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Quando o Destino Cruza a História

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A cidade de Fortaleza é guardiã das maiores construções da cultura e da literatura cearense. A Casa de Juvenal Galeno e o Palácio da Luz formam e refletem beleza, cultura e política nos seus espaços, nas suas paredes e na memória coletiva do povo cearense. Nas minhas inúmeras pesquisas acabei deparando-me com a estreita ligação que as duas casas têm com o Município de Lavras da Mangabeira, tanto do ponto de vista histórico, como no político e literário.

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Foto: Casa Juvenal-Agência da Boa Notícia Foto: Palácio da Luz –Diário do Nordeste.

Para orgulho dos lavrenses e da Academia Lavrense de Letras duas grandes escritoras e membros do nosso Sodalício, são também, membros da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno e presidentes. São elas: Neide Freire (In Memorian) e Fátima Lemos. Mulheres que muito orgulham a nossa terra pela competência e dinamismo, além do poder de síntese e organização.

No dia 21 de novembro de 2021 tive a oportunidade de participar do lançamento da Revista Jangada, uma Edição Especial alusiva aos 85 anos de fundação da Ala, e Fátima Lemos, sua atual presidente, com muita aptidão trabalhou incansavelmente para sua realização.

Foram dias de navegação na busca de antigos e novos tripulantes e jangadeiros que encarassem a viagem nessa velha embarcação, pois, sozinha a nau não alcançaria o porto. Fomos suas marinheiras a remar uma jangada há muito ancorada no cais, disse Fatima Lemos no seu discurso de lançamento.

Fotos: Divulgação

Enfrentando tempestades, maremotos e driblando os piratas que a nossa jangadeira atravessou muitas ondas e superou desafios, finalmente, Fátima Lemos pisou em terra firme, trazendo com ela um samburá de textos das mais diversas águas e das mais variadas espécies. Reunindo tudo lançou nas páginas da Jangada construída por Henriqueta Galeno e hoje conduzida por ela.

Essa mesma Jangada um dia aportou nas margens do Rio Salgado, mais precisamente em Lavras da Mangabeira, nos idos de 1930, lá desembarcou o Juiz de Direito Dr. Antônio Galeno, filho do grande construtor da Jangada: Juvenal Galeno, e naquelas terras desempenhou com competência e brilhantismo a sua magistratura frente à Comarca daquele município, aonde veio a falecer em 1939, seus restos mortais repousam em paz no Cemitério Público de Lavras.

Conduzido pelo caminho da história, seja por terra ou por água, o Palácio da Luz, foi palco dos movimentos pró-independência do Brasil; em 1822, quando o lugar foi tomado pelos caririenses em 1823, instalando ali o Governo Temporário, tendo como Presidente José Pereira Filgueiras, e o lavrense Padre José Joaquim Xavier Sobreira como Procurador Geral da Província e membro do Governo Temporário.

Outro importante e significativo episódio envolvendo o Palácio da Luz, o Cariri cearense e Lavras da Mangabeira, foi à invasão da sede do governo do Ceará, em 1914, quando os coronéis caririrenses insatisfeitos com o governo de Franco Rabelo, se reuniram e liderados pelo Padre Cicero Romão Batista seguiram para capital cearense e invadiu a sede do governo sob o comandado do lavrense Cel. Gustavo Augusto Lima, as tropas sediciosas adentraram no Palácio da Luz, e depois da derrubada de Franco Rabelo do poder, o cel. Gustavo instalou as colunas no piso inferior do palácio, e, em seguida tornou-se o primeiro Vice-Governador do Estado.

Mais uma vez o destino cruza a história, e, em 1960, o antigo e belo palácio deixou de ser a sede do governo, passando a funcionar órgãos públicos do estado; e por ironia do destino, em 1989, o prédio é cedido e passa a ser a sede da intelectualidade cearense; naqueles salões com varandas voltadas a Praça General Tibúrcio, a Academia Cearense de Letras ocupa privilegiado espaço no centro da capital cearense, tão privilegiado quanto seu pioneirismo. Foi à primeira Academia de Letras fundada no Brasil, antes mesmo da Academia Brasileira de Letras. Aliás, foi o pioneirismo do nosso povo que acabou rendendo excelentes frutos para a nossa História.

Mais uma vez o Município de Lavras da Mangabeira encontra espaço nas letras e na intelectualidade do Ceará, pois, oito lavrenses tomaram assentos na Academia Cearense de Letras. São eles: Joel Linhares, Josafá Linhares, Filgueiras Lima, João Clímaco Bezerra, Joaryvar Macedo, Linhares Filho, Batista de Lima e Dimas Macedo, e, da Academia Cearense de Letras saíram para a Brasileira, oito cearenses que mostraram ao Brasil o tamanho da inteligência produzida em terras cearenses, sem esquecer que foi Raquel de Queiroz a primeira mulher a tomar assento na Academia Brasileira de Letras.

Ousadia, coragem e pioneirismo são marcas registradas do nosso povo. Foi assim com a libertação dos escravos, a criação da primeira Secretaria de Cultura dos Estados brasileiros, antes mesmo da criação do Ministério da Cultura, o Ceará já tinha sua Secretaria de Cultura; foi também por causas libertárias que Dona Barbara de Alencar foi à primeira presa política do Brasil, mulher que ao lado dos seus filhos lutou bravamente na Revolução Pernambucana, movimento separatista ocorrido em 1817, sendo a Vila do Crato a primeira a proclamar a república.

O homem com seus ideais criam os fatos, o destino trata de cruza-los e o tempo como o senhor do destino tudo registra e o povo eterniza na memória coletiva e nas páginas dos livros.

Viva o povo cearense!

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