A própria sociologia, como a própria sociedade, tem imposto valores e símbolos a serem seguidos, que chegamos a pensar que a alegria e a convivência com seu corpo, até certo ponto da vida é prazerosa, depois parece ser um grande pesadelo. Assim, como quem carrega um grande fardo, por algum tempo, não sente seu peso, depois….

Trago neste artigo alguns dados ao meu ver interessantes, resultantes de uma pesquisa feita por Beatrice Cavalcante Limoeiro publicada em 2016, realizada no Rio de Janeiro com 1600 pessoas de várias faixas etárias. Realmente, um número bem significativo. Dentre os vários aspectos abordados, mais surpreendeu a valorização que se dá ao “corpo esguio, magro, bem definido, malhado, trabalhado e sarado” deixando evidente, ser esse é o corpo desejado bom ambos o sexos.

A pesquisa aborda a preocupação com a velhice. E, ainda, segundo a pesquisadora, para 80% dos entrevistados:

(…) há uma desvantagem feminina em relação ao desgaste do corpo. Mulheres envelhecem pior do que os homens e essa diferença parece provocar maior preocupação com a aparência, já que as mulheres afirmam adotar mais hábitos e atitudes de cuidado com o corpo.

Já para os homens a preocupação com o envelhecimento está relacionado dentre outras coisas, com a impotência sexual.

A pesquisa é muito ampla, mas gostaria de enfatizar apenas estes dois aspectos e, para contrapor esses resultados, uma outra pesquisa feita por outra pesquisadora, Miryian Lins de Barros, que pesquisou mulheres acima de 60 anos, observou que as preocupações desta faixa etária, giram em torno de manter o controle de suas atividades e conservar certo grau de independência. Ter uma vida independente, ativa e saudável é muito mais importante de que tentar manter a beleza da juventude.

Finalmente, e infelizmente, apenas após os 60 anos, a mulher se preocupa com qualidade de vida e bem estar. Essa abordagem me causa um certo grau de preocupação no sentido que a sociedade está dando ao seu corpo e não ao seu “eu”. Me desculpem se minha análise é muito diferente do que mostram as pesquisas, mas estamos vivendo uma sociedade de pessoas que se preocupam em manter uma aparência de vida imaginada, não da vida real.

Essa forma de ser me faz lembrar que somos como árvores. Para quem não sabe, a cada ano que uma árvore vive, ela cria uma casca que a envolve e que a faz mais forte. Não posso deixar de fazer a comparação com este grande exemplo da natureza, da sábia Natureza. A árvore quando tem um grande diâmetro, significa que ela tem muitos anos de vida. Não estou associando o diâmetro da planta com o diâmetro de nosso corpo, mas estou associando a resistência que podemos ter com o passar dos anos, com a sabedoria que podemos adquirir com o passar do tempo.

A nossa beleza, pode deixar de ser física e ser observada pela nossa cultura, nossas experiencias vividas. E assim como uma velha árvore que é cortada, várias outras plantinhas surgem ao seu redor, suas filhas e netas, que também passarão pelo mesmo processo de aprendizado e de acúmulo de sabedoria.

Todas essas questões que aqui estou evidenciando, são meu jeito de trazer um pouco do que penso em fazermos para nos tornarmos um pouco mais felizes.

Mesmo acreditando no que Jesus disse: “a felicidade não deste mundo”, ainda podemos tornar nossas vidas mais leves, e que tenham mais significados para nós mesmos. A felicidade verdadeira, a que o Cristo se referia pode não ser desse mundo, mas nós temos aqui nesse planeta a nossa felicidade também, e temos direito, sim, a ela.

Os padrões que a sociedade nos impõe, quase como norma, para alguns se torna, de fato, uma norma. Passam a viver guiados pelo objetivo de fazer de nosso corpo algo para ser usado, apresentado ou até mesmo servir como objeto de barganha para uma vida de uma falsa felicidade e poucos valores éticos e morais.

O mundo está cada vez mais cruel, ou seja, o homem está se tornando cruel, insensível, vendável e desumano, e muito mais infeliz.

Nossas crianças estão sendo criadas com o padrão imposto pela sociedade, onde o ter – o homem material, é mais importante que o homem espiritual – o ser, e ao elegermos essa segunda opção, nos tornamos seres que valoriza mais a vida simples, mas repleta de valores, de amor e de respeito humano. Precisamos voltar a acreditar no homem que se preocupa com seu semelhante, que o amor entre casais possa ser despertado não só por possuírem belos corpos, mas por serem pessoas que trazem em suas almas a vivencia da conexão com o universo.

Que a sabedoria dos mais velhos possa se sobrepor as rugas no rosto, que as mãos e os corpos desgastados pelo tempo sejam respeitados, porque ali moram valores e vivências que apesar de individuais, podem contribuir com o coletivo.

Que as famílias possam viver sem as traições, que homens e mulheres possam se amar até o fim de seus dias, porque o que os uniu não foi a beleza dos corpos, mas a beleza da alma, e esta não envelhece, apenas se aperfeiçoa, assim como a beleza da floresta e de todos os seres da natureza.

É evidente que precisamos ter bens e recursos para uma vida de conforto e que possamos usar nossos recursos para sentirmos que podemos, em nossa velhice, termos segurança. Mas que não nos deixemos ser simplesmente objetos de desejo, por pouco tempo, de alguns, e depois que sejamos descartados, como se não fossemos humanos.

Precisamos voltar a acreditar que podemos confiar nas pessoas, pois somos imagens e semelhança de nosso Criador. E como estamos na semana que se relembra os sacrifícios do filho de Deus, para nos ensinar a amar, que aprendamos a vivenciar o verdadeiro amor. Que o sexo e corpo sejam belos e prazerosos, mas vividos com responsabilidade, afetividade e completude de essência, que não sejamos escravos de padrões impostos por uma sociedade egoísta e infeliz, que se permitirmos, faz de nós e de todos ao nosso redor, pessoas completamente infelizes.

Sejamos luz, sejamos humanos!

 

Fonte video:Texto: Mario Quintana – Musica: Flowers forlhe beautifel (Ernesto Cortazar) – Formatação- Amélia Soares – ameliasoares [email protected]

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